O Ministério da Agricultura investiga um caso suspeito da chamada doença de "mal da vaca louca" em um animal de 7 anos que estava em uma fazenda no Pará. Ao Estadão, o ministro Carlos Fávaro afirmou que um laboratório de Pernambuco e outro do Canadá estão analisando o caso e o resultado da análise deve sair até esta quarta-feira (22).
"A suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis", informou a pasta em um comunicado.
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O ministro da Agricultura disse que a Vigilância Sanitária do Pará "rapidamente comunicou" à sua pasta. Segundo ele, o animal "não era de confinamento", foi abatido e a fazenda está isolada. "Se confirmar, todos os procedimentos foram rigorosamente cumpridos", afirmou Fávaro. "Estamos tranquilos com os procedimentos tomados."
O ministro disse que enviou a amostra para o Canadá para adiantar a análise. Se houver confirmação, declarou, as exportações terão de ser suspensas "para que sejam verificados todos os protocolos". "Caso se confirme, a gente toma as providências de acordo com as regras estabelecidas", declarou.
O que é o mal da "vaca louca"?
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida popularmente como o "mal da vaca louca", ficou famosa mundialmente após um surto na Grã-Bretanha durante os anos 1990, que provocou a suspensão do consumo de carne bovina no país.
A doença acomete o cérebro de bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos. A enfermidade pode ser transmitida por meio da ingestão de carne contaminada e pode, inclusive, levar seres humanos à morte.
Por isso, existe um controle sanitário muito rígido para prevenir e controlar os casos relacionados à patologia.
Além do consumo de carne contaminada, considerado "casos típicos", o mal pode ser gerado espontaneamente em animais velhos, chamados "casos atípicos". No segundo caso, a doença gera menos preocupação, pois geralmente a ocorrência é isolada e independente.
O caso suspeito no Pará levanta algumas dúvidas e os especialistas sugerem que a doença tenha se originado na natureza, tendo em vista que a vaca já tinha 7 anos.
Risco insignificante de "vaca louca" no Brasil
O Brasil é considerado território de risco insignificante para a ocorrência da EEB, de acordo com classificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Nas últimas décadas, o País registrou apenas alguns casos isolados da doença, que foram devidamente controlados e eliminados.
Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.
Já a gripe aviária...
Enquanto as suspeitas de "vaca louca" continuam sob investigação, novos casos da gripe aviária se espalham pelas Américas. Na semana passada, a Argentina registrou o primeiro caso positivo da doença e novos surtos acontecem nos Estados Unidos e Uruguai.
Tanto Argentina quanto Uruguai declararam emergências sanitárias. No Brasil, estados da região Sul — que fazem fronteira com os países — pedem ajuda do ministério da Agricultura para evitar a propagação da doença nas granjas locais.
Em nota emitida na última quarta-feira (15), o ministro da pasta reforçou que o Brasil continua livre da doença, mas está aumentando o status de vigilância.