Eleições nos EUA: quando as criptomoedas viram questão de política
Em meio a tantas novidades é necessário estar atento a narrativas que podem ditar tendências do mercado — e uma delas é a corrida à Casa Branca

O ano de 2024 tem sido peculiar, no bom sentido, para criptomoedas. Em termos de regulação e adoção institucional nunca havíamos visto tanto avanço: ETFs à vista das duas criptomoedas mais consolidadas, Bitcoin e Ethereum, sendo negociados na bolsa de valores americana, instituições se integrando cada vez mais com a tecnologia blockchain e principalmente, cripto virando fator decisivo na corrida presidencial dos EUA.
Em meio a tantas novidades é necessário estar atento a narrativas que podem ditar tendências do mercado, e no Crypto Insights de hoje comentaremos sobre o último fator mencionado.
De um lado temos os republicanos, liderados por Donald Trump, cunhado por parte da comunidade como "presidente Bitcoin".
Durante diversas entrevistas ele demonstrou grande interesse no ativo, considerando-o uma possível reserva de valor para o Tesouro dos EUA e espera-se que ele desenvolva uma regulação mais clara para o segmento.
Do outro lado, temos os democratas, com Kamala Harris à frente, que possui uma postura mais cautelosa e, em alguns casos, omissa em relação às criptomoedas. Gerando incerteza quanto a sua postura sobre o assunto.
No entanto, na última sexta-feira (16) ela apresentou seu plano econômico que de maneira simples se baseia em grande parte nas medidas econômicas de Joe Biden.
Leia Também
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Se havia dúvidas de que os democratas poderiam ser benéficos para cripto, isso não existe mais. Cripto não foi mencionado sequer uma vez em nenhuma das 92 páginas do documento.
Isso implica que numa possível vitória o avanço de cripto, nos EUA, sofreria um atraso significativo. Uma vez que o governo Biden não demonstrou iniciativa para regular ou apoiar o setor. Importante ressaltar que não acreditamos que isso seja um problema existencial para criptomoedas, mas sim, temporário.
Com tudo isso em mente, cripto virou questão de política e o mercado passou a estar também correlacionado com a eleição, vivendo um "Trump trade".
- LEIA TAMBÉM: Esse é o momento para dar um “tiro curto” no mercado de criptomoedas, diz especialista.
Impactos no mercado
Se observarmos a movimentação de preço das duas bolsas americanas, S&P 500 e Nasdaq, que possuem correlação positiva com o preço do Bitcoin, ambas já voltaram aos patamares de preço após o crash do mercado no início de agosto, enquanto o BTC permanece com o preço descontado.
Uma de nossas hipóteses do por que não vimos o preço volta é justamente pela documentação das propostas de governo que foi liberada, gerando incerteza quanto aos preços, afinal, a disputa até o momento, está acirrada.
Abaixo segue uma imagem do Polymarket, uma plataforma de previsão descentralizada.

O resumo da obra é que as criptomoedas se tornaram questão de política e vale ficar atento ao que ocorre nos EUA — em setembro teremos os debates, que são pontos chave para ambos os candidatos e ouso dizer que são até favoráveis a Trump, uma vez que Kamala tem se mostrado "tímida" diante das entrevistas ao vivo.
No curto prazo, o BTC está descontado em relação às principais bolsas americanas e tem espaço para valorizações.
Variações semanais (13/08/24 a 19/08/24)
- Bitcoin (BTC)
Preço: US$ 59.265 | Var. +0,30%
- Ethereum (ETH)
Preço: US$ 2.720 | Var. +12,33%
- Dominância Bitcoin: 56,8% (Var. -0.59%)
* Dados referentes ao fechamento em 19/08/24
Tópicos da semana
- Black Rock, a maior gestora de ativos digitais: em 15 de agosto, a BlackRock foi destacada como a maior gestora de fundos de ativos digitais, superando a Grayscale, que anteriormente ocupava essa posição. Em agosto de 2024, a BlackRock alcançou um total de US$ 22 bilhões em ativos sob gestão (AUM) em seus ETFs de criptomoedas, comparado aos US$ 20,7 bilhões da Grayscale. Esse crescimento é atribuído principalmente ao sucesso de dois fundos específicos da BlackRock: o IBIT (ETF spot de Bitcoin) e o ETHA (ETF spot de Ethereum).
- Trump com criptomoedas no portfólio: foi revelado que Donald Trump possui entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões em Ethereum (ETH) em uma carteira de hardware. Além disso, ele ganhou cerca de US$ 7,15 milhões com taxas de licenciamento de NFTs relacionados a uma coleção digital
- Cripto como forma de protesto na Nigéria: autoridades nigerianas rastrearam e congelaram cerca de US$ 50 milhões em criptomoedas que estavam supostamente destinadas a financiar protestos no país, principalmente relacionados ao movimento #EndBadGovernance. Esses fundos, que teriam sido enviados de fontes estrangeiras, foram direcionados para apoiar manifestações contra a crescente inflação e as dificuldades econômicas na Nigéria.
Gráfico da semana
Abaixo, temos o gráfico da Polymarket, na plataforma, os participantes compram e vendem ações baseadas na probabilidade de determinados eventos ocorrerem, com as transações feitas em USDC (uma stablecoin). As probabilidades refletidas nos preços das ações são determinadas pelas apostas dos usuários, oferecendo um indicador do que é mais provável de acontecer.
Devido à sua natureza descentralizada e transparente, a plataforma atraiu um grande número de participantes interessados em especular sobre o desfecho das eleições, fornecendo insights valiosos sobre as expectativas do público em tempo real.
Seus mercados durante a corrida presidencial geraram muita atenção, não apenas como uma forma de aposta, mas também como um termômetro das probabilidades percebidas pelos usuários de que certo candidato ganharia.
Como podemos observar, por agora, Trump recuperou a liderança. Importante destacar que neste momento está ocorrendo a Convenção Nacional do Partido Democrata, que começou em 19 de agosto e vai até o dia 22, em Chicago.
Supostamente este seria um momento em que Kamala teria a chance de "brilhar", mas aparentemente não é o que está acontecendo.
Ainda há muito chão pela frente — em setembro deveremos ter uma noção melhor de qual será o desfecho desse divisor de águas para criptomoedas.

Abraços,
Luis Kuniyoshi
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Mercado internacional reage ao balanço da Nvidia, divulgado na noite de ontem e que frustrou as expectativas dos investidores
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Na bolsa, assim como em campo, devemos ficar particularmente atentos às posições em que cada ação pode atuar diante das mudanças do mercado
O lixo que vale dinheiro: o sonho grande da Orizon (ORVR3), e o que esperar dos mercados hoje
Investidores ainda repercutem demissão de diretora do Fed por Trump e aguardam balanço da Nvidia; aqui no Brasil, expectativa pelos dados do Caged e falas de Haddad
Promessas a serem cumpridas: o andamento do plano 60-30-30 do Inter, e o que move os mercados hoje
Com demissão no Fed e ameaça de novas tarifas, Trump volta ao centro das atenções do mercado; por aqui, investidores acompanham também a prévia da inflação
Lady Tempestade e a era do absurdo
Os chineses passam a ser referência de respeito à propriedade privada e aos contratos, enquanto os EUA expropriam 10% da Intel — e não há razões para ficarmos enciumados: temos os absurdos para chamar de nossos
Quem quer ser um milionário? Como viver de renda em 2025, e o que move os mercados hoje
Investidores acompanham discursos de dirigentes do Fed e voltam a colocar a guerra na Ucrânia sob os holofotes
Da fila do telefone fixo à expansão do 5G: uma ação para ficar de olho, e o que esperar do mercado hoje
Investidores aguardam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande
Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin
Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas
A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?
A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas
Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil
Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank