Por que você deveria agradecer à queda desta ação na bolsa
Algumas vezes, quedas mal interpretadas de ações na bolsa podem gerar ótimas oportunidades pensando no longo prazo
Há algum tempo você está de olho em um apartamento que preenche todos os seus requisitos, com exceção de apenas um ponto.
O bairro é legal, próximo do seu trabalho e o condomínio tem todas as coisas que a sua família precisa. Mas o preço acima do seu orçamento impedia você de realizar o sonho.
Até que, no meio do ano passado, começaram a acontecer alguns eventos climáticos extremos. Enchentes e queda de árvores provocaram constantes interrupções de energia e problemas de trânsito nos arredores.
Em poucas semanas, alguns moradores começaram a ficar com medo de que isso continuasse a acontecer para sempre, e decidiram correr para a imobiliária anunciar seus apartamentos.
Como você deve saber, se muita gente começa a vender, os preços caem, e o apartamento que você estava de olho ficou 20% mais barato em questão de semanas!
- 10 ações para investir: veja a carteira recomendada da analista Larissa Quaresma, baixando este relatório gratuito.
Eu tenho certeza que você e quase todas as pessoas que estivessem nessa condição iriam encarar essa queda de preços como uma oportunidade imperdível, e ficariam mais propensas a comprar.
Leia Também
Mas por que, quando o assunto são as ações, as quedas provocam um sentimento oposto nas pessoas? Elas tendem a afugentar os investidores, ao invés de fazer eles enxergarem a situação como uma oportunidade.
Não era um apartamento
Como você deve suspeitar, o gráfico acima não retrata os preços de um apartamento, mas sim de uma ação: a SLC Agrícola (SLCE3).
Depois de anos muito bons para o agronegócio brasileiro, 2023 marcou uma reversão do sentimento.
Para começar, o preço da soja e do milho despencaram, reflexo de uma grande sobreoferta global, juros elevados ao redor do mundo e menores perspectivas de crescimento dos maiores países consumidores.
Isso atrapalhou as produtoras agrícolas de maneira geral, mas as brasileiras acabaram sofrendo ainda mais, por conta do clima extremamente quente no Centro-Oeste e bastante úmido no Sul do Brasil, ocasionados pelo El Niño.
Com sinais de quebra de safra já no início do período de plantio, investidores entraram no modo pânico e começaram a vender as ações.
E como as ações não são apartamentos, ao invés de ver ali uma oportunidade, investidores ficaram receosos com as quedas e deixaram SLCE3 largada.
LEIA TAMBÉM: Petrobras (PETR4) sem dividendos extraordinários: queda merecida ou oportunidade de compra?
Quando quedas de ações são oportunidades
É óbvio que nem todas as quedas podem ser encaradas como oportunidade, afinal de contas, algumas vezes isso acontece porque o negócio piorou mesmo.
Podemos conversar mais sobre "quedas que não são oportunidades" em uma próxima coluna, mas o que eu quero mostrar hoje é que, algumas vezes, quedas mal interpretadas podem gerar ótimas oportunidades pensando no longo prazo, desde que a qualidade da empresa continue intacta, e os resultados não demorem tanto tempo para voltar à normalidade.
O caso da SLC parece se encaixar perfeitamente na categoria "quedas que geram oportunidade".
A meu ver, estamos falando da melhor empresa do agronegócio brasileiro, com longo histórico de geração de valor para os acionistas – a valorização da ação muito acima do Ibovespa mostra isso.
Sim, os resultados recentes pioraram, mas foi por conta da queda do preço dos grãos e da produtividade em função das ondas de calor, não por uma piora na qualidade da gestão.
Se a qualidade da companhia parece intacta, temos que tentar entender se vai demorar tanto tempo assim para que os resultados se recuperem.
- [Carteira recomendada] 10 ações brasileiras para investir agora e buscar lucros – baixe o relatório gratuito
Mais perto do topo do ciclo ou do fundo?
Antes de mais nada, é importante deixar claro que estamos falando de preços de commodities, que são impossíveis de se prever.
Mas o simples fato de tentar entender se estamos mais próximos do fundo ou do topo do ciclo já pode ajudar bastante.
Como qualquer outra commodity, os grãos dependem do cenário de oferta e demanda, e, apesar de a perspectiva de sobreoferta ainda atrapalhar, alguns fatores podem começar a reduzir essa estimativa.
Para começar, preços menores tendem a inibir o crescimento da produção futura, o que deveria ajudar a ajustar a balança de oferta e demanda.
Além disso, as quebras de safra no Brasil e a crescente possibilidade de um La Niña no segundo semestre deste ano (que afeta grandes regiões produtoras, como Argentina, Sul do Brasil e Estados Unidos) podem jogar essa sobreoferta ainda mais para baixo.
Há ainda um aspecto técnico importante: a posição vendida (short) de grandes fundos de trading está próxima das máximas da última década, o que mostra que já há bastante pessimismo nesse momento e abre espaço para surpresas positivas.
Nas últimas semanas, temos visto até uma pequena recuperação dos preços da soja e do milho.
Obviamente, isso não quer dizer que eles chegaram ao fundo do poço, mas há sinais de que estamos mais próximos do fundo, e uma reversão de preços deveria ajudar a SLC.
E se estivermos errados?
Obviamente, podemos estar errados e a sobreoferta continuar pesando sobre os preços. E aqui entram os aspectos de valor. Nos patamares atuais, a SLCE negocia por 6,5x Valor da Firma/Ebitda (contra uma média de 8x) e um ótimo nível de dividendos (acima de 6% de dividend yield).
Mesmo que os grãos não se recuperem tão cedo, algo que não podemos descartar, o nível de valuation atual é pouco exigente, ou seja, ninguém está esperando grandes resultados de SLC com todo esse pessimismo relacionado ao agro, e isso deveria ter impacto limitado sobre os papéis. Por outro lado, se o cenário melhorar, há um bom upside a se capturar.
Por esses motivos, entendemos que esse é um caso de queda que representa uma oportunidade de compra, e por isso a SLC Agrícola passou a fazer parte da série Vacas Leiteiras.
Se quiser conferir essa e outras ótimas pagadoras de dividendos, incluindo empresas americanas que proporcionam uma ótima renda em dólar, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
- SLCE3 e mais 4 ações: Ruy Hungria selecionou a “nata” da bolsa brasileira para quem busca lucrar com dividendos. SLC Agrícola é uma das recomendações, e você pode conferir as outras 4 ações selecionadas pelo analista gratuitamente. Clique aqui para receber o relatório completo no seu e-mail.
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado