O que eu penso sobre o bitcoin?
Diário de Bordo de 28 de fevereiro de 2024
Fui indagado por um amigo, CIO de um grande Family Office suíco, a respeito das minhas crenças sobre o bitcoin. “Para falar a verdade, não importa muito o que eu penso, mas sim o que o mercado está querendo me dizer quando os preços sobem”, respondi.
De volta aos US$ 57 mil, o bitcoin voltou a chamar a atenção e recriou a aura fantasiosa sobre seus superpoderes. A corrida para a moeda digital vem se acelerando, especialmente após a aprovação dos ETFs no começo do ano. O patrimônio acumulado nos fundos superou a marca dos US$ 10 bilhões em apenas dois meses e ampliou a perspectiva do seu uso como instrumento de reserva de valor.
Com os ETFs, e sem as exchanges que provocaram o mal ao setor (FTX, Binance, entre outras), a confiança no mundo cripto tende a ganhar força e os vetores de valor que deveriam alimentar os diferentes projetos começarão a ganhar atenção. Diferente de 2021, entretanto, aposto que teremos um maior escrutínio e racionalidade na hora de alocar recursos – nada de Dogecoin ou Shiba Inu.
Os recursos para os protocolos do mundo cripto competirão em breve com a volta do apetite pelo mundo da tecnologia. O entrelaço entre o blockchain e a Inteligência Artificial, por exemplo, ganhará força. No cenário digital, essa integração deve aprimorar a segurança dos dados, a descentralização da governança da IA e fomentar a transparência e confiança. O blockchain, com seu registro imutável e descentralizado, oferece uma estrutura robusta para a segurança dos dados, além de garantir seu registro único. Essa característica é importante para a IA, já que a integridade dos dados é de suma importância. Ao aproveitar a tecnologia do blockchain, a IA pode operar com dados que não são apenas seguros, mas também transparentes e verificáveis, mitigando preocupações com sua manipulação e aprimorando sua confiabilidade.
A governança descentralizada representa outra vantagem significativa nessa integração. Os sistemas de IA tradicionais, muitas vezes controlados por entidades centralizadas, podem levar a preocupações com viés, uso indevido e eventual falta de responsabilidade — vide o acontecido com a Gemini, do Google. O blockchain introduz um modelo de governança descentralizado, possibilitando uma abordagem mais equitativa para o seu desenvolvimento e implementação. Esse modelo permitirá a criação de sistemas mais transparentes. Por meio do uso de contratos inteligentes, por exemplo, o blockchain pode facilitar o estabelecimento de regras claras e de responsabilidade para os diferentes sistemas de IA, garantindo que eles operem dentro de limites éticos e operacionais acordados.
Além disso, a sinergia entre blockchain e IA aprimora a transparência e a confiança em processos operacionais. O registro no blockchain permite o rastreamento e a verificação de dados e transações, fornecendo um claro histórico de auditoria. Quando combinado com as capacidades analíticas da IA, os processos decisórios se tornam mais confiáveis. Na gestão da cadeia de suprimentos, por exemplo, enquanto o blockchain registra os dados imutáveis referentes à mercadoria, a IA pode analisá-los e construir uma árvore decisória capaz de otimizar sua eficiência e integridade.
Leia Também
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
O caminho das criptomoedas parece bastante promissor. Mas sobre a ótica dos investimentos, é preciso sempre ajustar as velas (e a alocação). Manter os ativos encarteirados neste momento me parece algo crucial para se aproveitar o vento de cauda gerado a partir do surgimento dos ETFs e, também, pelo halving do bitcoin esperado para o mês de abril. Vale também a atenção para a expectativa de aprovação do ETF à vista de Ether, esperada para o mês de maio. Tal movimento deve aumentar ainda mais o apetite dos investidores. Será a institucionalização disso tudo que poderá levar o bitcoin e as outras criptomoedas para novas máximas? No final, a mensagem que o mercado está querendo passar é clara: a hora é de comprar.
O comportamento dos mercados em fevereiro
O bull market finalmente contagiou todos os mercados globais. Na véspera do fechamento do mês de fevereiro, são poucas as bolsas globais em queda. Do lado dos desenvolvidos, os destaques são as Bolsas americanas (o índice S&P500 avança 6,43% em dólares) e o Nikkei 225, que voltou a atingir suas máximas após 34 anos – 39.233 pontos e avança 8% em ienes. O posicionamento nas ações japonesas ganharam impulso após a carta da Berkshire Hathaway, escrita pelo megainvestidor Warren Buffett, na qual ele pondera manter a posição nas Holdings japonesas ad infinitum.
Do lado das Bolsas emergentes, o destaque veio da China, que deu sinais de recuperação ao longo de fevereiro. A percepção do mercado é que as iniciativas do governo chinês no âmbito monetário podem dar algum impulso aos mercados acionários. Até o fechamento de ontem, Hong Kong avançava mais de 8,4%, enquanto Shanghai subia 8,1%.
Aqui no Brasil o refresco veio após a divulgação do IPCA-15. O índice de inflação veio abaixo das expectativas dos economistas e abriu algum espaço para a continuidade do processo de arrefecimento monetário já esperado. Os olhos agora se voltarão para a divulgação do número cheio em março, mas, por ora, abriu o espaço para o Ibovespa voltar para cima dos 131 mil pontos. Em fevereiro, a valorização se aproxima de 1,3%.
O mês de março promete ser bastante intenso. As discussões sobre a política monetária devem ganhar monta, à medida que os indicadores econômicos comecem a ganhar manchetes. A reunião do FED ocorre nos dias 19 e 20 de março e deve gerar volatilidade para os mercados. É preciso manter olhos e ouvidos abertos. Vamos em frente.
Forte abraço,
João Piccioni
PS1. Na sexta-feira (1), divulgaremos a Carta Mensal do Gestor, na qual abordaremos os acontecimentos do mês de fevereiro e nosso posicionamento diante do cenário econômico que se avizinha. Não perca!
PS2. Na semana retrasada, gravei uma entrevista com a Paula Comassetto, do Seu Dinheiro, na qual abordei o racional e algumas teses de investimento do fundo Empiricus Tech Select FIA BDR Nível I. Veja nesse link.
PS3. Também divulgamos a segunda carta trimestral do fundo Empiricus Tech Select FIA. Nela, abordamos um pouco da história da tecnologia, questões envolvendo a Inteligência Artificial, as decisões de gestão e breves comentários sobre as teses de investimentos presentes na Carteira. Não deixe de ler! Link aqui.
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região
Os balanços dos bancos vêm aí, e mercado quer saber se BB pode cair mais; veja o que mais mexe com a bolsa hoje
Santander e Bradesco divulgam resultados nesta semana, e mercado aguarda números do BB para saber se há um alçapão no fundo do poço
Só um susto: as ações desta small cap foram do céu ao inferno e voltaram em 3 dias, mas este analista vê motivos para otimismo
Entenda o que aconteceu com os papéis da Desktop (DESK3) e por que eles ainda podem subir mais; veja ainda o que mexe com os mercados hoje
Por que o tombo de Desktop (DESK3) foi exagerado — e ainda vejo boas chances de o negócio com a Claro sair do papel
Nesta semana os acionistas tomaram um baita susto: as ações DESK3 desabaram 26% após a divulgação de um estudo da Anatel, sugerindo que a compra da Desktop pela Claro levaria a concentração de mercado para níveis “moderadamente elevados”. Eu discordo dessa interpretação, e mostro o motivo.
Títulos de Ambipar, Braskem e Raízen “foram de Americanas”? Como crises abalam mercado de crédito, e o que mais movimenta a bolsa hoje
Com crises das companhias, investir em títulos de dívidas de empresas ficou mais complexo; veja o que pode acontecer com quem mantém o título até o vencimento
Rodolfo Amstalden: As ações da Ambipar (AMBP3) e as ambivalências de uma participação cruzada
A ambição não funciona bem quando o assunto é ação, e o caso da Ambipar ensina muito sobre o momento de comprar e o de vender um ativo na bolsa
Caça ao Tesouro amaldiçoado? Saiba se Tesouro IPCA+ com taxa de 8% vale a pena e o que mais mexe com seu bolso hoje
Entenda os riscos de investir no título público cuja remuneração está nas máximas históricas e saiba quando rendem R$ 10 mil aplicados nesses papéis e levados ao vencimento