Sem chance de virada para o real? Os três fatores que devem manter o dólar em alta até o fim de 2024, segundo o mercado
Para participantes do mercado, a pressão tende a elevar as projeções de câmbio para o fim de 2024 — ainda que possa haver um alívio em relação aos níveis atuais
Desde a virada de setembro, o dólar acumula alta de 4% frente ao real e, na visão do mercado, a pressão tende a elevar as projeções de câmbio para o fim de 2024 — ainda que possa haver um alívio em relação aos patamares atuais, em torno de R$ 5,65.
Na ponta do lápis, entram três fatores principais: os juros nos Estados Unidos, as eleições norte-americanas e a situação fiscal no Brasil.
- Trump ou Kamala no poder? Evento traz especialistas para analisar os impactos da eleição americana no seu bolso; veja como assistir gratuitamente
Do lado dos juros, a pressão vem do fato de que dirigentes do Federal Reserve (Fed) descartaram novo corte de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião de política monetária nos EUA.
Além disso, a maior probabilidade de que o republicano Donald Trump, se eleito presidente dos Estados Unidos, adote uma política econômica mais protecionista é outro fator de pressão ao câmbio.
No cenário doméstico, a deterioração no sentimento com a política fiscal brasileira também pesa contra o real.
O contraponto seria a possibilidade de preços mais elevados das commodities, mas mesmo essa situação é permeada por incertezas envolvendo a China e os conflitos no Oriente Médio.
Leia Também
Apesar de a China ter anunciado um novo pacote de estímulos, o governo segue sem dar grandes detalhes, o que vem frustrando investidores.
As apostas para o dólar
Nesta semana, a Western Asset já elevou a estimativa de câmbio para o fim deste ano: de R$ 5,40 com perspectiva de alta para R$ 5,50, mantendo o viés.
A mudança considera a piora da expectativa com o juro dos Estados Unidos, de corte mais lento e com incerteza sobre a taxa terminal de juros a que o Fed vai chegar, levando em conta também a possibilidade de eleição de Trump, segundo o economista-chefe Adauto Lima.
O contrato à vista já aponta para a perda de apetite do real recentemente, visto que o dólar saiu da casa de R$ 5,40 no fim de setembro para R$ 5,67 na última quinta-feira (17).
O primeiro ponto de atenção foi no mês passado, quando o presidente do Fed, Jerome Powell, apontou que o cenário-base do banco central é de mais dois cortes de 25 pontos-base neste ano.
Com falas de outros dirigentes do Fed reforçando essa postura, o mercado parou de apostar em outro corte de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião do BC americano, o que mina a atratividade de moedas emergentes — mesmo com o Brasil ainda no início do ciclo de aperto monetário.
"Com Fed mais ‘data dependent’ e situação não tão acomodatícia, acaba entrando um risco de cauda de que possa até não ter corte na próxima reunião, caracterizando um ciclo intermitente de flexibilização nos juros. E, se for isso mesmo, não tem jeito: aí é dólar mais forte", disse o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, ao Broadcast.
A Ativa trabalha com projeção de dólar a R$ 5,30 para o fim de 2024, mas viés de alta por causa do Fed e devido à deterioração do cenário fiscal, que entrou mais forte no preço na última semana, segundo Sanchez.
O peso do fiscal brasileiro
O mal-estar com o cenário fiscal aumentou e teve como gatilho a notícia de que o Ministério da Fazenda estaria trabalhando na criação de imposto mínimo para milionários, como contrapartida para aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para R$ 5 mil mensais, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mesmo após o ministro Fernando Haddad dizer que a medida só deve ficar para 2025 e que o foco, agora, são ações para conter as despesas, o azedume permaneceu no mercado.
Tanto que o real teve, de longe, a pior performance ante as principais divisas emergentes e de exportadores de commodities na semana passada, acumulando desvalorização de 2,92%.
"De agora até o fim do ano, acho que tem probabilidade maior de revisões para cima no câmbio. Por mais que vejamos esforço grande do ministro Haddad em entregar metas, a não ser que o governo mude de forma mais contundente a comunicação, não acho que teremos muito alívio e o ambiente deve ficar muito ruidoso", disse a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico.
Damico destaca que, do ponto de vista sazonal, há uma saída maior de recursos principalmente nos meses de novembro e dezembro por causa da remessa de dividendos mais forte e pagamento de juros pelas empresas.
Ela lembra que os sites de apostas online (bets) e as criptomoedas vêm pressionando a conta financeira desde o início do ano. "Mas isso já era esperado, a novidade foi ruído adicional fiscal", afirmou.
A Armor Capital trabalha com projeção de R$ 5,50 para o dólar ao fim de 2024, também com viés de alta.
- A carteira de investimentos ideal existe? BTG Pactual quer ajudar investidores a montar carteira personalizada para diferentes estratégias; saiba mais
Briga pela Casa Branca impulsiona o dólar
Mas a cereja do bolo para o cenário adverso no câmbio veio na terça-feira (15), quando Donald Trump reafirmou a defesa de um aumento das tarifas de importação, caso seja eleito — e parte das pesquisas vem apontando maior probabilidade deste cenário.
Essa possibilidade deteriorou ainda mais o apetite de moedas emergentes pelo temor de uma nova guerra comercial.
Para Damico, da Armor Capital, o cenário de Trump mais agressivo e com maioria tanto na Câmara quanto no Senado dos EUA poderia implicar em viés de alta mais intenso para o câmbio, pois o dólar se fortaleceria globalmente.
"Uma eleição de Trump pode afetar a percepção de risco para moedas emergentes, então nesse balanço de risco acreditamos que o real deve se depreciar mais do que o esperado anteriormente", complementou Lima, da Western Asset.
Uma ação que já disparou 150% no ano ainda pode mais? Itaú BBA diz o que esperar da Embraer (EMBR3) daqui para frente
O valuation da fabricante brasileira de aeronaves é uma preocupação para os investidores atualmente; o banco fez uma comparação com a Airbus e diz qual delas vale a pena
O pior ficará em 2024? Com queda de 47% no ano, ação da Kora (KRSA3) sobe após conclusão de reperfilamento da dívida
Depois de se debruçar nos últimos meses na operação, a companhia agora tem os instrumentos necessários para fortalecer sua estrutura de capital e também a liquidez
Quando até a morte é incerta: Em dia de agenda fraca, Ibovespa reage ao IBC-Br em meio a expectativa de desaceleração
Mesmo se desacelerar, IBC-Br de outubro não altera sinalizações de alta dos juros para as próximas reuniões
A Selic subiu, o dólar disparou e chegou a hora de fazer alguns ajustes no portfólio – mas sem exageros
Muitas vezes os investidores confundem “ajustes” com “mudança completa” e podem acabar sendo pegos no contrapé, perdendo muito dinheiro com aquilo que acreditavam ser uma estratégia defensiva
Dólar vai acima de R$ 7 ou de volta aos R$ 5,20 em 2025: as decisões do governo Lula que ditarão o futuro do câmbio no ano que vem, segundo o BTG
Na avaliação dos analistas, há duas trajetórias possíveis para o câmbio no ano que vem — e a direção dependerá quase que totalmente da postura do governo daqui para frente
Suzano (SUZB3) revisa estimativas de custos devido à alta do dólar e da inflação e ações caem na B3 durante Investor Day
O CEO da empresa de papel e celulose, Beto Abreu, disse que investidores não deveriam esperar por uma grande aquisição da companhia nos próximos anos
Depois do adeus de Campos Neto com alta da Selic, vem aí a decisão dos juros nos EUA — e o mercado diz o que vai acontecer por lá
Novos dados de inflação e emprego da maior economia do mundo deixam mais claro qual será o próximo passo do Fed antes da chegada de Donald Trump na Casa Branca; por aqui, Ibovespa recua e dólar sobe
Ninguém escapa da Selic a 12,25%: Ações do Carrefour (CRFB3) desabam 10% e lideram perdas do Ibovespa, que cai em bloco após aperto de juros pelo Copom
O desempenho negativo das ações brasileiras é ainda mais evidente entre as empresas cíclicas e companhias que operam mais alavancadas
Happy Hour garantido para os acionistas da Ambev (ABEV3): Gigante das cervejas vai distribuir R$ 10,5 bilhões em dividendos e JCP
A chuva de proventos da Ambev deve pingar em duas datas. Os JCP serão pagos em 30 de dezembro deste ano, enquanto os dividendos serão depositados em 7 de janeiro de 2025
Alupar (ALUP11) anuncia recompra de ações: o que isso significa para investidores da empresa de energia elétrica?
Programa de aquisição de units representa a 1,17% do capital social da empresa
Caça ao tesouro (Selic): Ibovespa reage à elevação da taxa de juros pelo Copom — e à indicação de que eles vão continuar subindo
Copom elevou a taxa básica de juros a 12,25% ao ano e sinalizou que promoverá novas altas de um ponto porcentual nas próximas reuniões
Hapvida (HAPV3) sobe na B3 em meio a estimativas sobre novos reajustes nos planos de saúde — mas esse bancão ainda prefere outras duas ações do setor
Em contas preliminares do BTG Pactual, os planos de saúde individuais devem passar por um aumento de cerca de 5,6% nos preços para o ciclo 2025-26
Hidrovias do Brasil (HBSA3) pede autorização para vender 20% dos ativos e ações sobem na B3. Vale a pena embarcar nessa agora?
Companhia viu lucro virar prejuízo no terceiro trimestre, já anunciou aumento de capital e papéis já acumulam mais de 26% de perdas no ano
CSN (CSNA3) atualiza projeções de investimento e faz proposta por uma das maiores operadoras logísticas do Brasil
A companhia pretende adquirir 70% da Tora Transportes, mas ações caem na B3 em reação aos novos planos da siderúrgica
Stuhlberger à procura de proteção: lendário fundo Verde inicia posição vendida na bolsa brasileira e busca refúgio no dólar
Com apostas em criptomoedas e dólar forte, o Verde teve desempenho consolidado mensal positivo em 3,29% e conseguiu bater o CDI em novembro
Dividendos parcelados: Petrobras (PETR4) vai dividir remuneração do 3T24 aos acionistas — e ainda é possível ter direito aos JCP e proventos
No total, a gigante do petróleo vai depositar R$ 17,12 bilhões em dividendos referentes ao terceiro trimestre de 2024; veja os detalhes da distribuição
Encontros e despedidas: Ibovespa se prepara para o resultado da última reunião do Copom com Campos Neto à frente do BC
Investidores também aguardam números da inflação ao consumidor norte-americano em novembro, mas só um resultado muito fora da curva pode mudar perspectiva para juros
Por que os R$ 70 bilhões do pacote de corte de gastos são “irrelevantes” diante do problema fiscal do Brasil, segundo o sócio da Kinea
De acordo com Ruy Alves, gestor de multimercados da Kinea, a desaceleração econômica do Brasil resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do país
BB Investimentos vê Ibovespa em 153 mil pontos no fim de 2025 e recomenda as melhores ações e FIIs para o ano que vem
Relatório mostra as principais indicações dos analistas e dá um panorama do cenário macro no Brasil e no mundo
Gol (GOLL4) sobe mais de 10% na bolsa com plano de recuperação nos Estados Unidos e reforço financeiro de R$ 11 bilhões
Companhia aérea apresentou no U.S. Bankruptcy Court um plano inicial de reestruturação como parte do processo de Chapter 11, iniciado em janeiro