Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Nesta semana mais curta, em razão do feriado da Proclamação da República na sexta-feira, que fechará o mercado brasileiro, iniciamos as atividades com atenção voltada às questões fiscais. A demora na divulgação das medidas de contenção de gastos tem pressionado o mercado, refletindo-se na alta do dólar e nas taxas de juros.
Se essa indefinição persistir, não será surpresa se o dólar bater a marca de R$ 6,00, sinalizando um ápice de pessimismo.
As discussões em torno do pacote de cortes de despesas públicas continuaram ao longo do fim de semana, mas, na sexta-feira passada, cresceu a percepção de que o pacote poderá ser apresentado de forma reduzida, transmitindo um sinal negativo ao mercado.
Sentimento de cautela predomina entre os investidores
Enquanto os detalhes e o montante das medidas propostas pela equipe econômica não forem esclarecidos, é provável que o mercado continue em um estado de cautela e incerteza.
O presidente Lula parece demandar mais tempo para analisar as propostas, e ainda não há uma data exata para o anúncio, embora se espere que ocorra antes do início do G20, na semana que vem.
Expectativas de inflação seguem desancoradas
Na ausência de uma política fiscal sólida, o país recorre a uma política monetária mais restritiva, o que justifica o recente aumento da Selic.
Leia Também
Essa decisão foi reforçada pela leitura do IPCA de outubro, que excedeu as expectativas e ultrapassou o teto da meta do Banco Central para o horizonte de 12 meses.
Indicadores qualitativos também trouxeram preocupação, com aumentos nos serviços, nos núcleos e no índice de difusão, evidenciando uma inflação elevada e de má qualidade.
As expectativas inflacionárias permanecem desancoradas, intensificando a pressão sobre a política monetária e reforçando a urgência de implementar medidas fiscais eficazes.
Fonte: Fundo Versa.
Inflação acima do teto da meta
No cenário econômico atual, a inflação tende a ultrapassar o teto da meta até o final do ano.
A mudança para a bandeira tarifária amarela em novembro poderá oferecer algum alívio, mas a expectativa é que a inflação permaneça acima de 4% nos próximos meses.
O Boletim Focus, que reúne as principais projeções econômicas, reflete essa tendência de deterioração, não apenas para 2024, mas também para 2025 e 2026.
As medianas das previsões para a inflação foram recentemente ajustadas de 4,59% para 4,62% em 2024 e de 4,03% para 4,10% em 2025.
Esses ajustes representam sinais de alerta para o Banco Central, cuja missão inclui o controle da inflação dentro dos limites estipulados.
Fonte: Boletim Focus.
Alta dos juros e ajuste fiscal
Para trazer a inflação de volta ao centro da meta de 3%, será fundamental que o governo adote um ajuste fiscal substancial e que o Comitê de Política Monetária (Copom) continue elevando a taxa de juros.
Francamente, para mim, o impacto fiscal imediato do pacote — entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões — é menos relevante do que a profundidade e a qualidade das medidas a serem implementadas.
Um exemplo de abordagem favorável seria um pacote com impacto fiscal imediato menor, mas estruturado com medidas que realmente contenham o crescimento insustentável da dívida pública no longo prazo.
Esse tipo de pacote tende a ser mais bem recebido do que um de impacto fiscal maior, porém baseado em cortes temporários e com eficácia questionável.
Juros podem subir ainda mais?
Seja como for, sem um suporte robusto de política fiscal, o desafio de ajustar a inflação à meta se torna consideravelmente mais complexo, demandando uma Selic mais elevada.
Nesse cenário, o Banco Central poderia ser compelido a intensificar a política monetária, com uma alta de 75 pontos-base já em dezembro, uma expectativa que o mercado já precifica, projetando uma Selic terminal próxima de 14% na ausência de medidas fiscais eficazes.
No entanto, acredito que o governo deva apresentar tais medidas em breve e acalmar as tensões no mercado, o que reduziria a necessidade de juros mais altos.
Ainda assim, novas elevações da Selic no curto prazo parecem prováveis, embora talvez de forma menos agressiva.
Se cuida, Powell: Trump coloca o Fed na panela de pressão e fala pela primeira vez de inflação e juros depois da posse
Mercado reajusta posição sobre o corte de juros neste ano após as declarações do republicano no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça; reunião do Fomc está marcada para a semana que vem
Dividendos da Embraer em 2025? Itaú BBA faz projeções otimistas para EMBR3, mesmo após a alta expressiva da ação
Para os analistas, a fabricante de aviões ainda tem muito a entregar para os acionistas, mesmo após alta expressiva nos últimos meses
O strike de Trump na bolsa: dólar perde força, Ibovespa vai à mínima e Petrobras (PETR4) recua. O que ele disse para mexer com os mercados?
O republicano participou do primeiro evento internacional depois da posse ao discursar, de maneira remota, no Fórum Econômico Mundial de Davos. Petróleo e China estiveram entre os temas.
Não deu para o Speedcat: Ações da Puma despencam mais de 20% após resultados de 2024 e empresa fará cortes
No dia anterior, a Adidas anunciou que superou as projeções de lucro e receita em 2024, levando a bolsa alemã a renovar máxima intradia
A bolsa da China vai bombar? As novas medidas do governo para dar fôlego ao mercado local agrada investidores — mas até quando?
Esta não é a primeira medida do governo chinês para fazer o mercado de ações local ganhar tração: em outubro do ano passado, o banco central do país lançou um esquema de swap para facilitar o acesso de seguradoras e corretoras à compra de ações
Todo vazio será ocupado: Ibovespa busca recuperação em meio a queda do dólar com Trump preenchendo o vácuo de agenda em Davos
Presidente dos Estados Unidos vai participar do Fórum Econômico Mundial via teleconferência nesta quinta-feira
Rodolfo Amstalden: A alegria de um banqueiro central seria o silêncio
Estamos nos aproximando da perigosa zona de dominância fiscal; ninguém sabe onde fica a fronteira exatamente, mas, marchando à frente de olhos vendados, são crescentes as chances de nos enroscarmos em uma cerca de arame farpado
Os dividendos valem o risco: os três fatores que compensam a compra de ações da Petrobras (PETR4) agora, segundo o BTG
Analistas do banco chamam atenção para a governança corporativa e para a defasagem de preços dos combustíveis, mas elegem a estatal como a preferida do setor; entenda os motivos
Ação da OceanPact sobe mais de 8% após classificação no leilão da Petrobras (PETR4); OPCT3 é uma boa aposta?
Na ocasião, três embarcações de apoio que servem para operar veículos de operação remota foram classificados no certame
Dólar abaixo de R$ 6: moeda americana renova série de mínimas graças a Trump — mas outro motivo também ajuda na queda
Enquanto isso, o Ibovespa vira e passa a operar em baixa, mas consegue se manter acima dos 123 mil pontos
Na conta do Round 6, de Mike Tyson e da NFL: balanço da Netflix supera expectativas do mercado e ação dispara em NY
Número expressivo de novos assinantes ajudou a empresa a registrar lucro operacional recorde e receita 16% maior na comparação anual
Quando o sonho acaba: Ibovespa fica a reboque de Wall Street em dia de agenda fraca
Investidores monitoram Fórum Econômico Mundial, decisões de Donald Trump e temporada de balanços nos EUA e na Europa
Deixando R$ 100 mil na mesa: abrir mão da liquidez diária na renda fixa conservadora pode render até 40% a mais no longo prazo
Simulação do banco Inter com CDBs mostra quanto é possível ganhar a mais, no longo prazo, ao se optar por ativos sem liquidez imediata, ainda que de prazos curtos
O fim do ‘sonho grande’ da Cosan (CSAN3): o futuro da empresa após o fracasso do investimento na Vale e com a Selic em 15%
A holding de Rubens Ometto ainda enfrenta desafios significativos mesmo após zerar a participação na Vale. Entenda quais são as perspectivas para as finanças e as ações CSAN3 neste ano
CMA CGM recebe autorização prévia para tornar-se controladora da Santos Brasil (STPB3), mas vai precisar remunerar os credores
Francesa comprou a parte da empresa portuária que pertencia à gestora Opportunity
Após adiar balanço, AgroGalaxy (AGXY3) divulga prejuízo bilionário no 3T24 e ação cai forte na B3
A expectativa era que o resultado saísse em dezembro, mas a companhia atribuiu o atraso ao processo de reestruturação interna após o pedido de recuperação judicial
Efeito Trump na bolsa e no dólar: Nova York sobe de carona na posse; Ibovespa acompanha, fica acima de 123 mil pontos e câmbio perde força
Depois de passar boa parte da manhã em alta, a moeda norte-americana reverteu o sinal e passou a cair ante o real
Vivara (VIVA3) anuncia novo CFO e ‘tranquiliza’ investidores após meses de incerteza na direção executiva; ação tem recuperação modesta
O CEO Ícaro Borrello continua, temporariamente, como CFO interino da companhia
Metralhadora giratória: Ibovespa reage às primeiras medidas de Trump com volta do pregão em Nova York
Investidores ainda tentam mensurar os efeitos do retorno de Trump à Casa Branca agora que a retórica começa a se converter em ações práticas
Donald Trump está de volta com promessa de novidades para a economia e para o mercado — e isso abre oportunidades temáticas de investimentos
Trump assina dezenas de ordens executivas em esforço para ‘frear o declínio americano e inaugurar a Era de Ouro da América’.