Juro real de volta aos 6%: com bolsa na pior e dólar nas alturas, essa é uma nova oportunidade?
Uma regra prática comum para investimentos em renda fixa no Brasil sugere vender títulos quando os juros reais atingem 3% e comprá-los a 6%
Os ativos brasileiros enfrentam uma fase de deterioração notável, evidenciada por uma combinação desafiadora de elementos: a bolsa de valores em queda, o dólar e as taxas de juros em alta.
Curioso notar que nem o avanço nos preços das commodities, em especial o petróleo, se traduziu em melhoria de performance para os ativos locais.
De certo modo, preocupações fiscais, manifestadas através de altos juros reais (com a NTN-B 2035 circulando em torno de impressionantes 6%), e a significativa retração de investimentos estrangeiros na bolsa (com saídas que somam R$30 bilhões no ano) têm impactado negativamente a valorização dos ativos domésticos. Esse cenário é agravado pelo adiamento do corte de juros pelo Federal Reserve.
Uma regra prática comum para investimentos em renda fixa no Brasil sugere vender títulos quando os juros reais atingem 3% e comprá-los a 6%.
Esta estratégia busca equilibrar expectativas, evitando perspectivas excessivamente otimistas ou pessimistas sobre o futuro econômico do país.
Um olhar aprofundado nos juros
A trajetória dos juros reais, particularmente evidenciada pelo desempenho do Tesouro IPCA com vencimento em 2035, oferece suporte empírico a essa abordagem simplificada, mas estrategicamente válida.
Leia Também
Observe como o título IPCA+ com vencimento em 2035 se destaca no mercado, demonstrando uma performance superior em relação a muitos de seus pares desde 2010. E agora voltamos para um patamar interessante de juro real.
Ao analisar os fatores por trás do aumento dos juros, destacam-se algumas das principais razões:
- A recente baixa demanda por títulos;
- Uma inflação persistente combinada com uma atividade econômica que supera as expectativas;
- O ambiente internacional limitante, especialmente a impossibilidade de redução das taxas de juros nos EUA, que restringe a margem para cortes no Brasil; e
- As preocupações fiscais domésticas que afetam negativamente as expectativas de inflação.
Esses elementos são cruciais na compreensão da dinâmica atual dos juros, embora existam outros fatores em jogo. Uma análise detalhada dessas questões é essencial para entender plenamente o cenário econômico vigente.
A falta de comprador
A escassez de interesse pela aquisição de títulos públicos, por exemplo, pode ser atribuída, entre outras coisas, à ausência de compradores atraídos, motivando uma revisão acerca dos títulos isentos de impostos.
Estes foram criados para promover o financiamento em setores vitais como o agronegócio e o imobiliário, beneficiando-se de incentivos fiscais. Em um cenário desses, a procura por títulos públicos se torna menos atraente, a não ser que estes ofereçam retornos mais elevados.
No entanto, o panorama sofreu alterações importantes recentemente. Algumas decisões do Conselho Monetário Nacional (CMN) introduziram novas normas para a emissão de títulos de renda fixa isentos de impostos voltados ao agronegócio e ao setor imobiliário, incluindo modalidades como LIG, LCI, LCA, CRI e CRA.
O que isso significa?
Agora, apenas empresas com mais de dois terços de sua receita proveniente destes setores estão habilitadas a emitir CRIs e CRAs. Além disso, o prazo mínimo para LCAs e LCIs, oferecidas por instituições financeiras, foi ampliado de 90 dias para 9 e 12 meses, respectivamente.
As novas diretrizes já estão impactando o mercado: após um aumento de até 50% no volume de títulos bancários em 2023, houve uma queda acentuada nas emissões em fevereiro e março, seguindo as limitações impostas pelo CMN, com reduções de até 64% nas emissões de LCIs e LCAs.
Essa transformação no mercado de títulos isentos de impostos, combinada à conjuntura de taxas de juros mais baixas, sugere um potencial de diversificação de investimentos no Brasil, adaptando-se às novas condições.
A resiliência de atividade e o problema da inflação: juro neutro é novo normal?
Nas últimas semanas, o cenário global financeiro se ajustou significativamente, com investidores recalibrando suas expectativas em torno da flexibilização da política monetária dos Estados Unidos.
Surpreendentemente, tanto a atividade econômica quanto a inflação global têm excedido previsões. O mercado de trabalho, por exemplo, tanto no Brasil quanto nos EUA, demonstra robustez.
Os olhares se voltam agora para os próximos indicadores, que definirão as tendências dominantes. Isso nos leva a questionar se estamos adentrando uma nova dinâmica pós-pandemia, caracterizada por inflação elevada e, por conseguinte, uma taxa de juros neutra mais alta. Tal cenário é plausível.
Independentemente disso, o ambiente atual sugere a necessidade de taxas de juros mais altas no curto prazo, afetando as curvas de juros globalmente.
Notavelmente, os rendimentos dos títulos públicos americanos de 10 anos, que já haviam alcançado 3,80% no final do ano passado, ultrapassaram recentemente os 4,30%. Este movimento repercute globalmente, influenciando também o mercado brasileiro.
O ciclo de flexibilização dos juros
A persistência elevada da inflação tem desafiado as expectativas de uma rápida convergência para as metas estabelecidas, impactando negativamente o cronograma previsto para a redução das taxas de juros nos Estados Unidos e interferindo no processo de ajuste monetário já iniciado no Brasil.
Essa situação tem obscurecido as projeções sobre o futuro do ciclo de política monetária, com a curva de juros refletindo a antecipação de uma postura mais restritiva por parte do Banco Central, evidenciada pela expectativa de manutenção da Selic em torno de 9,75% ao longo deste ano.
Apesar das projeções atuais, persiste a esperança de que a taxa básica de juros brasileira possa ser reduzida a níveis inferiores, embora tal ajuste possa ocorrer de maneira mais gradual a partir de junho, conforme indicado pelas futuras leituras da inflação.
Há debates sobre a potencial execução de dois ciclos de corte da Selic: um iminente em 2023, almejando 9,5% ao ano, e um subsequente em 2025, que possivelmente reduziria a taxa para abaixo de 9%, condicionado à evolução dos indicadores econômicos.
Contudo, minha análise sugere a probabilidade de um único ciclo contínuo de redução, mirando uma Selic de 9%, mesmo que tal desfecho demande um período mais extenso do que inicialmente previsto. A incerteza gerada por esse cenário tende a provocar elevações ao longo da curva de juros.
O risco fiscal
O cenário fiscal brasileiro representa uma peça chave no panorama econômico atual, destacando-se pela urgência do governo em submeter ao Congresso Nacional, até o dia 15 de abril, a proposta para a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, sob a liderança da ministra Simone Tebet.
O debate será fortemente influenciado pelo contexto político atual e pelos eventos recentes que marcaram o Congresso.
A recepção fria a um leilão recente de títulos NTN-B, que oferecem retornos reais, destacou-se negativamente no ano pela pouca liquidez e pelas altas taxas de juros demandadas pelos investidores, revelando a hesitação do Tesouro em assumir novas dívidas sob tais condições.
Na ausência de uma diretriz fiscal clara, a atenção se desloca para a política monetária. O mercado, no momento, espera uma taxa Selic de aproximadamente 9,75% para o ano corrente, antecipando ajustes na gestão das taxas de juros. Existe a expectativa de que a Selic possa ser reduzida para níveis inferiores, ainda que o ritmo de flexibilização possa ser desacelerado a partir de junho.
- VEJA TAMBÉM: Onde investir em abril? Os maiores especialistas respondem da casa respondem!
Uma janela de oportunidade
A falta de clareza em aspectos como intervenções governamentais na economia, o temor de uma guinada populista para elevar a popularidade do governo, inconsistências no discurso presidencial e as reações a surpresas positivas na arrecadação fiscal têm intensificado a ansiedade do mercado.
Essa atmosfera de incerteza contribui para um prêmio de risco elevado nos títulos do Tesouro Nacional, com papéis vinculados à inflação apresentando rendimentos reais na casa dos 6%.
Enquanto existe a previsão de um ajuste negativo no curto prazo, o panorama de longo alcance se revela promissor, convidando à reflexão sobre estratégias de investimento ponderadas.
A escolha por títulos longos, como os IPCA+ de 2035, 2045 e 2055, que garantem pagamentos semestrais de juros, se destaca como uma opção vantajosa. O que antes poderia ser visto com certa reserva, agora se transforma em uma alternativa atraente, refletindo uma mudança significativa no mercado.
- Matheus Spiess cravou: esse é o momento de investir em renda fixa IPCA+. E você pode conferir GRATUITAMENTE as melhores oportunidades para investir AGORA e surfar o momento do ciclo de juros. Clique aqui para acessar a carteira recomendada pela Empiricus Research.
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.