Depois de romper o silêncio sobre o caso Americanas e chegar a comparar Jorge Paulo Lemann a Eike Batista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mirou sua artilharia na direção do banco central — de novo.
As declarações foram feitas em uma entrevista concedida na noite de quinta-feira (02), mas foram digeridas hoje pelo mercado financeiro — que não gostou nada nada do que o petista falou. Confira a reação do mercado nesta sexta-feira (03).
Lula voltou a criticar a autonomia do BC, embora disse estar "muito respeitoso" com a autarquia. Ele afirmou ainda que quer "saber" a quem serviu a mudança de status da instituição, embora tenha sinalizado que só promoverá este debate após o fim do mandato de Roberto Campos Neto, que fica no cargo até 2024.
O presidente manifestou a intenção de reunir um grupo de empresários para entender o porquê de a Selic estar em 13,75% e que cobrará essa explicação também de Campos Neto. "Vamos começar a cobrar", comentou.
Segundo Lula, não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%, uma vez que não existiria uma inflação de demanda.
A taxa de juros é a principal ferramenta de qualquer banco central para controlar a inflação. Se Lula quiser mesmo mudar as metas de inflação de 2023, 2024 e 2025, pode fazê-lo por um decreto presidencial. Em 25 anos do sistema de metas de inflação, houve revisão duas vezes, em 2002 e 2003.
Essa não é a primeira vez que o atual presidente critica o banco central brasileiro. No seu 19º dia no cargo, o petista criticou a autonomia do BC. Confira o que ele falou e a resposta de Campos Neto.
Lula fala do iR da reforma tributária
Na mesma entrevista, Lula disse ainda que vai recuperar a economia do País, fazer o ajuste da tabela do Imposto de Renda e aprovar a reforma tributária.
"Eu quero um País com responsabilidade fiscal, econômica, política e social", afirmou.
Para Lula, o mercado financeiro tem que entender que já ganha demais. "Entre o mercado e as pessoas com fome, vou fazer a opção de tirar as pessoas da fome", disse.
Lula afirmou também que o Brasil não pode crescer sozinho, mas com os outros países. "Não adianta ser rico cercado de miseráveis por todos os lados", completou.