Cotações por TradingView
Estadão Conteúdo
INVESTIGAÇÃO NA CÂMARA

Acusadas de ajudarem Americanas (AMER3) na fraude, auditoras de balanços da varejista tentam se blindar em CPI e rebatem provas da companhia

A PWC e a KPMG, empresas que prestaram serviços de auditoria independente para a empresa, enviaram representantes à CPI

Estadão Conteúdo
5 de agosto de 2023
16:57 - atualizado às 18:14
Fachada da Americana Express localizada na Rua Joaquim Floriano, em São Paulo
Letreiro da Americana Express localizada na Rua Joaquim Floriano, em São Paulo - Imagem: Victor Aguiar

A Price WaterHouseCopers (PWC) e a KPMG — que prestaram serviços de auditoria independente para a Americanas (AMER3) no período em que a companhia admite ter executado uma fraude que inflou seus resultados em R$ 25 bilhões — enviaram representantes à audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o caso.

Enquanto a KPMG afirmou que as acusações feitas contra si não eram verdadeiras, a PWC buscou se proteger com as regras de auditoria. Os parlamentares, por sua vez, insistiram em peças de documentos trazidas pela empresa à CPI.

A sócia de auditoria da KPMG Carla Bellangero afirmou que o atual CEO da companhia, Leonardo Coelho Pereira, fez "insinuações falsas" à comissão em 13 de junho. Ela se referia ao fato de Pereira ter dito que havia indícios de participação da auditoria na fraude que levou ao rombo contábil da varejista.

A KPMG foi a responsável técnica pelas auditorias na Americanas de 2016 a 2018. "Sobram motivos para repudiar insinuações contra a KPMG", disse.

Sócia de auditoria diz ter alertado Americanas

A executiva afirmou que, durante o trabalho com a Americanas, chamou a atenção para "as deficiências e a necessidade de melhoria nos controles de verbas de propaganda cooperadas" da empresa.

Apesar do alerta, porém, não havia indicações de irregularidades, segundo ela. "Nada indicava fraude, situação de ato intencional na Americanas." Além disso, a executiva enfatizou uma declaração de Pereira também na CPI: "Posso dizer que a documentação que as auditorias receberam eram documentações fraudadas".

Carla Bellangero argumentou que, por enxergar necessidade de melhorias nos processos de controle da Americanas, redigiu uma carta interina, ou seja, no meio do processo de auditoria, e não no fim. "Isso não é comum."

Após esse procedimento, ela afirmou ter sido "mandada embora". Segundo Bellangero, a empresa rescindiu o contrato seis dias depois de a auditoria ter enviado uma carta de controle que apontou "deficiências" no controles da companhia.

A KPMG fez comentários, nessas comunicações com a companhia, sobre riscos ligados a verbas de propaganda cooperadas, que, como se soube mais tarde, deram origem ao escândalo.

Documentos trazidos pelo CEO da Americanas à CPI, porém, mostram que a KPMG mudou a redação de uma carta entregue à companhia.

O texto, que originalmente continha a expressão "deficiências significativas", o que exigiria a comunicação ao conselho de administração, foi depois entregue com o termo "recomendações que merecem a atenção da administração".

Segundo a executiva, a mudança, alvo de questionamento dos parlamentares, foi feita pois não havia implicações materiais nas falhas encontradas pela administração, tratando-se de um montante de R$ 4 milhões.

Ela alegou ainda que houve entendimento de que, no termo "administração", o conselho de administração estaria englobado. Ela afirmou ter comunicado ainda os órgãos de governança da empresa.

O que diz a PWC

Já o líder de auditoria da PricewaterHouseCoopers (PWC), Fábio Cajazeira Mendes, afirmou que as mudanças sugeridas por uma funcionária da auditoria a um dos membros da diretoria da companhia diziam respeito a um documento que a Americanas apresentaria à PWC.

Em documento trazido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a Americanas, a auditoria teria sugerido como redigir questões ligadas a operações de risco sacado, de forma que as operações não ficassem tão claras, segundo afirmações do CEO da companhia, Leonardo Coelho.

Nas imagens apresentadas, é possível ver a sugestão de uma funcionária da auditoria para mudanças na redação da empresa.

O texto inicialmente dizia: "Confirmamos que não temos, junto aos bancos com os quais temos relação, operações contratadas de antecipação de fornecedores nas quais é oferecido risco de crédito da companhia, operações denominadas 'forfait', 'confirming', 'risco sacado' ou 'securitização de contas a pagar'".

Com a sugestão, a versão ficou: "Informamos que não temos conhecimento de que as operações de cessão de crédito realizadas a pedido de fornecedores informadas por certos bancos com os quais a companhia opera possuem qualquer anuência da companhia ou envolva a assunção de risco de crédito por parte da companhia".

Segundo Mendes, essa sugestão foi feita para deixar o texto mais preciso e faz parte de uma comunicação frequente entre a empresa auditada e a auditoria. Ele frisou que as sugestões não alteravam as cartas de recomendações da auditoria.

Os parlamentares, em especial o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ), fizeram críticas duras a essa conduta, argumentando que sugerir mudanças em um documento a ser entregue à própria auditoria seria como um professor instruir um aluno sobre as respostas de uma prova.

Mendes disse ainda que os auditores independentes não fazem análise e revisões de todas as transações das empresas auditadas. Ele defendeu que o risco de uma fraude deliberada não ser identificada pelos auditores é maior do que a probabilidade de que erros não sejam apontados.

"Há risco inevitável de que distorções não sejam identificadas." Ele reforçou ainda que a responsabilidade sobre as fraudes é das empresas. E que, no caso da Americanas, se as denúncias forem confirmadas, o caso seria de uma fraude de "difícil detecção".

VEJA TAMBÉM  Selic vai a 13,25: Magazine Luiza (MGLU3) é só uma das 10 ações para comprar agora; veja a lista

Risco sacado na Americanas

Bellangero, da KPMG, declarou que a Americanas negou ter um volume de recursos comprometidos em operações de risco sacado, enquanto os bancos confirmavam. "Houve confirmação de duas instituições financeiras, em 2016, sobre risco sacado", afirmou. "Em 2018, três instituições confirmaram o risco sacado".

Porém, disse a auditora, a Americanas reafirmou que "não havia risco sacado e o banco errou". O erro teria sido sistêmico. Na versão da auditora, depois disso, as instituições financeiras mudaram a informação anterior quanto ao risco sacado e que, por se tratar da confirmação de um terceiro, a auditoria acatou a nova informação.

A KPMG não informou o nome dos bancos envolvidos, mas os documentos mostrados pela Americanas na CPI indicavam procedimentos parecidos citando os nomes do Itaú e do Santander. À época, as instituições rebateram em nota as acusações.

Ex-diretor de RI presta depoimento

O ex-diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, o executivo Fabio Abrate, também compareceu à audiência pública. Este, porém, na condição de convocado. Ele afirmou que é alvo de acusações "feitas de forma genérica".

Protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, Abrate optou por não responder às questões dos parlamentares. Disse apenas que não teve acesso aos documentos que suportam as acusações que o atingem.

"As acusações são feitas com base em documentos aos quais não tive acesso", declarou, para complementar: "Por não saber do que estou sendo acusado, não responderei às perguntas".

Durante a sessão, o presidente da CPI, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), informou que Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, adiou seu depoimento com um atestado médico, por estar em tratamento na Espanha. Gutierrez, que esteve à frente da Americanas, tem dupla cidadania, brasileira e espanhola.

Compartilhe

TERRA SEM LEI?

Facebook e outras big techs preferem pagar multa a cumprir as decisões da Justiça e revelar dados a usuários; entenda

24 de setembro de 2023 - 11:33

Segundo levantamento do escritório de advocacia Peck Advogados feito para o Broadcast, as empresas se recusam a apresentar dados gerados nas plataformas aos usuários das contas

FUTEBOL

São Paulo x Flamengo: Saiba onde assistir à final da Copa do Brasil e veja quem é o favorito segundo os sites de apostas

24 de setembro de 2023 - 9:03

O jogo da volta da final acontecerá no Morumbi, o estádio do São Paulo, às 16h deste domingo (24) — e o Tricolor Paulista é o queridinho das apostas

NAS BOMBAS

Gasolina ignora reajustes de preços da Petrobras (PETR4) e registra queda pela quarta semana seguida

23 de setembro de 2023 - 16:06

O preço médio da gasolina nos postos brasileiros caiu 0,34% em uma semana, para R$ 5,82 por litro

SOB ACUSAÇÃO

E agora, Lula? União é acusada em novo processo na CVM por indicações para conselho da Petrobras (PETR4)

23 de setembro de 2023 - 14:40

A Superintendência de Relações com Empresas da CVM abriu um novo processo de acusação contra a União e os dois indicados ao conselho de administração da estatal

SINAL POSITIVO

Microsoft está um passo mais próxima de fechar a compra da Activision Blizzard, dona do Call of Duty; entenda

23 de setembro de 2023 - 13:39

O Cade britânico afirmou que a proposta reestruturada de compra da Activision apresentada pela dona do Xbox “abre a porta para a aprovação do negócio”

NOVO CAPÍTULO

Executivos da Saraiva renunciam após fechamento de lojas físicas; entenda o que isso significa para a rede de livrarias

23 de setembro de 2023 - 12:44

A companhia aprovou a saída de dois executivos da diretoria da companhia, o diretor presidente Jorge Saraiva Neto e o diretor vice-presidente Oscar Pessoa Filho

MEIA-LUZ?

Light (LIGT3) anuncia novo administrador no processo de recuperação judicial

23 de setembro de 2023 - 11:06

A empresa nomeou o escritório Luciano Bandeira Advogados Associados para trabalhar junto ao atual administrador judicial, Licks Contadores Associados.

TECNOLOGIA

O iPhone 15 veio com tudo: Chineses fazem fila para comprar o novo lançamento da Apple

23 de setembro de 2023 - 10:04

Vale ressaltar que a China é responsável por cerca de um quinto das vendas da Apple. No segundo trimestre, a empresa registrou o maior crescimento de vendas entre todas as marcas no país

FATIA DE 20%

Quanto vale o Plaza Sul Shopping? Veja o valor que a Aliansce Sonae (ALSO3) vai levar com a venda de parte do centro de compras

22 de setembro de 2023 - 20:08

A Aliansce Sonae disse que a venda faz parte da estratégia de busca constante por oportunidades de otimizar a alocação de capital

ALERTA DE DIVIDENDOS E JCP

Localiza (RENT3) anuncia juros sob capital próprio de quase R$ 430 mi junto com aumento de capital que pode superar os R$ 300 mi; entenda 

22 de setembro de 2023 - 19:56

Têm direito ao pagamento os acionistas com ações da companhia até o dia 27 de setembro.  A partir de 28 de setembro, os papéis serão negociados “ex-JCP”

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies