🔴 E-BOOK GRATUITO: CONFIRA OS PRINCIPAIS MOMENTOS DOS 100 PRIMEIROS DIAS DO GOVERNO TRUMP – BAIXE AGORA

Felipe Miranda: As notícias da minha morte foram um pouco prematuras

A morte já chegou para a renda fixa, o bitcoin e até o ouro… Agora, ela chega até para quem nunca esteve perto da morte: a Bolsa Brasileira.

27 de maio de 2024
20:01 - atualizado às 18:09
ibovespa queda ações bolsa brasileira
Imagem: Adobe Stock

A sentença já foi proferida: a Bolsa brasileira está condenada à morte. Vira e mexe é assim. O mercado, com suas narrativas ciclotímicas, conduz uma determinada classe de ativos à cadeira elétrica. 

Lá em 2021, a renda fixa tinha morrido. Os juros ficariam zerados para sempre e todo mundo queria comprar IPO de non-profitable tech. Bom, deu no que deu. 

O bitcoin, então, já morreu algumas dezenas de vezes – segue próximo à máxima histórica, enquanto a aprovação do ETF de ethereum pode conferir novo momentum de curto prazo às criptomoedas em geral

Até o ouro, que supera o mais rigoroso dos desafios, ou seja, o impiedoso teste do tempo, teve lá suas condenações. Também está rondando o topo histórico, mesmo depois do assassinato de sua reputação a partir da subida das taxas de juro em âmbito global.

Agora, até quem nunca morreu está morrendo. Querem matar a Bolsa brasileira. Teríamos um ativo de risco que paga menos do que outros de maior segurança, de tal modo que carregá-lo em carteira seria uma decisão irracional. Bora vender tudo! 

Quem são os assassinos?

Comprar ações no Brasil virou exercício de otimista desinformado, enganado por seu influenciador favorito. Uns vendem boas empresas a preços atraentes, outros leiloam terreno no céu, alguns fazem as duas coisas ao mesmo tempo.

Leia Também

O tio do zap exibe orgulhoso seu portfólio de imóveis e suas LIGs do Bradescão, enquanto caçoa do value investor, embora finja não ter preconceitos. “Eu não tenho nada contra investidor de Bolsa, até tenho amigos que são, comprimento normalmente, dou 'bom dia’…"

Fora da polarização dos investimentos (sim, ela está por toda a parte) e dos debates acalorados das redes sociais, talvez valha nos debruçarmos sobre o exato significado da ideia de que “as ações, na média, rendem estruturalmente menos do que a renda fixa no Brasil.”

Se isso for verdade, significa que o mercado brasileiro desafia uma das noções mais triviais da literatura do chamado “Financial Economics” (ou Teoria das Decisões Financeiras, numa tradução tipicamente adotada no Brasil): a de que um ativo de maior risco deve, na média e no longo prazo, pagar mais do que outro de menor risco, o que costuma ser representado pela chamada “Security Market Line”, uma linha ascendente que relaciona risco e retorno. 

É bastante intuitivo: se você quer ter mais retorno potencial, vai precisar abrir mão da segurança. Caso contrário, se houvesse um ativo (ou um mercado) de maior risco e que paga menos, ninguém iria comprá-lo.

Seu preço, então, diminuiria e seu retorno potencial à frente seria muito maior, corrigindo a distorção.

Então, para o raciocínio mortífero contra as ações brasileiras ser verdadeiro, precisaríamos re-escrever todos livros de Finanças, com uma adição em itálico: as ações pagam menos do que a renda fixa, exceto no Brasil. 

Ressalva importante: não se trata aqui do desconhecimento sobre o quão ruim tem sido o comportamento das ações brasileiras.

Desde que fundamos a Empiricus há 15 anos (e isso é longo prazo para qualquer métrica), o Ibovespa perde para a poupança, para o CDI e até para o IPCA.

Como empresários e analistas umbilicalmente ligados ao financial deepening, sofremos na pele as mazelas da renda variável local. É possível aprender com o sentimento do outro, mas é sempre mais fácil (embora mais dolorido) aprender com as próprias dores.

Portanto, alternando entre fins terríveis e terrores sem fim, somos conhecedores da tragédia acionária brasileira, sem que nos orgulhemos disso.

Também não estamos aqui para cravar que o Ibovespa é o time da virada.

Ciclos ruins de mercado podem durar bastante tempo – em particular, as últimas semanas foram especialmente complicadas, porque o Brasil parece carente de uma narrativa. Poucas coisas são tão ruins quanto isso.

Não é só que temos um problema fiscal, mas que não dispomos de um plano para resolvê-lo e, a isso, adicionamos agora um problema monetário! Ninguém sabe qual será o comportamento do BC em 2025, nem qual será a meta de inflação.

Bom, mas aí já temos assunto para um novo texto, quem sabe no Palavra do Estrategista da próxima quarta. 

O ponto aqui é tomarmos consciência do que estamos falando ao matar a Bolsa.

A Bolsa não está morrendo...

Também havemos de pontuar a diferença entre retorno realizado e retorno projetado. Ao construir o raciocínio de que “as ações foram mal historicamente e, portanto, continuarão indo mal à frente”, estamos nos afastando do formalismo lógico-dedutivo.

Essa é uma argumentação por indução, um dos cernes da luta de Nassim Taleb, representada pela “falácia do peru de Natal” ou “falácia do granjeiro” de Bertrand Russell.

Vale para cisnes brancos, ausência de enchentes no Rio Grande do Sul por décadas e também para ativos financeiros: retornos (ou prejuízos!) passados não dizem muita coisa sobre retorno futuro. Esses costumam ser um mau guia.

Trouxe este tema para debate naquele histórico episódio do Market Makers com Luis Stuhlberger e Daniel Goldberg.

Entre outras coisas, eu gosto muito de conversar com o Daniel porque ele é muito diferente do restante do mercado financeiro. Não é só porque ele é mais inteligente e rico do que a maior parte das pessoas. Mas porque ele é uma exceção na forma de pensar. Daniel não é um gestor de fundo. Ele é um epistemólogo, um filósofo da ciência econômica ou um metodólogo (como quiser), que calhou de estar gerindo um fundo.

Para tentar ser justo, quando conversei com Luiz Guerra, CIO da Pragma, ele também me pareceu preocupado com questões de epistemologia de finanças, no que talvez seja herança dos tempos de Paulo Tenani na Pragma (mera desconfiança pessoal). Mas retomo, desculpe a digressão.

Em determinado momento, pergunto ao Daniel se ele concorda com o fato de o prêmio de risco de mercado (ações pagam menos do que a renda fixa na média) no Brasil ser negativo e quais seriam as razões disso. Daniel diz que, em termos de retorno realizado, não há dúvidas e aponta como possível explicação o fato de que o CDI não é um ativo livre de risco.

Acho que ele está certo.

Mas talvez a justificativa, embora correta, não consiga endereçar o problema em sua completude. Isso só aconteceria se comprar ações no Brasil fosse menos arriscado do que comprar títulos soberanos pós-fixados.

Ainda que tenha risco no CDI (concordo que tenha!), ainda me parece mais seguro do que comprar pedaços de empresas – há inclusive um profundo debate acadêmico se ratings corporativos podem ser superiores aos ratings soberanos de seus países de atuação.

O Prêmio de Risco de Mercado é, por definição, um conceito relativo. A Bolsa deveria pagar mais do que a renda fixa. Mesmo que a renda fixa tivesse algum risco, ele, ao menos a princípio, parece inferior ao das ações.

Até gostaria de oferecer uma resposta melhor sobre "os porquês”, mas confesso não a ter. Pode servir como ideia de dissertação para algum aventureiro. Neste momento, me concentro no “o quê”. Estamos mesmo condenados a uma performance estruturalmente ruim da Bolsa brasileira? 

É verdade que existem várias janelas ruins, mesmo de longo prazo, nas ações brasileiras. Mas também é verdade que elas dependem bastante do momento do ciclo em que são feitas as medições. Como a variância e a curtose da bolsa brasileira são enormes, medir o Prêmio de Risco de Mercado ao final de 2019, por exemplo, poderia levar a conclusões um tanto diferentes.

Se vivermos um ciclo de afrouxamento monetário mundo afora até o final de 2025 e depois elegermos um presidente pró-mercado por oito anos no Brasil, também poderíamos ter uma janela diametralmente oposta olhando em perspectiva.

As consequências da afirmação não estão devidamente dimensionadas. Além de caracterizar o Brasil como um mercado de capitais ineficientes, matar a Bolsa significa condenar IPOs, arrastando consigo também os private equities e os venture capitalists. Só haveria saída com investidores estratégicos. Limitam-se as possibilidades.

Sem IPOs, também o financiamento mesmo via dívida de longo prazo fica muito mais restrito para as empresas não-listadas. A abertura do capital é um acesso muito mais amplo a financiamento de maneira geral.

No fim, todo o empreendedorismo está em risco. Só cresceria quem já tem acesso ao capital. Formaríamos novos oligopólios e concentraríamos ainda mais a renda. Sem empreendedor, o sistema colapsa.

Os rentistas precisam tomar cuidado com o que desejam.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
ANTES DO BALANÇO

Ação da Casas Bahia (BHIA3) sobe forte antes de balanço, ajudada por vitória judicial que poderá render mais R$ 600 milhões de volta aos cofres

14 de maio de 2025 - 11:51

Vitória judicial ajuda a impulsionar os papéis BHIA3, mas olhos continuam voltados para o balanço do 1T25, que será divulgado hoje, após o fechamento dos mercados

DO ROXO AO VERMELHO

Balanço do Nubank desagradou? O que fazer com as ações após resultado do 1T25

14 de maio de 2025 - 10:11

O lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, um salto de 74% na comparação anual, foi ofuscado por uma reação negativa do mercado. Veja o que dizem os analistas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Show de talentos na bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de agenda fraca

14 de maio de 2025 - 8:20

Ibovespa acaba de renovar sua máxima histórica em termos nominais e hoje depende do noticiário corporativo para continuar subindo

MERCADO DE ACESSO

Depois de negociar ações de pequenas e médias empresas brasileiras, BEE4 quer estrear na renda fixa no segundo semestre

14 de maio de 2025 - 6:03

Conhecida como ‘bolsa das PMEs’, startup busca investidores para levantar capital para empresas que faturam até R$ 500 milhões ao ano

BALANÇO DO ROXINHO

Nubank (ROXO34) atinge lucro líquido de US$ 557,2 milhões no 1T25, enquanto rentabilidade (ROE) vai a 27%; ações caem após resultados

13 de maio de 2025 - 18:23

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco digital do cartão roxo atingiu a marca de 27%; veja os destaques do balanço

MERCADOS HOJE

Ibovespa dispara quase 3 mil pontos com duplo recorde; dólar cai mais de 1% e fecha no menor patamar em sete meses, a R$ 5,60

13 de maio de 2025 - 18:15

A moeda norte-americana recuou 1,32% e terminou a terça-feira (13) cotada a R$ 5,6087, enquanto o Ibovespa subiu 1,74% e encerrou o dia aos 138.963 pontos; minério de ferro avançou na China e CPI dos EUA veio em linha com projetado

MERCADO DE CAPITAIS

Com bolsa em alta, diretor do BTG Pactual vê novos follow-ons e M&As no radar — e até IPOs podem voltar

13 de maio de 2025 - 17:19

Para Renato Hermann Cohn, diretor financeiro (CFO) do banco, com a bolsa voltando aos trilhos, o cenário começa a mudar para o mercado de ofertas de ações

REAÇÃO AO RESULTADO

Yduqs no vermelho: Mercado deixa ações de recuperação após balanço fraco. Ainda vale a pena ter YDUQ3 na carteira?

13 de maio de 2025 - 13:08

Para os analistas, a Yduqs (YDUQ3) apresentou resultados mistos no 1T25. O que fazer com os papéis agora?

NOVO RECORDE

Ibovespa renova máxima histórica e busca os 139 mil pontos nesta terça-feira (13); entenda o que impulsiona o índice

13 de maio de 2025 - 13:07

“Última” máxima intradiária do Ibovespa aconteceu em 8 de maio, quando o índice registrou 137.634,57 pontos

REAÇÃO AO RESULTADO

Hapvida (HAPV3) dispara na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas perda de beneficiários acende sinal de alerta. Vale a pena comprar as ações?

13 de maio de 2025 - 12:37

A companhia entregou resultado acima do esperado e mostrou alívio na judicialização, crescimento da base de clientes ainda patina. Veja o que dizem os analistas

DE VOLTA ÀS ORIGENS

Elo, agora em 3 fatias iguais: Bradesco, Banco do Brasil e Caixa querem voltar a dividir a empresa de pagamentos igualmente 

13 de maio de 2025 - 11:24

Trio de gigantes ressuscita modelo de 2011 e redefine sociedade na bandeira de cartões Elo de olho nos dividendos; entenda a operação

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um acordo para buscar um acordo: Ibovespa repercute balanço da Petrobras, ata do Copom e inflação nos EUA

13 de maio de 2025 - 8:22

Ibovespa não aproveitou ontem a euforia com a trégua na guerra comercial e andou de lado pelo segundo pregão seguido

É BOM OU RUIM?

Trégua entre EUA e China evita catástrofe, mas força Brasil a enfrentar os próprios demônios — entenda os impactos do acordo por aqui

12 de maio de 2025 - 17:53

De acordo com especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro, o Brasil poderia até sair ganhando com a pausa na guerra tarifária, mas precisaríamos arrumar a casa para a bolsa andar

DIAS MELHORES VIRÃO

Comprado em Brasil: as ações escolhidas pelo Bank of America para investir no Ibovespa hoje

12 de maio de 2025 - 17:28

O banco projeta corte de juros ainda neste ano e uma Selic menor do que o mercado para 2026 — nesse cenário, as ações podem ter um desempenho melhor na bolsa no curto prazo

CRÉDITO PRIVADO

Retorno recorde nos títulos IPCA+ de um lado, spreads baixos e RJs do outro: o que é de fato risco e oportunidade na renda fixa privada hoje?

12 de maio de 2025 - 15:17

Em carta a investidores, gestora de renda fixa Sparta elenca os pontos positivos e negativos do mercado de crédito privado hoje

REAÇÃO AO RESULTADO

Braskem (BRKM5) sobe forte na B3 após balanço do 1T25 e “ajudinha” de Trump e Xi Jinping. É hora de comprar as ações da petroquímica?

12 de maio de 2025 - 13:57

Além do aumento do apetite a risco nos mercados, os investidores repercutem o balanço da Braskem no primeiro trimestre

MERCADOS HOJE

Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China

12 de maio de 2025 - 12:32

Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como

BALANÇO DO LARANJINHA

Inter (INBR32) bate recorde de lucro e cresce rentabilidade no 1T25, mas ainda tem chão até chegar no 60-30-30

12 de maio de 2025 - 10:22

O banco digital continuou a entregar avanços no resultado, mas ainda precisa correr para alcançar o ambicioso plano até 2027; veja os principais destaques do balanço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China

12 de maio de 2025 - 8:07

Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana

RESULTADO

BTG Pactual (BPAC11) atinge novo lucro recorde no 1T25 e faz rivais comerem poeira na briga por rentabilidade

12 de maio de 2025 - 5:55

Lucro recorde, crescimento sólido e rentabilidade em alta: os números do trimestre superam as previsões e reafirmam a força do banco de investimentos

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar