Como a seca dos IPOs na B3 vem atrapalhando a indústria de private equity — e o que esperar daqui pra frente, segundo a presidente da ABVCAP
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Priscila Rodrigues detalhou as oportunidades que existem no mercado de capitais privado atualmente; confira
Sem novos IPOs desde 2022 e em meio a condições macroeconômicas globais conturbadas, o mercado de capitais privado brasileiro vivencia um verdadeiro cenário de “batalha” em 2024, na avaliação de Priscila Rodrigues, sócia da Crescera Capital e presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
Os investimentos em private equity — isto é, que compram participações em empresas — somaram R$ 5,4 bilhões entre janeiro e maio no Brasil, uma queda de 19,4% em relação ao mesmo período de 2023, de acordo com relatório produzido pela TRT Data em parceria com a ABVCAP.
Quando comparadas com igual intervalo de 2021, quando a cifra chegou a R$ 11 bilhões antes do início da seca dos IPOs na bolsa brasileira, as aplicações nesta indústria caíram pela metade.
Vale lembrar que as aberturas de capital são uma das principais formas de saída para os fundos de private equity — que têm como objetivo vender suas participações no futuro, geralmente através de um IPO ou da venda da fatia para outra empresa.
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Desde 2022 sem novas ofertas públicas iniciais, a escassez de IPOs na B3 torna essa estratégia mais difícil e pode resultar em retornos mais baixos para os investidores de capital privado.
Fonte: TTR Data.
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“Hoje nós temos poucas empresas na B3. Tem espaço bastante grande, mas essas empresas precisam ter possibilidade de ir à bolsa, mas o mercado está bem fechado”, disse Rodrigues, em entrevista ao Seu Dinheiro.
Segundo a presidente da ABVCAP, a dinâmica de mercado não está pressionada apenas pela falta de apetite dos investidores, mas também pelas condições de mercado atuais para os ativos brasileiros.
“O pós-pandemia fez uma reprecificação importante de mercado, inclusive de valuation. Hoje tem muita companhia que estaria pronta para entrar na bolsa, mas elas decidem não abrir capital devido ao preço atual dos ativos na B3, e aí todo mundo se prejudica. Porque essas empresas não recebem capital novo para continuar a expansão, que geraria emprego para o país. É quase uma roda d'água, quanto mais água cai, mas rápido ela gira. Então a bolsa fechada há bastante tempo atrapalha.”
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Além do private equity
Para além do private equity, a indústria do venture capital — que aloca em startups, empresas em estágio inicial — também teve um árduo início de ano em 2024.
Os investimentos em VC totalizaram R$ 4,81 bilhões entre janeiro e maio deste ano, considerando tanto alocações em projetos empresariais em estágio inicial quanto em startups mais avançadas.
O montante representa um leve recuo de 4% em relação aos cinco primeiros meses de 2023.
Apesar da cifra ter se mantido praticamente estável em comparativo anual, a quantidade de operações em venture capital despencou 30% de um ano para o outro, passando de 239 transações para 166 negócios — o que indica cheques maiores nesta indústria ao longo de 2024.
Os principais setores que receberam investimentos neste ano foram o de tecnologia e de serviços financeiros, de acordo com pesquisa da TTR Data.
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O que esperar pela frente, segundo a presidente da ABVCAP
Na avaliação de Priscila Rodrigues, presidente da ABVCAP, ainda que o mercado de capitais privado tenha sido penalizado nos últimos anos, as perspectivas são positivas daqui para frente — especialmente diante das perspectivas de alívio de juros nos Estados Unidos.
“Existem oportunidades enormes no mercado, tanto de private equity quanto de venture capital”, disse Rodrigues.
“Hoje os múltiplos estão mais atrativos e comprimidos do que estavam anos atrás, e o capital também está mais escasso, então quem tem capital para alocar tem uma oportunidade para comprar teses em empresas bem focadas em operação e que precisam de capital para parar de queimar a caixa”, acrescentou.
Na avaliação da executiva, o mercado de desinvestimentos “um pouco mais tímido” criou uma oportunidade “muito grande” para o mundo na indústria de capital alternativo secundário — como o crédito privado e os investimentos em special situations.
“Minha visão é sempre de longo prazo e eu continuo cautelosamente otimista”, releva Rodrigues. “A gente tem papel fundamental no desenvolvimento econômico brasileiro. Tem players se movimentando, mas é um trabalho de formiguinha de construção, não vejo nenhum risco para essa indústria deixar de desistir.”
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