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Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero com especialização em Macroeconomia e Finanças (FGV) e pós-graduação em Mercado Financeiro e de Capitais (PUC-Minas). Com passagens pelo portal R7, revista IstoÉ e os jornais DCI, Agora SP (Grupo Folha), Estadão e Valor Econômico, também trabalhou na comunicação estratégica de gestoras do mercado financeiro.
FAREJANDO OUTRAS POSSIBILIDADES

O plano da Petz (PETZ3) para buscar rentabilidade após o fim da “revolução dos bichos” da pandemia

Estratégia da Petz (PETZ3) para 2023 envolve lojas menores, encerramento de alguns serviços e piloto de plano de saúde para bichinhos

Ana Carolina Neira
Ana Carolina Neira
3 de abril de 2023
6:45 - atualizado às 14:23
petz
Loja da Petz - Imagem: Divulgação

Bem diferente daquilo que vimos acontecer com boa parte das empresas no primeiro ano da pandemia, a Petz (PETZ3) viveu um período e tanto em 2020. A rede de lojas de produtos para animais de estimação captou R$ 3 bilhões com sua estreia na bolsa e viu uma onda de novos pais e mães de pet chegarem ao mercado.

Responsável por parcerias com ONGs que colocam animais para adoção, a rede trouxe para mais perto de si não apenas quem já tinha um bichinho, mas também quem precisava montar o primeiro enxoval do pet, levá-lo a consultas com especialistas e adentrar esse mundo em que o cachorro ou o gato da casa são tratados como membros da família.

Eu mesma fui uma das pessoas que, incentivadas pelo período de restrições que deixou todo mundo dentro de casa, trouxe para casa o Faraó — um imponente poodle — adotado diretamente em uma das lojas da Petz.

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"O ano de 2020 foi aquele em que todas as estrelas estavam alinhadas, todo mundo adotando, o consumo crescendo muito. Então surfamos bem essa onda até 2021", conta Aline Penna, diretora financeira da Petz, em entrevista ao Seu Dinheiro.

Hoje, são 218 lojas espalhadas pelo Brasil e sete hospitais da Seres, a rede própria de cuidados para animais. Somente em 2022, a Petz bateu um recorde de aberturas de lojas com 50 novas unidades, sendo que pela primeira vez a metade delas está localizada fora de São Paulo — provando que a expansão deixa de ter a maior capital do país como foco, afim de diversificar o alcance da rede.

Além da Seres, a Petz é dona da Zee Dog, que fabrica coleiras, guias e acessórios para bichinhos; da marca Cansei de Ser Gato; da Petix, focada em tapetes higiênicos; e da Cão Cidadão, de adestramento.

Ou seja: englobam a vida do pet de ponta a ponta.

O Faraó, adotado na Petz do bairro do Limão, em São Paulo.

O fim da “revolução dos bichos”

O problema é que a “revolução dos bichos” que aconteceu no auge da pandemia minguou dois anos depois e segue na mesma tendência. Quem adotou um cachorro ou gato já tem mais controle de suas despesas e hoje já possui a maioria dos itens que o bichinho precisa.

Além disso, quem se dispunha a gastar, por exemplo, R$ 500 na Petz no começo da pandemia, hoje repensa essa despesa com a retomada de atividades como viagens e bares com amigos.

De lá para cá, a situação macroeconômica também não ajudou, com a inflação e os juros altos pesando no bolso do consumidor e apertando o caixa das empresas. Com menos renda disponível, os pets também se viram obrigados a abrir mão de um petisco, um sachê ou tiveram de se acostumar com uma ração mais barata.

"Hoje seguimos o mesmo plano de expansão, mas a exemplo do que vimos no ano passado, a oferta aumentou, mas sem necessariamente ser acompanhada pela demanda", comenta Aline Penna. 

Ela cita como exemplo justamente a compra de rações, que representa, em seus cálculos, 60% de tudo o que a Petz comercializa. Segundo a executiva, os tutores vão às lojas e gastam um valor semelhante ao anterior, mas com um mix diferente diante do aumento do preço da comida. Quem antes comprava ração e um brinquedo, agora se restringe ao essencial.

Isso resultou numa pressão de margens inevitável para a Petz, que ao mesmo tempo lidava com uma série de novas lojas ainda distantes de seu ponto de maturação e com operações deficitárias.

Um bom exemplo disso está no balanço referente ao quarto trimestre: o faturamento da rede cresceu 34,6% no período, para um total de R$ 934 milhões e acima das expectativas do mercado. Mas a rentabilidade, de fato, frustrou o mercado, com uma margem Ebitda ajustada de 7,4%, 2 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo período de 2021.

Como não podia ser diferente, o cenário desfavorável afetou o desempenho das ações da Petz (PETZ3), que acumulam uma forte queda de mais de 60% nos últimos 12 meses.

A Petz (PETZ3) precisava de uma solução

Durante a teleconferência com analistas para comentar os resultados referentes ao quarto trimestre de 2022 da Petz (PETZ3), o CEO Sérgio Zimerman falou abertamente sobre a necessidade de entregar margens melhores ainda neste ano. A regra, a partir de agora, é perseguir a rentabilidade.

Entre as estratégias seguidas para que isso aconteça, a Petz decidiu trazer um outro olhar para sua operação digital, que hoje representa 37,9% das vendas da rede, mas é menos rentável que as lojas físicas.

Ou seja, quanto mais a Petz vende pelos canais digitais, menor a margem. Mas a empresa promete mudar essa relação e já adotou algumas medidas. Entre elas, uma taxa de serviço e um valor mínimo de compras para oferecer o benefício do frete grátis.

"Nosso ano está baseado em três pilares: rentabilidade, crescimento e inovação, mas rentabilidade com certeza vem em primeiro lugar", afirmou a CFO da empresa ao Seu Dinheiro.

Outra decisão recente foi de fechar os serviços de banho e tosa e veterinária em algumas lojas da rede. De acordo com Aline Penna, esse plano está em prática basicamente em cidades que já contam com os mesmos serviços em outras unidades da Petz, em busca de mais eficiência, mas sem deixar os clientes sem opção.

A abertura de lojas menores também entrou no radar da rede, uma vez que cidades como São Paulo já contam com diversas unidades e nem todas precisam ser gigantescas e repletas de ofertas e variedade.

"O capex está caro, então vamos ter lojas mais compactas para sermos mais eficientes e fazer mais com menos. O problema é que tínhamos uma capacidade ociosa relativamente alta e precisamos focar em rentabilidade. Com margens melhores, nada me impede de voltar a ter esses serviços nessas unidades, mas não é agora", diz a diretora financeira.

Outros cuidados com os bichinhos

De olho nessa capacidade ociosa, um produto cada vez mais próximo de se tornar realidade — e muito desejado por tutores que confiam na rede — é a criação de um plano de saúde para animais de estimação.

Para a Petz, é algo que faz bastante sentido, uma vez que a maioria das lojas já conta com espaço disponível e profissionais veterinários contratados, que atuam nos hospitais da Seres.

O piloto do projeto do plano de saúde deve rodar em São Paulo a partir do meio do ano.

"Nós já temos as clínicas, algo que já está no nosso custo, então vamos encher esse espaço hoje subutilizado. Tenho veterinários com jornadas de oito horas de trabalho por dia, mas que às vezes atendem mesmo durante duas ou três horas, então a ideia é encher essa capacidade", conta Aline Penna.

Atualmente, o modelo adotado nas clínicas da Seres, que pertence à Petz, é de consultas particulares, o que explica porque nem sempre a agenda dos profissionais está lotada.

Para tornar esses planos realidade, a companhia contratou Massanori Shibata para o cargo de VP de Serviços no ano passado. Anteriormente, ele liderava a área de Filiais da Intermédica, mostrando que a Petz não está para brincadeira e contratou gente de peso para botar o plano de saúde pet de pé.

A CFO Aline Penna conta que outras possibilidades foram avaliadas, como parcerias com veterinários para preservar a relação de confiança que muitos tutores possuem com eles, além da compra de algum plano de saúde já consolidado no mercado e com uma carteira de clientes madura.

A conclusão foi que nenhuma dessas opções valeria para a Petz diante da dificuldade de rentabilizar o negócio e controlar os custos dessas operações.

Como bancar tudo isso?

Como a própria CFO da Petz diz, o momento da companhia não é nem o de estrelas alinhadas do início da pandemia, nem a tempestade perfeita vista no ano passado, mas algo mais próximo da normalidade.

Vale lembrar também que as aquisições da Petz são recentes e possuem resultados ainda aquém do esperado — a Zee Dog foi comprada em agosto de 2021 por R$ 715 milhões, enquanto a aquisição da Petix foi feita por R$ 70 milhões no ano passado.

Assim, a necessidade de financiamento também surgiu, o que levou a empresa a anunciar uma captação de R$ 400 milhões em debêntures, um plano que acabou azedando no mês de janeiro diante da crise da Americanas (AMER3).

Segundo Aline Penna, os planos não mudaram, mas a equipe achou melhor esperar que "o mercado desse uma respirada" e a conclusão deve acontecer nas próximas semanas.

Apesar da mudança de cronograma, as condições permanecem as mesmas, com um custo de dívida próximo ao que já havia sido anunciado: i.e. CDI + 1,55% ao ano com prazo de 5 anos.

Vale a pena comprar as ações da Petz (PETZ3)?

Com a forte queda das ações na B3, a Petz (PETZ3) vale hoje menos do que na época do IPO, em setembro de 2020. A dúvida que fica é: vale a pena aproveitar o momento e “adotar” os papéis da empresa?

Segundo dados compilados pela plataforma TradeMap, todas as nove recomendações dos analistas para as ações são de compra.

De maneira geral, a avaliação deles é de que se trata de um bom ativo, com crescimento sólido, mas que ainda é castigado pela alta dos juros, o que limita o avanço das ações.

Em outras palavras, se ter um pet em casa pode ser uma experiência extraordinária e com retorno garantido, virar acionista da Petz neste momento vai demandar no mínimo um pouco mais de paciência do investidor.

Leia também: Lemann ‘mais dono’ e fim do ‘sonho grande’ do e-commerce: o futuro da Americanas (AMER3) com o plano de recuperação

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