Fim de um ciclo? Fed eleva taxa de juros em ritmo menor; veja o que Powell falou e a reação em Wall Street
O oitavo aperto monetário seguido foi de 0,25 ponto percentual, o que colocou o juros na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano — no menor aumento da série que começou em março de 2022

O Federal Reserve (Fed) elevou nesta quarta-feira (01) os juros em 0,25 ponto percentual, colocando-os na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano. A notícia, no entanto, não é o grau do aperto monetário, que já havia sido telegrafado pelo próprio Fed, mas sim até quando o banco central norte-americano seguir subindo a taxa básica.
Pelo que tudo indica, o ciclo dos grandes aumentos dos juros chegou ao fim, já que a inflação tem dado sinais de trégua. A próxima tarefa é avaliar quando parar de aumentar a taxa completamente.
Muitos especialistas acreditam que agora que os custos dos empréstimos estão restringindo o crescimento econômico, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) podem dar uma pausa e avaliar os efeitos da política até agora — um luxo que não tiveram quando a inflação estava superava os 9% e atingia o maior nível em 40 anos nos EUA.
Mas parece que a pausa não virá agora. "O Comitê antecipa que os aumentos em curso na faixa da meta serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo", diz o comunicado com a decisão.
Fed: por trás da decisão de hoje
O aumento de 0,25 pp de hoje marca o menor grau de aperto monetário realizado pelo Fed desde março de 2022 e uma desaceleração notável em relação à alta massiva de 0,75 pp e 0,50 pp aprovada em reuniões seis consecutivas no ano passado.
A decisão de hoje é também um retorno à tradição: até o ano passado, o banco central norte-americano não havia elevado a taxa básica em mais de 0,25 pp em nenhuma de suas reuniões desde 2000.
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Os membros do Fomc já haviam indicado que querem aumentar os juros de forma muito mais lenta e deliberada a partir de agora, estudando como a economia dos EUA está respondendo ao aperto monetário que foi colocado em marcha antes de aprovar outros — e potencialmente ir longe demais.
À medida que os temores de recessão ganham corpo, os investidores estão procurando uma razão para esperar que essa estratégia possa significar que o Fed está prestes a encerrar a agressiva campanha de aumento de juros que mais elevou a taxa básica desde a década de 1980.
Mas como o comunicado indicou que o processo de aperto deve continuar, a reação imediata em Wall Street não foi das melhores. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq aceleram as perdas assim que a decisão foi anunciada pelo Fed.
O mesmo recado de antes
No comunicado com a decisão, o Fed repetiu o mesmo de sempre: continuará elevando a taxa de juros para trazer a inflação de volta para a meta de 2% no longo prazo e está pronto para ajustar a política monetária se for necessário.
"Ao avaliar a orientação apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas", diz o comunicado.
O banco central norte-americano também reforçou que as próximas decisões serão tomadas de acordo com os indicadores econômicos, incluindo pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Inflação: uma mudança sutil no comunicado do Fed
O Fed tem dois mandatos: pleno emprego e estabilidade de preços, o que implica em uma taxa de inflação em 2%. Com o mercado de trabalho aquecido, o banco central norte-americano passou a se concentrar em trazer o inflação para o mais próximo da meta possível.
O trabalho, no entanto, é árduo e fez o Fed jogar a economia dos EUA à beira da recessão diante de apertos monetários muito agressivos — foram quatro elevações de 0,75 pp seguidas no ano passado.
O empenho parece estar dando resultado. Em dezembro, o núcleo do índice de preços para gastos pessoas (PCE, a medida preferida do Fed para a inflação) — que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia — subiu 4,4% em em base anual, abaixo da leitura de 4,7% em novembro e a taxa de crescimento anual mais lenta desde outubro de 2021.
Talvez por isso o comunicado do Fed de hoje não cite mais que os desequilíbrios entre oferta e demanda estão pressionando os preços nos EUA.
Sobre a inflação, o banco central norte-americano foi sucinto dessa vez: "A inflação desacelerou um pouco, mas continua elevada. A guerra da Rússia contra a Ucrânia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas e está contribuindo para aumentar a incerteza global. O Comitê está altamente atento aos riscos de inflação", diz o comunicado.
O que Powell acha disso tudo?
Antes da decisão e da coletiva de hoje, especialistas afirmavam que o presidente do Fed, Jerome Powell, ainda não daria a notícia que os investidores queriam: o ciclo de aperto monetário chegou ao fim.
E foi exatamente isso que aconteceu. O chefão do banco central norte-americano deixou a porta aberta para mais alguns aumentos de juros — embora não tenha se comprometido com nenhum caminho específico para a política monetária daqui para frente.
O recado de Powell foi claro: o Fed manterá o curso de aperto monetário até que o trabalho de trazer a inflação para a meta seja concluído — ainda que ele tenha reconhecido que, embora a inflação esteja acima dos 2%, as expectativas de inflação estão bem ancoradas.
“Não há espaço para complacência com a inflação. Por isso, precisamos nos manter restritivos por um tempo”, disse Powell na coletiva. “O efeito completo do aperto monetário ainda vai ser sentido”, acrescentou.
A opinião dos especialistas
Para Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, o tom do comunicado veio mais hawkish — isto é, favorável ao aperto monetário — com Fed destacando a responsabilidade e compromisso de trazer a inflação para a meta de 2%, com novas elevação a caminho.
"Outro destaque é que eles disseram estar preparados para fazer mais ajustes conforme acharem necessário para levar a inflação para a meta. Tendo em vista esse tom mais duro, não vejo que tão cedo o Fed iniciará uma redução de juros", disse.
Para os analistas do ING, a expressão “aumentos contínuos” usada no comunicado implica que o Fed têm pelo menos mais dois aumentos em mente, com Powell falando sobre a possibilidade de “mais alguns” aumentos nos juros antes que a política seja suficientemente restritiva.
"Temos nossas dúvidas de que isso será alcançado e continuamos a esperar apenas um aumento de taxa de 0,25 pp em março, com uma pausa depois disso", afirmam.
O Goldman Sachs foi ainda mais cirúrgico. "O comunicado diz agora que a 'extensão' e não o 'ritmo' dos aumentos futuros dependerá 'do aperto cumulativo da política monetária, dos desfasamentos com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e da evolução económica e financeira', indicando que o Fed espera aumentar os juros em 0,25 pp daqui para frente".
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