O setor de energia não é o mais sexy da bolsa, mas seus gordos dividendos fazem os olhos dos investidores pessoas físicas brilharem. E, nesse sentido, as empresas de transmissão, como a CTEEP (TRPL4), têm tudo para se destacar neste momento macroeconômico difícil.
Isso porque, de todos os segmentos de energia, o de transmissão é o mais estável e menos impactado por fatores como crescimento econômico, consumo e preços da energia, sujeitos às flutuações de oferta e demanda.
A CTEEP tem brilhado como grande pagadora de dividendos, mas será que poderemos esperar que o movimento continue daqui para frente?
Na noite desta quinta-feira (23), a companhia divulgará seus resultados do quarto trimestre e do ano de 2022, e embora o mercado aguarde bons números, a expectativa em relação aos dividendos não é das mais auspiciosas.
Os bancos que divulgaram prévias esperam que as principais métricas (receita líquida, Ebitda e lucro líquido) recuem ou se mantenham estáveis em relação ao terceiro trimestre do ano passado, mas cresçam na comparação anual.
A grande questão em relação aos dividendos, porém, conforme destacado pelo Itaú BBA, é a expectativa de uma redução no payout (percentual do lucro que é distribuído na forma de proventos) em função da alta alavancagem (endividamento) da companhia.
De qualquer forma, essa redução não deve ser imediata. O Itaú BBA ainda espera que a CTEEP anuncie uma distribuição de proventos junto com o balanço do quarto trimestre, totalizando um dividend yield (retorno com dividendos) de 4%.
- O SEGREDO DOS MILIONÁRIOS: as pessoas mais ricas do Brasil não hesitam em comprar ações boas pagadoras de dividendos. Veja como fazer o mesmo neste treinamento exclusivo que o Seu Dinheiro está liberado para todos os leitores.
VEJA TAMBÉM: Após ano desastroso, conheça setores que podem desponta no exterior
O que esperar para os números da CTEEP (TRPL4) no 4T22
O Santander e o BTG Pactual divulgaram recentemente as suas expectativas para a receita líquida, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) e o lucro líquido da CTEEP no quarto trimestre de 2022, conforme abaixo:
Receita líquida
- BTG Pactual: R$ 898 milhões (-2% vs. 3T22 / +35% vs. 4T21)
- Santander: R$ 891 milhões (-3% vs. 3T22 / +34% vs. 4T21)
- Consenso do mercado segundo as projeções da Bloomberg: R$ 1 bilhão (+9% vs. 3T22 / +50% vs. 4T21)
Ebitda
- BTG Pactual: R$ 640 milhões (-14% vs. 3T22 / +38% vs. 4T21)
- Santander: R$ 678 milhões (-11% vs. 3T22 / +46% vs. 4T21)
- Consenso do mercado segundo as projeções da Bloomberg: R$ 773 milhões (+4% vs. 3T22 / +67% vs. 4T21)
O Itaú BBA também disse esperar um crescimento de 32% no Ebitda no quarto trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.
Lucro líquido
- BTG Pactual: R$ 334 milhões (-14% vs. 3T22 / +150% vs. 4T21)
- Santander: R$ 389 milhões (+0,5% vs. 3T22 / +192 vs. 4T21)
- Consenso do mercado segundo as projeções da Bloomberg: R$ 337 milhões (-13% vs. 3T22 / +153% vs. 4T21).
Para o acumulado do ano de 2022, o Itaú BBA soltou as seguintes estimativas:
- Receita líquida de R$ 3,175 bilhões (+3,5% vs. 2021)
- Ebitda de R$ 2,519 bilhões (+6,9% vs. 2021)
- Lucro líquido de R$ 860 milhões (-2,1% vs. 2021)
E os dividendos?
Em relatório publicado no dia 12 de fevereiro, os analistas do Itaú BBA revisaram suas estimativas para a CTEEP de 2022 a 2026, elevando as previsões para receita líquida e Ebitda, mas reduzindo as projeções para o lucro líquido em quase todos os anos, com exceção de 2024.
Os motivos para essa queda nas projeções de lucro são as necessidades de investimento (Capex) por parte da companhia bem como a expectativa de uma taxa Selic mais elevada nos próximos anos.
O grande volume de desembolsos de Capex (concentrados sobretudo em 2024 e 2025), aliás, é um dos fatores que, na visão dos analistas do Itaú BBA, vêm dificultando a desalavancagem da companhia, projetada em cerca de três vezes a relação dívida líquida/Ebitda nos próximos anos.
Atualmente, a CTEEP distribui no mínimo 75% dos lucros, mas este payout tem limite de alavancagem de três vezes. O banco prevê um payout menor, de cerca de 50%, de 2024 a 2026, quando a alavancagem da companhia deve ficar pressionada e estourar o limite.
Os analistas, assim, projetam um dividend yield de 5,5% para a empresa no curto/médio prazo e de 5% em média até 2026.
Comprar ou vender CTEEP (TRPL4)?
Com isso, o Itaú BBA tem recomendação neutra para os papéis TRPL4, com preço-alvo de R$ 26,90 para o final de 2023 (potencial de valorização de 21% ante o fechamento de ontem).
A preferida do banco no segmento de transmissão de energia, inclusive no quesito dividendos, é a Alupar (ALUP11), que tem recomendação de compra e preço-alvo de R$ 37,40 para o fim de 2023 (potencial de alta de 33,4% ante o fechamento de ontem).
Quem também mantém indicação neutra para as ações da CTEEP é o Santander, que tem preço-alvo de R$ 23,84 para os papéis (potencial de alta de 7,5%).
A Genial Investimentos é mais otimista com a empresa, que acredita ainda poder pagar dividendos gordos daqui para frente, tendo elevado sua recomendação para compra recentemente. O preço-alvo é de R$ 34, potencial de alta de 53%.
Segundo os dados disponíveis na plataforma TradeMap, a ação TRPL4 tem 14 recomendações, sendo oito de manutenção, três de compra e três de venda.