🔴 5 TÍTULOS DA RENDA FIXA ‘PREMIUM’ PARA INVESTIR AGORA –  CONHEÇA AQUI

O porrete monetário, sozinho, não será suficiente: é necessário um esforço fiscal urgente

Crescente desconfiança sobre a sustentabilidade fiscal agrava desequilíbrios macroeconômicos e alimentam ainda mais o pessimismo

17 de dezembro de 2024
6:28
Crescem temores de que o Brasil esteja caminhando para um cenário de dominância fiscal. - Imagem: Shutterstock

A semana começou no Brasil sob forte pressão nos mercados financeiros, com o aumento das preocupações em relação à situação fiscal.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nem mesmo a postura firme e acertada do Banco Central (BC), que na semana passada elevou a Selic em 100 pontos-base e sinalizou mais duas altas de mesma magnitude para o início de 2025, foi suficiente para acalmar o câmbio e a curva de juros futuros.

Apesar da tentativa do BC de reancorar as expectativas inflacionárias com um aperto monetário agressivo, o real continuou se desvalorizando e os juros futuros voltaram a disparar.

Por que as ações do BC não estão funcionando

Esse movimento é reflexo, principalmente, de dois fatores preocupantes: primeiro, a incerteza em torno da aprovação do pacote fiscal no Congresso.

O mercado teme que as medidas para conter o crescimento dos gastos públicos enfrentem grandes obstáculos legislativos, agravados pelo contexto político sensível, especialmente durante a recuperação de Lula, que ainda se recupera de dois procedimentos cirúrgicos delicados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Segundo, o risco cada vez mais presente de o país caminhar para um cenário de dominância fiscal, tema que vem ganhando relevância nas discussões econômicas recentes.

Leia Também

O que é dominância fiscal

Dominância fiscal é o fenômeno em que a política fiscal sobrepõe ou restringe a política monetária.

Nesse cenário, o Banco Central perde sua autonomia para controlar efetivamente a inflação e a taxa de juros, pois suas decisões passam a ser condicionadas pela necessidade de financiar déficits fiscais elevados ou administrar uma dívida pública em trajetória insustentável.

A consequência é uma dinâmica perversa: quanto mais precária a situação fiscal, maiores são os juros exigidos pelo mercado, o que, por sua vez, aumenta os custos com o serviço da dívida e aprofunda o déficit fiscal — uma espiral negativa que alimenta a desconfiança e amplia as pressões inflacionárias.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O ajuste macroeconômico, que deveria se concentrar no aumento dos juros para conter as pressões inflacionárias, acaba recaindo sobre a inflação em si, à medida que a perda de controle cambial agrava a situação.

Esse desdobramento leva a uma dinâmica preocupante que remete a cenários observados em países como Turquia e Argentina — exemplos notórios de políticas desastrosas.

Nesse contexto, mesmo que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha acertado ao elevar a Selic, a medida pode se mostrar insuficiente ou, pior, contraproducente.

O aumento expressivo dos juros eleva o custo da dívida pública, ampliando o déficit nominal e deteriorando a trajetória de endividamento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Esse ciclo perverso acaba por alimentar a desconfiança do mercado, que reage com mais pressão sobre os juros futuros e o câmbio, criando um ambiente de incerteza generalizada.

O Brasil não chegou a esse ponto — ainda

Embora o Brasil ainda não tenha atingido esse ponto crítico, os sinais emitidos recentemente acendem um alerta claro sobre a urgência de ajustes fiscais mais profundos e robustos.

O atraso na apresentação do pacote de contenção de gastos e a entrega de uma proposta aquém das expectativas colocaram o governo em um caminho mais árduo e perigoso até 2026, ano eleitoral.

Adiar medidas estruturais de grande impacto agravou a complexidade do cenário, exigindo agora um esforço ainda maior para reverter a deterioração fiscal e restaurar a credibilidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Assim, o Brasil enfrenta um círculo vicioso preocupante.

A crescente desconfiança sobre a sustentabilidade fiscal agrava os desequilíbrios macroeconômicos, que, por sua vez, alimentam ainda mais o pessimismo em relação ao país.

Como muito bem observou Marcos Mendes, a política fiscal brasileira segue sem lastro, alimentando o ceticismo do mercado em relação à capacidade do governo de aprovar o pacote fiscal proposto ainda neste ano.

Além disso, pairam dúvidas consideráveis de que, mesmo se aprovado, o texto passará sem sofrer desidratações substanciais.

A saúde do presidente Lula adiciona mais uma camada de incerteza ao cenário.

Apesar de ter recebido alta hospitalar, Lula só deverá retornar a Brasília na quinta-feira, e mesmo assim com atuação provavelmente limitada.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sua entrevista ao Fantástico na noite de domingo dificilmente contribuirá para acalmar os ânimos do mercado; declarações no sentido de “la garantía soy yo” não têm mais o impacto positivo de outrora, sendo hoje recebidas com descrédito.

Com o calendário legislativo se esgotando e o recesso de fim de ano se aproximando, o ambiente em Brasília está permeado por questionamentos sobre a viabilidade de avançar em pautas críticas, como o pacote fiscal, a regulamentação da reforma tributária e o Orçamento de 2025.

Para evitar o bloqueio total, o presidente da Câmara, Arthur Lira, já indicou que pretende acionar seu “modo turbo” — ou “tratoraço” —, acelerando as discussões e votações na reta final do ano legislativo.

Ajuste fiscal é urgente

O Brasil ainda não atingiu um ponto de não retorno, mas avança perigosamente na direção de um beco sem saída.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A solução é clara e inquestionável: o ajuste fiscal precisa ocorrer pelo corte efetivo de gastos. Insistir em alternativas superficiais ou paliativas equivale a dar murro em ponta de faca.

Sem uma mudança estrutural na condução da política fiscal, os esforços do Banco Central, como o aumento da Selic, tornam-se ineficazes.

No atual contexto, mesmo intervenções cambiais por parte da autoridade monetária são questionáveis e podem ter efeitos contraproducentes, como temos visto nos últimos dias.

Ao adiar a implementação de um ajuste fiscal robusto e estrutural, o governo fez a escolha de atravessar uma ponte esburacada em direção a 2026, em vez de pavimentar um caminho sólido e confiável ao apresentar, em tempo hábil, um pacote fiscal crível e adequado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O resultado é um cenário de crescente deterioração nos ativos domésticos, com aumento da pressão sobre o câmbio e a curva de juros, além de um ambiente econômico mais frágil e instável.

O momento exige pragmatismo, decisões técnicas e, sobretudo, coragem política para corrigir a rota fiscal antes que o país entre em uma espiral de desconfiança irreversível.

Adiar novamente as decisões necessárias apenas tornará a solução mais difícil, custosa e dolorosa no futuro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje

29 de agosto de 2025 - 8:06

Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA

SEXTOU COM O RUY

Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações

29 de agosto de 2025 - 6:01

Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje

28 de agosto de 2025 - 7:52

Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?

27 de agosto de 2025 - 20:00

Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje

27 de agosto de 2025 - 7:58

Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje

26 de agosto de 2025 - 7:54

Com demissão no Fed e ameaça de novas tarifas, Trump volta ao centro das atenções do mercado; por aqui, investidores acompanham também a prévia da inflação

EXILE ON WALL STREET

Lady Tempestade e a era do absurdo 

25 de agosto de 2025 - 19:58

Os chineses passam a ser referência de respeito à propriedade privada e aos contratos, enquanto os EUA expropriam 10% da Intel — e não há razões para ficarmos enciumados: temos os absurdos para chamar de nossos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quem quer ser um milionário? Como viver de renda em 2025, e o que move os mercados hoje

25 de agosto de 2025 - 7:43

Investidores acompanham discursos de dirigentes do Fed e voltam a colocar a guerra na Ucrânia sob os holofotes

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Da fila do telefone fixo à expansão do 5G: uma ação para ficar de olho, e o que esperar do mercado hoje

22 de agosto de 2025 - 8:17

Investidores aguardam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole

SEXTOU COM O RUY

A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos

22 de agosto de 2025 - 6:04

Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje

21 de agosto de 2025 - 8:28

Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?

21 de agosto de 2025 - 7:40

As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?

20 de agosto de 2025 - 20:00

No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje

20 de agosto de 2025 - 8:16

Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje

19 de agosto de 2025 - 8:11

Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Um conto de duas cidades

18 de agosto de 2025 - 20:00

Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin

15 de agosto de 2025 - 8:26

Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas

SEXTOU COM O RUY

A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?

15 de agosto de 2025 - 6:01

A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil

14 de agosto de 2025 - 8:27

Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor

13 de agosto de 2025 - 20:00

Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar