A proposta de uma nova âncora fiscal que substituirá o teto de gastos tem sido o principal tema que mexe com os investidores locais. Não se sabe quase nada da proposta que vem sendo analisada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, faz semanas.
Além de cozinhar o anúncio da proposta em banho-maria, o presidente exigiu reuniões preliminares com os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), além de economistas, antes de apresentar oficialmente a proposta.
As afirmações foram feitas pelo ministro da Economia, Fernando Haddad. "Vamos agendar essas reuniões, que devem acontecer entre hoje e amanhã", completou. Porém, Haddad não se comprometeu a apresentar o arcabouço antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na terça e na quarta-feira, 22.
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Divulgação da nova âncora fiscal se arrasta
O ministro garantiu que o anúncio do projeto de lei complementar ocorrerá ainda nesta semana, mas o envio ao Congresso pode levar mais tempo, já que o limite — até 15 de abril — seria o envio da Proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2024.
Mesmo com a proposta de novo arcabouço fiscal se arrastando, Haddad não poupou críticas à condução da política monetária brasileira e engrossou o coro com o presidente Lula ao atacar os juros altos.
"O Copom tem sua dinâmica. Não vamos atropelar o processo de conversa porque é preciso sair um projeto sóbrio. Não vai ser o açodamento que vai nos levar a isso. Já antecipei de agosto para meados de março", completou. "Vamos torcer para que saia ainda esta semana, antes da viagem presidencial à China", repetiu.
Nada de espiadinha
O ministro disse que não trabalha com vazamentos e disse lamentar que alguns companheiros de governo não sigam essa orientação de Lula.
"Tinha muita preocupação que vazassem coisas antes do presidente tomar conhecimento, e felizmente conseguimos que ele fosse o primeiro a conhecer antes de começarem os vazamentos que são típicos nesse tipo de projeto", acrescentou.
Haddad ainda se esquivou das críticas de colegas da Esplanada que reclamam que o arcabouço fiscal não teria sido discutido com a ala política do governo.
"Não vejo essa divisão no governo entre ala política e econômica. Fui candidato à Presidência pelo PT, então sou de que ala? Não faz sentido esse tipo de divisão. Toda divisão é técnica e política, e por isso é o presidente Lula que dá a última palavra. Temos que levar os subsídios para ele tomar uma decisão que contemple seus compromissos históricos, de campanha, e a sustentabilidade do País", concluiu.