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Liliane de Lima
É repórter do Seu Dinheiro. Jornalista formada pela PUC-SP, já passou pelo portal DCI e setor de análise política da XP Investimentos.
A ‘bolha’ estourou?

O que explica a nova onda de demissões nas ‘big techs’ enquanto as ações das companhias só sobem nos Estados Unidos

Nesta semana, a Microsoft demitiu cerca de 2 mil pessoas. Nasdaq e S&P 500 operam em níveis recordes antes dos balanços das empresas de tecnologia

Liliane de Lima
26 de janeiro de 2024
16:45 - atualizado às 16:47
Logos das big techs americanas;Alphabet (Google), Apple, Amazon, Facebook e Microsoft; empresas de tecnologia
Logos das big techs americanas Alphabet (Google), Apple, Amazon, Facebook e Microsoft - Imagem: Shutterstock

As companhias de tecnologia iniciaram o ano de 2024 com o pé direito, com recordes nas bolsas dos Estados Unidos. O índice Dow Jones renovou a máxima histórica ao alcançar os 38 mil pontos, S&P 500 em patamar recorde e o Nasdaq está no nível mais alto em dois anos. 

A Microsoft, por exemplo, alcançou R$ 3 trilhões em valor de mercado — patamar que só a Apple tinha atingido até então — nesta semana. Contudo, o ambiente aparentemente favorável não espantou a onda de demissões nas gigantes de tecnologia. 

Na última quinta-feira (25), a empresa fundada por Bill Gates demitiu 1.900 funcionários — cerca de 9% do quadro de pessoal da divisão de jogos da companhia. 

A reestruturação na gigante de tecnologia faz parte de um “plano de execução”, com a previsão de corte de algumas áreas, de acordo com o CEO da Microsoft Gaming, Phil Spencer, em carta aos funcionários. 

As demissões acontecem quatro meses após a companhia adquirir a Activision Blizzard. Desde então, as equipes de Activision, Blizzard e King estão em processo de integração com a Microsoft. 

“Juntos, definimos prioridades, identificamos áreas de sobreposição e garantimos que estamos todos alinhados quanto às melhores oportunidades de crescimento”, afirma Spencer. 

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Vale lembrar que a Microsoft propôs pela primeira vez a compra da Activision em janeiro de 2022, mas o negócio só foi fechado em outubro de 2023, por cerca de US$ 68,7 bilhões — a maior operação da história do setor de games.

Tecnologia: nova onda de demissões? 

Se por um lado, as ações de tecnologia têm disparado em janeiro, por outro, as demissões também estão em ritmo acelerado nos Estados Unidos. 

Segundo dados do site Layoffs.fyi, que agrega as demissões realizadas em todo o mundo, cerca de 61 empresas de tecnologia no país desligaram aproximadamente 12,5 mil trabalhadores em janeiro até agora. Esse é o maior número desde março. 

Um dos casos mais recentes é a fintech Brex, fundada pelos jovens brasileiros Pedro Franceschi e Henrique Dubugras — que ganhou os holofotes em outubro de 2023 com o casamento em Fernando de Noronha. 

A startup demitiu 282 pessoas nesta terça-feira (23). As áreas afetadas pelo corte não foram divulgadas. 

No início do mês, a Google confirmou o corte de centenas de empregos das áreas de engenharia e hardware. 

Vale lembrar que as demissões atingiram o pico em janeiro do ano passado, quando 277 empresas de tecnologia cortaram quase 90 mil empregos. Na época, o setor de tecnologia foi pressionado pelo cenário macroeconômico de juros mais elevados. 

PODCAST TOUROS E URSOS - O ano das guerras, Trump rumo à Casas Branca e China mais fraca: o impacto nos mercados

Inteligência artificial, a grande ameaça

Agora, o cenário é diferente da onda de demissões enfrentada no ano passado. Em 2024, o mercado opera mais otimista com as ações de tecnologia, em meio à desaceleração da inflação e à perspectiva de afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. 

Um dos motivos para as demissões no início deste ano é a mudança de foco: o desenvolvimento de produtos de inteligência artificial.

Essa foi, pelo menos, a justificativa da Google, que deve priorizar ferramentas de IA, como o chatbot Bard e o modelo de linguagem Gemini, em meio à corrida de concorrência com a Microsoft e a Amazon. 

Além disso, estão em jogo orçamentos menores. Vale lembrar que o fundador da Meta — dona do Facebook, WhatsApp e Instagram — chamou 2023 de “ano da eficiência” , em que reduziu cerca de 20 mil empregos na companhia. Por outro lado, as ações da empresa saltaram cerca de 178% entre janeiro e dezembro.  

Por fim, Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft divulgam os resultados do quarto trimestre e do acumulado de 2023 nas próximas semanas. 

*Com informações de CNBC 

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