🔴 E-BOOK GRATUITO: AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DE ONDE INVESTIR EM 2025 BAIXE AGORA

Tony Volpon: 2025, o ano Trump

A “excepcionalidade americana” deve continuar e ter novo impulso com a vitória de Trump

2 de dezembro de 2024
20:00 - atualizado às 14:55
Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos (EUA).
Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos (EUA). - Imagem: Official White House/Tia Dufour

O grande evento político do ano para a economia global, a eleição americana, passou com uma vitória decisiva de Donald Trump, assegurando também o controle das duas casas legislativas.

Como já discutimos em colunas anteriores, sua vitória implicaria uma sequência de choques para os mercados, e assim muito do que devemos esperar no ano novo se deve ao que será a política econômica do novo governo.

Como alguém muito perspicaz disse, “don’t take Trump literally but take him seriously”, ou “não leve Trump literalmente, mas leve-o a sério”.

Assim, quando ele durante a campanha promete aplicar uma tarifa global de 20% sobre todas as importações, ou uma tarifa de 60% sobre todas as importações chinesas, o que devemos esperar?

Trump 2.0 na prática

Essa incerteza ronda todos os cenários sendo desenhados pelos analistas que, em geral, têm concluído que devemos sim ver uma nova rodada de restrições comerciais e migratórias, mas não nos níveis anunciados durante a campanha. 

Isso porque a imposição de tarifas nos níveis discutidos durante a campanha representaria um enorme choque negativo de oferta para a economia americana, elevando fortemente a inflação e derrubando o crescimento. O banco UBS, por exemplo, acredita que uma tarifa global de 10% por parte dos EUA tiraria um ponto percentual do crescimento global.

Leia Também

Por isso, a indicação de Scott Bessent como secretário do Tesouro é tão importante. Tendo trabalhado muitos anos com George Soros (que, ironicamente, é um dos mais importantes apoiadores financeiros do partido Democrata), Bessent tem vasta experiência em macroeconomia e, o que será vital para o governo Trump, os mercados globais de renda fixa.

Bessent já defendeu que tarifas devem ser em um primeiro momento uma estratégia de negociação, e que Trump tem ciência da impopularidade política de qualquer alta da inflação. Ele também tem defendido uma versão do programa de “3 flechas” do ex-premiê japonês Shinzo Abe, tendo como metas crescimento econômico de 3%; um déficit nominal fiscal de 3% (neste momento ele está ao redor de 6,5%); e um aumento na produção diária de petróleo em 3 milhões de barris.

Agora, em função dessa nomeação, não se deve esperar que haja alguma “normalização” da política econômica de Trump. O máximo que se deve esperar é uma execução mais cuidadosa e uma melhor apreciação dos custos e riscos das medidas propostas durante a campanha.

Campo minado para Trump

Como fica o cenário para 2025? Primeiro, consideramos que a economia americana está indo muito bem: o crescimento econômico deve fechar o ano ao redor de 2,5% – lembrando que o consenso dos analistas para esse ano em julho estava perto de 0,5%.

Na questão da inflação houve notável progresso, mas ainda temos uma inflação (núcleo do PCE) perto de 3%, mas com alguma esperança que a normalização baixista da computação da inflação de aluguéis, que ainda está atrasada em relação a dados do mercado, e a plena ancoragem das expectativas, apontam para uma convergência para a meta de 2% durante os próximos anos.

Olhando para as promessas da campanha vemos dois fatores antagônicos na questão do crescimento, mas alinhados na questão da inflação.

Aumentos tarifários e restrições migratórias podem ser tratados como um choque negativo de oferta, elevando a inflação e derrubando o crescimento. Desregulação e cortes de impostos aumentam a demanda agregada, elevando tanto o crescimento como a inflação.

Várias análises feitas sobre a primeira “guerra comercial” de Trump entre 2017 e 2018 mostram que o impacto da alta nas tarifas tem uma defasagem de 2 a 3 trimestres, enquanto a alta da demanda agregada, pela antecipação dos mercados financeiros (vide a alta das bolsas desde a eleição) já tem um impacto mais imediato.

Assim, um cenário provável seria um 2025 sobreaquecido, com crescimento perto dos níveis atuais, com um 2026 mais comedido, impactado pelos choques de oferta negativos e a perda de força dos choques positivos fiscais e das condições financeiras.

Tal cenário colocaria o Fed em uma situação difícil, com o choque positivo de demanda sustentando a inflação em um primeiro momento, com pouco alívio ao longo do tempo com a entrada dos efeitos dos choques de oferta.

Isso dito, tudo indica que o Fed está operando uma função de reação bastante assimétrica, aceitando uma inflação entre 2-3%, mas com o dedo no gatilho, caso haja qualquer ameaça de recessão – devemos lembrar que em 2018 Powell baixou os juros no meio da guerra comercial, e que a “boa prática” dentro do sistema de metas é de acomodar choques de oferta se as expectativas estiverem bem ancoradas.

Ainda haveria espaço para cortes adicionais do fed funds em 2025, mas tudo indica que a economia americana ainda opera com uma taxa de juros neutra mais elevada. Outro fator que pode potencialmente elevar a taxa neutra de longo prazo seria a agenda de desregulação sendo capitaneada por Elon Musk e Vivek Ramaswamy, algo que deve ter limitado impacto fiscal, mas pode elevar a produtividade da economia.

Cenário global com a vitória republicana

Há um caloroso debate sobre como a vitória de Trump e sua agenda econômica vai afetar os mercados. Com o S&P 500 já subindo 31% no último ano, várias casas estão argumentando que pelo menos alguma parte dos prováveis efeitos positivos já foram antecipados na recente valorização das bolsas. Mas ninguém neste momento está tendo a coragem de prever retornos negativos para 2025. Os mais otimistas acreditam que, com os impactos da difusão da Inteligência Artificial e agenda de desregulação, a economia americana pode voltar a ter um crescimento mais perto dos anos 90.

Nos mercados de câmbio global é esperado “mais do mesmo”, com o dólar mantendo sua potência de atração dos fluxos de capitais não somente pela força da economia americana, mas a debilidade dos concorrentes.

A Europa continua a ser uma economia sem dinamismo, com a Alemanha em plena crise econômica e política. Um possível acordo de cessar-fogo na guerra Ucraniana pode ser um choque positivo no próximo ano.

Apesar do último pacote de medidas fiscais, as perspectivas para a economia chinesa continuam sombrias, e uma nova guerra comercial deve colocar pressão adicional sobre o renminbi, o debate atual também sendo quanto disso já foi antecipado pelos mercados.

Em resumo, a “excepcionalidade americana” deve continuar e ter novo impulso com a vitória de Trump. O mercado já precificou os efeitos de suas propostas, pelo menos em parte. Entrando no ano novo, investidores ficarão atentos à capacidade de execução e a quaisquer sinais de radicalização da agenda. Sabendo o que será executado de fato, seja a versão “light” ou “hard” da agenda econômica, o mercado julgará a intensidade dos choques de oferta, e quanto isso vai cobrar do crescimento econômico em 2026.

*Tony Volpon é economista e ex-diretor do Banco Central

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Metralhadora giratória: Ibovespa reage às primeiras medidas de Trump com volta do pregão em Nova York

21 de janeiro de 2025 - 8:18

Investidores ainda tentam mensurar os efeitos do retorno de Trump à Casa Branca agora que a retórica começa a se converter em ações práticas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Donald Trump 2T1E: Ibovespa começa semana repercutindo troca de governo nos EUA; BC intervém no dólar pela primeira vez em 2025

20 de janeiro de 2025 - 7:48

Enquanto mercados reagem à posse de Trump, Banco Central vende US$ 2 bilhões em dois leilões de linha programados para hoje

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: reunião do CMN e prévia da inflação se destacam no Brasil, na semana em que Trump retorna à Casa Branca

20 de janeiro de 2025 - 7:01

A semana ainda reserva política monetária no Japão e indicadores econômicos europeus e dos Estados Unidos.

SD ENTREVISTA

Trump 2.0 será “imparável em uma extensão que nunca vimos antes”, diz presidente da Eurasia

20 de janeiro de 2025 - 6:03

O republicano toma posse nesta segunda-feira (20). O Seu Dinheiro conversou com o cientista político e presidente da Eurasia, Ian Bremmer, sobre essa volta à Casa Branca, e ele deu pistas do que vem por aí.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Entre a paciência e a ansiedade: Ibovespa se prepara para posse de Trump enquanto investidores reagem a PIB da China

17 de janeiro de 2025 - 8:15

Bolsas internacionais amanhecem em leve alta depois de resultado melhor que o esperado da economia chinesa no quarto trimestre de 2024

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A Nova Zelândia é aqui: Ibovespa tenta manter recuperação em dia de IBC-Br e varejo nos EUA depois de subir quase 3%

16 de janeiro de 2025 - 8:02

Enquanto a temporada de balanços começa em Wall Street, os investidores buscam sinais de desaquecimento econômico no Brasil e nos EUA

RENDA FIXA

Onde investir 2025: o ano da renda fixa? Onde estão as oportunidades (e os riscos) no Tesouro Direto e no crédito privado com a Selic em alta

15 de janeiro de 2025 - 14:00

Com risco fiscal elevado e cenário externo desfavorável, 2025 exige conservadorismo e proteção contra a inflação; saiba quais títulos públicos e privados comprar

O QUE MEXE COM OS MERCADOS HOJE

Agora vai? Ibovespa engata alta de mais de 2%  junto com Nova York e chega aos 122 mil pontos; dólar fecha em baixa de R$ 6,0252

15 de janeiro de 2025 - 13:04

Dados de inflação e da indústria nos EUA mexem com as bolsas aqui e lá fora, mas tem banco grande dizendo que a euforia pode ser exagerada; entenda os motivos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O Grand Slam do Seu Dinheiro: Vindo de duas leves altas, Ibovespa tenta manter momento em dia de inflação nos EUA

15 de janeiro de 2025 - 8:14

Além da inflação nos EUA, Ibovespa deve reagir a Livro Bege do Fed, dados sobre serviços e resultado do governo

MACRO E ESTRATÉGIA

Onde investir 2025: Inflação a 10% e dólar a R$ 10? O que pode salvar a economia enquanto o mercado se prepara para o pior

15 de janeiro de 2025 - 6:11

Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset, e Felipe Miranda, fundador e estrategista-chefe da Empiricus, revelam os riscos e oportunidades para o investidor neste ano

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Olha nos classificados: Depois da leve alta de ontem, Ibovespa se prepara para mais um dia difícil pela frente hoje

14 de janeiro de 2025 - 8:22

Petróleo acima dos US$ 80 e juros das Treasuries de 10 anos próximos de 5% mantêm pressão sobre os mercados financeiros internacionais

VISÃO DO GESTOR

BC terá de elevar Selic a níveis “extremamente elevados” ou admitir dominância fiscal, diz SPX

13 de janeiro de 2025 - 9:12

Caso o governo não adote novas medidas fiscais, o ajuste virá pela inflação, que vai aumentar “até que o estoque de dívida perca relevância”, diz a SPX

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tem certeza que nada presta? Ibovespa tenta recuperação em meio a dados fortes na China, prévia do PIB e inflação nos EUA

13 de janeiro de 2025 - 8:06

Além da agenda de indicadores, mercado já se prepara para o início da temporada de balanços nos Estados Unidos

TOUROS E URSOS #206

Nem Selic a 15% vai conseguir conter a inflação se a política fiscal não melhorar, diz economista-sênior da gestora de fortunas Julius Baer

11 de janeiro de 2025 - 8:01

No episódio da semana do Touros e Ursos, Gabriel Fongaro fala sobre as perspectivas para 2025

CARTA ABERTA

De Galípolo para Haddad (com amor?): a grande “vilã” do estouro da meta de inflação em 2024, segundo o BC

10 de janeiro de 2025 - 19:58

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de +0,39% para +0,52% na passagem de novembro para dezembro, fechando o ano passado em 4,83%

OS JUROS VÃO SUBIR?

O tombo das bolsas ao redor do mundo: por que o dado de emprego dos EUA fez as ações caírem, o dólar disparar e o mercado de dívida renovar máxima

10 de janeiro de 2025 - 13:46

Enquanto os investidores se reposicionam sobre o número de corte de juros pelo Fed este ano, já tem bancão dizendo que a autoridade monetária vai olhar para outro lugar

ALGUMA COISA ESTÁ FORA DA META

Uma cartinha para Haddad e Tebet: a herança de Campos Neto para Galípolo com o IPCA de 2024 fora da meta

10 de janeiro de 2025 - 10:59

IPCA acumulado em 2024 fechou em 4,83%, abaixo do que se esperava, mas acima do teto da meta de inflação estipulada pelo CMN

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Anatomia de uma fraude: Ibovespa aguarda IPCA e payroll nos EUA enquanto escândalo da Americanas completa 2 anos

10 de janeiro de 2025 - 8:10

Ibovespa acumula alta de pouco mais de 1% na primeira semana cheia de janeiro, mas resultado final dependerá dos indicadores previstos para hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Vai ficar só na ameaça? Ibovespa busca recuperação, mas feriado em Wall Street drena liquidez

9 de janeiro de 2025 - 8:02

Ibovespa tenta reaver a marca dos 120 mil pontos enquanto EUA se fecham em luto para o funeral de Jimmy Carter

SOBE E DESCE COM EMOÇÃO

A montanha-russa da bolsa: Ibovespa sob pressão, dólar em alta e Treasury na máxima — tudo o que mexeu com os mercados hoje

8 de janeiro de 2025 - 18:24

Aqui, o Ibovespa chegou a ter apenas seis dos 87 componentes da carteira teórica em alta; lá fora, o yield (rendimento) dos títulos do Tesouro norte-americano de 20 anos passaram de 5% pela primeira vez desde 2023

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar