Selic em 13,25% agradou? A reação de políticos, de empresários e dos gringos ao corte de 0,50 pp da taxa de juros
O Copom realizou nesta quarta-feira (2) a primeira redução da taxa básica em três anos e assim deu início ao tão aguardado ciclo de afrouxamento monetário no Brasil

O tão aguardado início do ciclo de afrouxamento monetário aconteceu nesta quarta-feira (2), quando o Comitê de Política Monetária (Copom) entregou um corte de 0,50 ponto percentual (pp) da taxa básica de juros, o que colocou a Selic em 13,25% ao ano. E não demorou muito para as primeiras reações à decisão surgirem.
Depois de muita pressão sobre o Banco Central e seu presidente Roberto Campos Neto, a ala governista recebeu bem a notícia do primeiro corte de juros em três anos — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se manifestou durante a produção da reportagem.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma das vozes a favor do afrouxamento, disse que a decisão é um sinal de que o Brasil está no caminho certo.
“O corte de 0,50% na taxa básica de juros sinaliza que estamos na direção certa. Um avanço no sentido do crescimento econômico sustentável para todos”, afirmou Haddad nas redes sociais.
O ministro da Fazenda ainda comentou que o corte dos juros dará mais horizonte de planejamento para famílias e empresas e fará com que os estrangeiros voltem a olhar para o Brasil.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Haddad fez questão de falar da independência do Banco Central e sinalizou que Campos Neto teve um papel importante na decisão de hoje. O presidente do BC foi um dos que votou pelo corte de 0,50 pp.
Outro que também se manifestou assim que a decisão saiu foi o vice-presidente, Geraldo Alckmin, atribuindo ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva a possibilidade de um corte menos conservador da taxa de juros. Alckmin pediu novas reduções da Selic daqui para frente.
“O governo do presidente Lula gerou todas as condições para que esse movimento acontecesse: os índices de inflação caíram todos, as perspectivas melhoraram e estamos avançando com reformas importantes em torno de um país mais justo e próspero”, disse o vice-presidente no Twitter.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse que a decisão do Copom de hoje foi fruto de dados positivos da economia e da pressão popular. Já o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo continuará trabalhando por melhoria concreta na vida dos brasileiro.
O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), disse que o momento era histórico para o País. “Momento histórico de virada para a economia brasileira, finalmente o Comitê de Política Monetária (Copom) baixou em 0,5% a taxa Selic. Esse foi o primeiro corte em 3 anos. Finalmente o país ganha espaço para crescer, com maior possibilidade de crédito e geração de emprego.”
Os deputados federais André Janones (Avante-MG), Rogério Correia (PT-MG) e Baleia Rossi (MDB-SP) também se manifestaram nas redes sociais celebrando o corte de 0,50 pp da Selic — este último atribuiu o afrouxamento ao trabalho da Câmara.
Juros mais baixos ainda
Na decisão de hoje, o Copom sinalizou que deve continuar a reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões e há quem concorde com o comitê.
Além de Alckmin, que também pediu por mais quedas da Selic, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) afirmou que um corte de 0,50 pp é pouco perto da realidade econômica brasileira. “O país sufoca com juros tão altos”, afirmou.
Com a palavra, os banqueiros e empresários
Uma das principais reações entre os banqueiros veio de Rita Serrano, presidente da Caixa. Falando ao Broadcast, ela disse que o corte da Selic contribui para a organização das finanças dos clientes e possibilita a cobrança de taxas mais justas.
Assim que a decisão do Copom saiu, a Caixa anunciou que vai reduzir a partir de quinta-feira (3) os juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS, de 1,74% para 1,70% ao mês.
O Banco do Brasil também anunciou juros menores na esteira da decisão do Copom — essa redução pode chegar até 10 pp ao mês, conforme as características da linha e estará disponível para os clientes a partir de sexta-feira (4).
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou a queda da Selic deve ter efeito positivo para o crédito e a adimplência dos brasileiros. Segundo ele, o corte anunciado hoje foi um primeiro passo importante.
"O prosseguimento do ciclo de flexibilização nas próximas reuniões do Copom deverá ter consequências positivas para o mercado de crédito e para a inadimplência", disse.
O presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, afirmou que o corte dos juros depois de tanto tempo agrada ao setor como uma sinalização importante de que as empresas podem começar a contar com taxas mais realistas para seus financiamentos.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) disse que a decisão de hoje vai no caminho certo, mas fez um alerta.
"A Firjan ressalta, no entanto, que para se alcançar ambiente propício para um ciclo longo e sustentável de queda dos juros é essencial a materialização do novo arcabouço fiscal e o avanço célere da reforma tributária. Assim serão construídas as bases necessárias para o aumento dos investimentos, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda", afirmou em nota.
VEJA TAMBÉM — “Sofri um golpe no Tinder e perdi R$ 15 mil”: como recuperar o dinheiro? Veja o novo episódio de A Dinheirista!
O que os gringos acharam dos juros
Os bancos e consultorias estrangeiras também reagiram à decisão do Copom de cortar os juros em 0,50 pp hoje.
A Capital Economics acredita que o Banco Central brasileiro deve baixar os juros em ritmo mais rápido do que o esperado, com a Selic encerrando o ano em 11,75% e não mais em 12,50% como anteriormente.
"O tom relativamente 'dovish' [favorável ao afrouxamento monetário] do comunicado sugere que as preocupações dos dirigentes com a inflação estão se dissipando mais rapidamente do que havíamos antecipado", disse a consultoria em relatório.
O suíço UBS afirmou que o Brasil está no centro do processo de amadurecimento entre dos bancos centrais emergentes, citando que o fato de cortar os juros antes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) era algo impensável há algum tempo.
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros
O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)
Bitcoin (BTC) em alta: criptomoeda vai na contramão dos ativos de risco e atinge o maior valor em semanas
Ambiente de juros mais baixos costuma favorecer os ativos digitais, mas não é só isso que mexe com o setor nesta segunda-feira (21)
O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano
Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas
É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano
Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos
A bolsa de Nova York sangra: Dow Jones cai quase 1 mil pontos e S&P 500 e Nasdaq recuam mais de 2%; saiba o que derrubou Wall Street
No mercado de câmbio, o dólar perde força com relação a outras moedas, atingindo o menor nível desde março de 2022
Agenda econômica: é dada a largada dos balanços do 1T25; CMN, IPCA-15, Livro Bege e FMI também agitam o mercado
Semana pós-feriadão traz agenda carregada, com direito a balanço da Vale (VALE3), prévia da inflação brasileira e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)