Semana selvagem na bolsa: após surto de turbulência, para onde o investidor vai olhar agora?
Índices caindo mais de 12%, dólar renovando máximas e yields (rendimentos) dos títulos mais seguros do mundo nas mínimas — após a montanha-russa da semana passada, saiba o que esperar

Uma semana de oscilações selvagens nos mercados financeiros tem feito investidores olharem para os dados de inflação, resultados corporativos e pesquisas de intenção de voto em busca de sinais que possam amenizar um recente surto de turbulência na bolsa dos EUA.
Após meses de negociações plácidas, a volatilidade no mercado norte-americano aumentou na última semana, quando uma série de dados acionaram o alarme dos investidores e culminaram com o desenrolar de um carry trade massivo, alimentado por ienes, para lidar com as ações em sua pior liquidação do ano.
Embora a bolsa tenha se recuperado nos últimos dias, os traders acreditam que levará um tempo até que a calma retorne aos mercados.
De fato, o comportamento histórico do Cboe Volatility Index (VIX) — que deu o maior salto de diário na segunda-feira (5) — mostra que surtos de volatilidade geralmente levam meses para se dissipar.
O S&P 500, por exemplo, ainda está em queda de cerca de 6% em relação à máxima recorde estabelecida no mês passado, mesmo depois de recuperar terreno em uma série de ralis após a liquidação esmagadora do início da semana passada.
- “O dólar perfeito nunca vai existir”, diz analista Enzo Pacheco. Veja por que você não deve esperar a moeda cair para buscar lucros
Onde está o problema que derrubou a bolsa?
O problema para muitos investidores é a trajetória da economia dos EUA. Após meses apostando em um pouso suave, os investidores correram para precificar o risco de uma desaceleração mais severa que pode acabar em uma recessão.
Leia Também
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, não acredita que a maior economia do mundo vai entrar em recessão — pelo menos no curto prazo.
“Para ter uma recessão nos EUA, tecnicamente falando, a gente precisa de dois trimestres de recessão técnica mais um payroll negativo e não me parece ser o caso. Há uma normalização do mercado de trabalho, há uma normalização da atividade econômica, mas uma recessão”, afirmou.
E o gatilho das fortes perdas da bolsa da semana passada foi justamente o payroll de julho nos EUA.
O principal relatório de emprego do país mostrou que por lá a abertura de vagas no mês passado desacelerou mais do que o esperado: foram abertos 114 mil postos de trabalho no mês passado, de 179 mil de junho e abaixo dos 185 mil esperados pelos economistas consultados pela Dow Jones. A taxa de desemprego, por sua vez, aumentou para 4,3%.
Os dados fracos de emprego levaram muitos investidores a acreditar que talvez o Federal Reserve devesse ter agido na reunião do final de julho, quando manteve os juros no maior patamar em 23 anos.
O receio é de que, com os juros tão altos — entre 5,25% e 5,50% ano — a economia dos EUA entre em recessão.
James Knightley, economista-chefe internacional do ING, lembra que a economia norte-americana cresceu a uma taxa anualizada próxima de 3% no segundo trimestre e ainda está criando empregos, embora a inflação esteja acima da meta de 2% do Federal Reserve.
“Há o argumento de que o ímpeto está diminuindo e o Fed está mudando de foco da inflação para os empregos, mas a menos que haja estresse no sistema financeiro, não vemos necessidade de ação iminente e o Fed pode de fato esperar e observar o fluxo de dados antes de decidir o que fazer na reunião do Fomc de setembro”, afirma Knightley.
OS MELHORES INVESTIMENTOS PARA AGOSTO: AÇÕES, FIIS, DIVIDENDOS E BDRS I ONDE INVESTIR NESTE MÊS
Para onde os investidores vão olhar nesta semana?
Um possível ponto crítico da semana que se inicia será divulgado na quarta-feira (14), com o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) norte-americano.
Sinais de que a inflação está desacelerando muito podem reforçar os temores de que o Fed tenha levado a economia dos EUA a uma espiral descendente ao deixar os juros elevados por muito tempo, contribuindo para a turbulência do mercado.
Os resultados corporativos do segundo trimestre também devem continuar no radar — a Nvidia, por exemplo, ainda não divulgou o balanço, que está previsto ainda para este mês.
No geral, as empresas do S&P 500 relataram desempenho 4,1% acima das expectativas, em linha com a média de longo prazo de 4,2% de alta, de acordo com dados da LSEG.
A corrida presidencial dos EUA também tem potencial de aumentar a incerteza da semana que começa. A democrata Kamala Harris abriu quatro pontos de vantagem sobre o republicano Donald Trump em quatro estados-chave, segundo pesquisa do New York Times do final de semana.
Com quase três meses até a votação de 5 de novembro, os investidores estão preparados para reviravoltas adicionais em um ano eleitoral que está sendo considerado um dos mais dramáticos da memória recente, com a tentativa de assassinato de Trump e a desistência de Joe Biden à reeleição.
Ozempic na mira de Trump? Presidente dos EUA diz que haverá tarifas para farmacêuticas — e aproveita para alfinetar Powell de novo
Durante evento para entregar investimentos, Trump disse entender muito mais de taxas de juros do que o presidente do Fed
China já sente o peso das tarifas de Trump: pedidos de exportação desaceleraram fortemente em abril
Empresas americanas estão cancelando pedidos à China e adiando planos de expansão enquanto observam o desenrolar da situação
Andy Warhol: 6 museus para ver as obras do mestre da Pop Art — incluindo uma exposição inédita no Brasil
Tão transgressor quanto popular, Warhol ganha mostra no Brasil em maio; aqui, contamos detalhes dela e indicamos onde mais conferir seus quadros, desenhos, fotografias e filmes
Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê
Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Starbase: o novo plano de Elon Musk para transformar casa da SpaceX na primeira cidade corporativa do mundo
Moradores de enclave dominado pela SpaceX votam neste sábado (03) a criação oficial de Starbase, cidade idealizada pelo bilionário no sul do Texas
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Petrobras (PETR4) opera em queda, mas nem tudo está perdido: chance de dividendo bilionário segue sobre a mesa
A estatal divulgou na noite de terça-feira (29) os dados de produção e vendas do período de janeiro e março, que foram bem avaliados pelos bancos, mas não sobrevive às perdas do petróleo no mercado internacional; saiba o que está por vir com relação ao balanço
Conheça os 50 melhores bares da América do Norte
Seleção do The 50 Best Bars North America traz confirmações no pódio e reforço de tendências já apontadas na pré-lista divulgada há algumas semanas
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Focus prevê IPCA menor ao final de 2025, mas ainda acima do teto da meta: veja como buscar lucros acima da inflação com isenção de IR
Apesar da projeção de uma inflação menor ao final de 2025, o patamar segue muito acima da meta, o que mantém a atratividade dessa estratégia com retorno-alvo de 17% e livre de IR
Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio
Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.