O banho de sangue do Fed nas bolsas: dólar a R$ 6,27, Ibovespa abaixo dos 121 mil pontos e Dow Jones na pior sequência em 50 anos
O banco central norte-americano cortou os juros como o mercado esperava, mas foram as projeções e o que Jerome Powell disse depois que azedaram o humor dos investidores aqui e lá fora
A última reunião do Federal Reserve (Fed) de 2024 promoveu um verdadeiro banho de sangue nas bolsas nesta quarta-feira (18): o dólar chegou a R$ 6,27 por aqui, o Ibovespa perdeu os 121 mil pontos e o Dow Jones terminou o dia com a pior sequência em 50 anos.
E o problema não foi a decisão sobre a taxa da maior economia do mundo, mas o que veio junto com ela. Você pode conferir os detalhes dessa decisão aqui.
O comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) cortou, como era amplamente esperado, os juros em 25 pontos-base (pb), trazendo a taxa para o mesmo nível de dezembro de 2022, a 4,25% e 4,50% ao ano.
Só que junto com a decisão, como acontece a cada três meses, o Fomc apresentou as projeções atualizadas sobre a economia, a inflação, o emprego e os juros para os próximos anos.
Foi aí que o caldo começou a entornar. O Fed indicou que reduzirá os juros apenas mais duas vezes em 2025 — uma projeção que corta pela metade as intenções do comitê quando as projeções foram atualizadas pela última vez, em setembro.
- VEJA MAIS: 3 características que o investidor precisa ter para comprar bolsa brasileira agora, segundo analista
Powell azedou o humor de vez
Mas foi quando o presidente do Fed, Jerome Powell, começou a responder às perguntas durante a tradicional entrevista coletiva após as decisões de política monetária que as coisas, de fato, pioraram aqui e lá fora.
Leia Também
Powell disse que os juros nos EUA estão perto do nível neutro — aquele que não superaquece ou esfria demais a economia — e que é preciso mais progresso na inflação para que a autoridade continue cortando os juros em 2025.
"Hoje foi uma decisão mais difícil, mas foi o correto a se fazer para promover os dois mandatos, de pleno emprego e estabilidade de preços", Powell começou dizendo.
"Quanto a cortes adicionais, vamos procurar mais progresso na inflação, bem como força contínua no mercado de trabalho", acrescentou.
Nas próprias palavras do presidente do BC norte-americano, o Fed está no momento — ou bem perto dele — de desacelerar o ritmo de novos cortes nos juros.
"Eu acho que as expectativas de menos cortes para o próximo ano realmente reflete tanto as leituras de inflação mais elevadas que tivemos este ano, quanto a expectativa de que a inflação será maior", completou.
FARIA LIMA VS. GOVERNO LULA: O que está na cabeça dos principais gestores de fundos
Powell assopra, mas as bolsas reagem mal
Powell até tentou suavizar as declarações, mas o estrago nas bolsas já estava feito.
O presidente do Fed disse que ainda há espaço para o banco central norte-americano continuar cortando os juros.
"A política monetária segue restritiva e está em boa posição. Acho que os cortes reais que faremos no próximo ano não serão por causa de nada que escrevemos hoje. Vamos reagir aos dados", disse.
Wall Street reagiu da pior maneira. O Dow Jones perdeu 1.100 pontos — a segunda vez que isso acontece este ano em uma única sessão — e completou 11 pregões seguidos de perdas, na pior sequência desde 1974.
O índice de 30 ações da bolsa de Nova York terminou a quarta-feira com queda de 2,58%, aos 42.326,879 pontos. O S&P 500 e o Nasdaq acompanharam a derrocada, com perdas de 2,95% e 3,56%, respectivamente.
No câmbio, o dólar se valorizou lá fora. O índice DXY, que mede a moeda norte-americana ante uma cesta de rivais fortes, subiu 1%, enquanto os yields (retornos) dos títulos do Tesouro dos EUA aceleraram os ganhos, renovando máximas intradiárias — o T-note de dez anos, referência para o mercado, chegou a tocar os 4,50%.
Já o VIX, índice conhecido como termômetro do medo em Wall Street, saltou quase 30% no fim da tarde de hoje.
O mercado brasileiro também não escapou do banho de sangue das bolsas lá fora. O dólar à vista renovou máxima atrás de máxima até atingir R$ 6,2707 (+2,86%) no pico do dia. A moeda norte-americana acabou terminando a sessão cotada a R$ 6,2657 (+2,78%), o maior valor nominal da história.
Na contramão, o Ibovespa renovou uma série de mínimas, chegando ao piso da sessão, aos 120.457,48 pontos. O principal índice de ações da bolsa brasileira acabou fechando com queda de 3,15%, aos 120.771,88 pontos.
O banho de sangue nas bolsas: era para tanto?
Quem acompanha os mercados e a política monetária norte-americana pode achar que a reação das bolsas foi exagerada, como é o caso do ING.
Apesar disso, o banco holandês vê como praticamente certa a pausa no corte de juros nos EUA em janeiro e pondera que uma nova redução em março do ano que vem dependerá dos efeitos das políticas sugeridas por Donald Trump — o republicano assume em 20 de janeiro.
A Capital Economics pontua que a atualização das projeções do Fed foi bastante agressiva.
A consultoria britânica reviu suas estimativas e agora passa a ver um corte acumulado de 50 pontos-base para os juros nos EUA em 2025 — em linha com as previsões atuais do BC norte-americano.
James Orlando, diretor e economista-sênior da TD Economics, diz que os investidores não devem descartar completamente um corte de juros em janeiro, mas faz alertas importantes.
A ferramenta FedWatch do CME Group mostra que o mercado ampliou as apostas para a manutenção dos juros no mês que vem. Há 88,5% de probabilidade de a taxa ser mantida no nível atual de 4,25% a 4,50% ante 79,9% registrado antes da divulgação da decisão monetária desta tarde.
Por outro lado, a possibilidade de corte mais brando, de 25 pb caiu a 11,2%, ante 19% antes da publicação.
“A precificação do mercado indica uma abordagem mais cautelosa do Fed, com a probabilidade crescente de que o BC dos EUA tenha que pausar os cortes de juros em janeiro. Embora não pensemos que os investidores devam descartar completamente uma redução no mês que vem, vale lembrar que a inflação está presa em 2,8% e há expectativa de que Donald Trump seguirá uma estratégia política inflacionária”, disse Orlando.
Nasdaq bate à porta do Brasil: o que a bolsa dos ‘todo-poderosos’ dos EUA quer com as empresas daqui?
Em evento em São Paulo, representantes da bolsa norte-americana vieram tentar convencer as empresas de que abrir capital lá não é um sonho tão distante
Ibovespa volta a fazer história: sobe 1,72% e supera a marca de 153 mil pontos antes do Copom; dólar cai a R$ 5,3614
Quase toda a carteira teórica avançou nesta quarta-feira (5), com os papéis de primeira linha como carro-chefe
Itaú (ITUB4) continua o “relógio suíço” da bolsa: lucro cresce, ROE segue firme e o mercado pergunta: é hora de comprar?
Lucro em alta, rentabilidade de 23% e gestão previsível mantêm o Itaú no topo dos grandes bancos. Veja o que dizem os analistas sobre o balanço do 3T25
Depois de salto de 50% no lucro líquido no 3T25, CFO da Pague Menos (PGMN3) fala como a rede de farmácias pode mais
O Seu Dinheiro conversou com o CFO da Pague Menos, Luiz Novais, sobre os resultados do terceiro trimestre de 2025 e o que a empresa enxerga para o futuro
FII VGHF11 volta a reduzir dividendos e anuncia o menor pagamento em quase 5 anos; cotas apanham na bolsa
Desde a primeira distribuição, em abril de 2021, os dividendos anunciados neste mês estão entre os menores já pagos pelo FII
Itaú (ITUB4) perde a majestade e seis ações ganham destaque em novembro; confira o ranking das recomendações dos analistas
Após voltar ao topo do pódio da série Ação do Mês em outubro, os papéis do banco foram empurrados para o fundo do baú e, por pouco, não ficaram de fora da disputa
Petrobras (PETR4) perde o trono de empresa mais valiosa da B3. Quem é o banco que ‘roubou’ a liderança?
Pela primeira vez desde 2020, essa companhia listada na B3 assumiu a liderança do ranking de empresas com maior valor de mercado da bolsa brasileira; veja qual é
Fundo imobiliário GARE11 vende 10 imóveis, locados ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), por R$ 485 milhões
A venda envolve propriedades locadas ao Grupo Mateus (GMAT3) e ao Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que pertenciam ao FII Artemis 2022
Ibovespa atinge marca inédita ao fechar acima dos 150 mil pontos; dólar cai a R$ 5,3574
Na expectativa pela decisão do Copom, o principal índice de ações da B3 segue avançando, com potencial de chegar aos 170 mil pontos, segundo a XP
A última dança de Warren Buffett: ‘Oráculo de Omaha’ vai deixar a Berkshire Hathaway com caixa em nível recorde
Lucro operacional da Berkshire Hathaway saltou 34% em relação ao ano anterior; Warren Buffett se absteve de recomprar ações do conglomerado.
Ibovespa alcança o 5º recorde seguido, fecha na marca histórica de 149 mil pontos e acumula ganho de 2,26% no mês; dólar cai a R$ 5,3803
O combo de juros menores nos EUA e bons desempenhos trimestrais das empresas pavimenta o caminho para o principal índice da bolsa brasileira superar os 150 mil pontos até o final do ano, como apontam as previsões
Maior queda do Ibovespa: o que explica as ações da Marcopolo (POMO4) terem desabado após o balanço do terceiro trimestre?
As ações POMO4 terminaram o dia com a maior queda do Ibovespa depois de um balanço que mostrou linhas abaixo do que os analistas esperavam; veja os destaques
A ‘brecha’ que pode gerar uma onda de dividendos extras aos acionistas destas 20 empresas, segundo o BTG
Com a iminência da aprovação do projeto de lei que taxa os dividendos, o BTG listou 20 empresas que podem antecipar pagamentos extraordinários para ‘fugir’ da nova regra
Faltou brilho? Bradesco (BBDC4) lucra mais no 3T25, mas ações tombam: por que o mercado não se animou com o balanço
Mesmo com alta no lucro e na rentabilidade, o Bradesco viu as ações caírem no exterior após o 3T25. Analistas explicam o que pesou sobre o resultado e o que esperar daqui pra frente.
Montanha-russa da bolsa: a frase de Powell que derrubou Wall Street, freou o Ibovespa após marca histórica e fortaleceu o dólar
O banco central norte-americano cortou os juros pela segunda vez neste ano mesmo diante da ausência de dados econômicos — o problema foi o que Powell disse depois da decisão
Ouro ainda pode voltar para as máximas: como levar parte desse ganho no bolso
Um dos investimentos que mais renderam neste ano é também um dos mais antigos. Mas as formas de investir nele são modernas e vão de contratos futuros a ETFs
Ibovespa aos 155 mil pontos? JP Morgan vê três motores para uma nova arrancada da bolsa brasileira em 2025
De 10 de outubro até agora, o índice já acumula alta de 5%. No ano, o Ibovespa tem valorização de quase 24%
Santander Brasil (SANB11) bate expectativa de lucro e rentabilidade, mas analistas ainda tecem críticas ao balanço do 3T25. O que desagradou o mercado?
Resultado surpreendeu, mas mercado ainda vê preocupações no horizonte. É hora de comprar as ações SANB11?
Ouro tomba depois de máxima, mas ainda não é hora de vender tudo: preço pode voltar a subir
Bancos centrais globais devem continuar comprando ouro para se descolar do dólar, diz estudo; analistas comentam as melhores formas de investir no metal
IA nas bolsas: S&P 500 cruza a marca de 6.900 pontos pela 1ª vez e leva o Ibovespa ao recorde; dólar cai a R$ 5,3597
Os ganhos em Nova York foram liderados pela Nvidia, que subiu 4,98% e atingiu uma nova máxima. Por aqui, MBRF e Vale ajudaram o Ibovespa a sustentar a alta.