Renegade: SUV amado e odiado chega a quase 500 mil unidades vendidas colecionando polêmicas
Polêmico, o Jeep Renegade tem nove anos de mercado e coleciona fãs e críticos, mas evoluiu em motorização, itens de conforto e segurança

Às vésperas de completar uma década à venda no Brasil, o Jeep Renegade é um dos carros mais polêmicos de nosso mercado.
Na linha do “ame ou odeie”, o Renegade coleciona problemas e críticas, mas também reboca apaixonados e defensores que emplacaram 470 mil unidades desde 2015.
Um dos motivos do sucesso é por ter se tornado o modelo de entrada de uma marca norte-americana tão cultuada. Depois da era Cherokee e Wrangler, finalmente seria possível ter um Jeep.
Produzido em Goiana (PE), o Jeep passou por mudanças, mas a atual geração é única, se considerarmos que seu design pouco mudou nesses nove anos.
O SUV compacto, contudo, evoluiu em motorização, itens de conforto e segurança. O Renegade é construído sobre a plataforma Small Wide, a mesma dos Jeep Compass e Commander, Fiat Toro e a picape Ram Rampage.
- LEIA TAMBÉM: Carros em fim de linha: conheça 10 modelos que podem deixar o mercado e saiba quais vale a pena ter na garagem
A trajetória do Renegade: agora só uma opção de motor
Mas voltando um pouco ao passado, antes de 2022, o Renegade saía da linha de montagem em versões 4x2 ou 4x4, com opções de motores flex 1.8 de 139 cv e também o 2.0 turbodiesel de 170 cv.
Leia Também
Até 2020, a Jeep oferecia câmbio manual de cinco velocidades para o motor flex 1.8. Depois, apenas o automático de seis marchas (1.8) e de nove marchas (2.0).
No visual, modelos de 2015 a 2022 são reconhecidos pela grade cromada mais larga, faróis grandes e a lanterna traseira iluminada por um X.
A linha 2023 recebeu uma leve reestilização, sem perder suas características marcantes e silhueta quadrada. Para-choques redesenhados, grade mais fina, faróis com contorno em LED e lanternas com novo desenho interno foram as mudanças mais expressivas.
Por força da legislação, que ficou mais rigorosa com as emissões de poluentes, a partir de 2022 a Jeep teve de aposentar os motores flex e turbodiesel (para este, a Jeep alegou baixa demanda, cerca de 8% da gama). Assim, passou a contar apenas com o propulsor 1.3 turboflex que rende até 185 cv de potência e sempre com transmissão automática.
Nas versões 4x2 o câmbio é o AT6 (seis marchas), enquanto na 4x4 a caixa é automática de 9 marchas.
Um Jeep menos beberrão
O consumo do Renegade, muito criticado nas versões 1.8, também não é nenhuma referência com o motor T270, mas melhorou. Pelos números do Inmetro, com etanol faz 7,7 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada. Com gasolina, 11 e 12,8 km/l.
O desempenho do 1.8 também é alvo de críticas. Já o atual 1.3 ficou mais adequado e melhorou sua agilidade, tornando-se o SUV compacto mais potente do mercado.
Internamente, o Renegade recebeu novo volante e painel de instrumentos de 7” conforme a versão. O sistema multimídia passou por atualização, mantendo a tela de 8,4”.
A maior evolução foi na segurança: seis airbags, assistente de permanência em faixa, detector de fadiga, leitor de placas e frenagem automática de emergência.
Nas versões 4×4 acrescenta mais um airbag, de joelho para motorista, além de farol alto automático, park assist e monitor de ponto cego.
Vendas do Renegade estão em queda
Ao longo de quase uma década, o Renegade sempre foi um dos SUVs mais vendidos e conquistou a liderança em 2019 e 2021.
O desempenho do Renegade no Brasil
Ano | Ranking entre os SUVs compactos | Emplacamentos no ano | Market share geral dos SUVs |
2015 | 2º | 39.187 | 12,8% |
2016 | 2º | 51.563 | 17,05% |
2017 | 3º | 38.330 | 9,25% |
2018 | 4º | 46.344 | 9,05% |
2019 | 1º | 68.726 | 11,45% |
2020 | 2º | 56.865 | 10,77% |
2021 | 1º | 73.913 | 11,06% |
2022 | 4º | 51.398 | 7,43% |
2023* | 6º* | 44.157* | 6,31%* |
Polêmica se justifica?
Para quem não teve uma boa experiência com o modelo ou simplesmente não gosta do Jeep, o Renegade é chamado de “bonitinho, mas ordinário”.
Pelas mãos de Renato Salmeron, fundador da Autosimples, consultoria e negócios automotivos, já passaram vários Renegades.
Na opinião do consultor, o grande volume nas mãos dos motoristas é um dos motivos das polêmicas. “Por ter vendido tanto, tem amostragem para dar defeito.”
Entre os problemas crônicos que já ouviu falar, há desde defeito no trocador de calor do câmbio, problema elétrico e de barulho, mas ele mesmo nunca se deparou com condições mecânicas desfavoráveis.
“Percentualmente, pelo volume de vendas, dá problema como qualquer outro carro. Quanto maior a quilometragem, maior o risco dele vir ter algum defeito. Dentre os carros mais rodados, já tive problema de câmbio até com BMW e Honda Fit, por exemplo.”
Salmeron observa que culturalmente, a manutenção é negligenciada no Brasil e isso faz algumas marcas terem problemas aqui que não têm lá fora. “Elas também são culpadas, pelo alto valor de acesso à manutenção. No caso do Renegade, as críticas são por amostragem.”
O que costuma levar o Renegade às oficinas
Em contato com profissionais de oficinas independentes, sob a condição de sigilo, a reportagem conseguiu saber de algumas falhas frequentes do Renegade.
Uma delas é a entrada de água no câmbio do modelo automático entre 2016 e 2018, principalmente. A descontaminação pode custar até R$ 25 mil!
Ao utilizar peça em alumínio (do trocador de calor), os mecânicos dizem que ocorrem vazamentos. Ao verificar o nível de água no radiador, clientes detectaram óleo do câmbio no reservatório. Isso, diz o mecânico, é uma evidência do problema.
E por ser uma manutenção muito cara e difícil, os proprietários trocam o óleo, o trocador e fazem a limpeza para em seguida vender o carro, sem arrumar o câmbio. Uma espécie de maquiagem de um problema que voltará.
“O interessado na compra do Renegade precisa checar se foi feito o reparo. Mas isso só um especialista vai detectar”, disse um mecânico que faz manutenção de câmbio. “Eles amenizam o reparo, gastam uns R$ 5 mil e, com o tempo, sem abrir o câmbio, vai apresentar trancos na troca de marcha. A água danifica ou enferruja todo o sistema.”
Já o modelo mais novo, com motor 1.3 turboflex, tem queixas de excesso de consumo de óleo. Há relatos de consumidores completando o nível do lubrificante a cada 1 mil km.
A Jeep não fez um recall, mas há relatos de que a montadora enviou comunicados aos seus concessionários autorizando a troca da bomba de óleo para veículos produzidos entre janeiro e abril de 2022.
Alto volume à venda reduz preços do Renegade usado
Em um dos maiores portais de classificados de carros, por exemplo, há mais de 14 mil modelos Jeep Renegade à venda. “Isso mostra que é um carro que vendeu muito. Na pandemia, era um dos poucos com boa oferta em um momento de escassez”, avalia Renato Salmeron.
Comercialmente, passou a ser difícil de revender não pela qualidade, mas porque ficou inflacionado. Em um momento de oferta regulada, como agora, tanto em novos como em usados começa a ter preços rebaixados.
Um desses indícios vem da própria Jeep, que acaba de reduzir o preço da versão de entrada zero-km em R$ 7.700.
A partir de janeiro de 2024, o Renegade 1.3 T270 passará a custar R$ 118.290 (antes era R$ 125.990). Por consequência, a versão PCD, com isenção de imposto, sairá a R$ 102.900.
Salmeron lembra que o Renegade passa por outro fenômeno que desencadeará uma queda de preços: por ter um visual pouco alterado ao longo dos anos (apesar de ter um motor mais moderno e mais caro) e diante de uma crescente concorrência, perdeu o fôlego.
“É um carro caro, que vende menos, de um projeto que ficou antiquado. Nos EUA ele deixou de ser produzido. Ele custa caro para o grupo Stellantis, ao mesmo tempo o consumidor já não quer mais e o preço do zero pauta o do usado”, explica.
O Jeep na revenda
Por isso, quem quiser revender seu seminovo pode encontrar dificuldades. “Tínhamos um Renegade aqui à venda, o cliente queria R$ 82 mil e não tinha procura. Acabou baixando para a casa dos R$ 75 mil e vendeu na mesma semana”, conta Salmeron.
Embora a tabela Fipe passe por correções todo mês, os preços não acompanham. Um exercício que o fundador da Autosimples sugere aos clientes é pesquisar nos classificados online e comparar com um modelo similar ao seu, em equipamentos e quilometragem. “Isso é o que pauta o preço.”
Outros pontos: trilhas e sinistros
Também é comum associar o Renegade a um modelo ruim de trilhas — o que, na opinião do consultor, é “lenda”.
“Apesar da Jeep ser reconhecida como uma marca de 4x4 e off-road, a proposta desse SUV não é ir para o barro. Os Renegades com tração nas quatro rodas são mais adequados para as chamadas ‘trilhas piquenique’, uma estradinha de terra, mas não o off-road hardcore. É injusto porque seus concorrentes (Nissan Kicks, Volkwagen T-Cross, Honda HR-V, Chevrolet Tracker e Hyundai Creta, entre outros) também não conseguem. Nenhum tem performance na terra. São SUVs urbanos.”
Na lista de críticas, o Renegade também é alvo de furtos e roubos: por isso, antes de decidir pela compra, é importante fazer uma cotação do seguro. Como todo modelo muito vendido, o volume de sinistros também é alto.
A empresa de rastreamento Ituran registrou alta de 83% nos roubos e furtos do Jeep Renegade, na região metropolitana de São Paulo, com 825 ocorrências, comparando janeiro e outubro de 2023 e com o mesmo período de 2022.
O Renegade também lidera o ranking da Secretaria de Segurança de São Paulo: é o carro mais roubado na Grande São Paulo, com 633 registros de janeiro a setembro.
E o futuro?
Especialistas consultados pela reportagem acreditam que apesar de o modelo ter deixado o mercado norte-americano, por aqui o Renegade deve continuar batalhando por um lugar ao sol.
Tem por trás uma marca tradicional e está sob o guarda-chuva do poderoso grupo Stellantis.
Se passar por alguma reestilização, isso só deve ocorrer em 2025.
A Jeep tem planos de lançar modelos híbridos flex e o Renegade pode entrar nesse pacote, o que seria um forte diferencial e traria vantagens no consumo. Mas certamente ficará mais caro do que seu atual.
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro
O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados
O turismo de luxo na Escandinávia é diferente; hotéis cinco-estrelas e ostentação saem do roteiro
O verdadeiro luxo em uma viagem para a região escandinava está em praticar o slow travel
OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações?
Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos
Papa Francisco estreou o primeiro papamóvel elétrico do Vaticano; relembre
No final do ano passado, Mercedes presentou o pontífice com um Classe G adaptado com adaptações feita à mão
Tesla (TSLA34) não escapa das tarifas contra a China, e BofA corta preço-alvo pela segunda vez no ano — mas balanço do 1T25 devem vir bom
Bank of America reduz preço-alvo em antecipação ao relatório trimestral previsto para esta terça-feira; resultados devem vir bons, mas perspectiva futura é de dificuldades
Como o melhor chef confeiteiro do mundo quer conquistar o brasileiro, croissant por croissant
Como o Mata Café, chef porto-riquenho Antonio Bachour já deu a São Paulo um tira-gosto de sua confeitaria premiada; agora ele está pronto para servir seu prato principal por aqui
Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?
O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores
De olho na classe média, faixa 4 do Minha Casa Minha Vida começa a valer em maio; saiba quem pode participar e como aderir
Em meio à perda de popularidade de Lula, governo anunciou a inclusão de famílias com renda de até R$ 12 mil no programa habitacional que prevê financiamentos de imóveis com juros mais baixos
Monas e Michelin: tradições de Páscoa são renovadas por chefs na Catalunha
Mais que sobremesa, as monas de Páscoa catalãs contam a história de um povo — e hoje atraem viajantes em busca de arte comestível com assinatura de chefs
É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe
Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
Mercado Livre (MELI34) vai aniquilar a concorrência com investimento de R$ 34 bilhões no Brasil? O que será de Casas Bahia (BHIA3) e Magalu (MGLU3)?
Aposta bilionária deve ser usada para dobrar a logística no país e consolidar vantagem sobre concorrentes locais e globais. Como fica o setor de e-commerce como um todo?
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Allos (ALOS3) entra na reta final da fusão e aposta em dividendos com data marcada (e no começo do mês) para atrair pequeno investidor
Em conversa com Seu Dinheiro, a CFO Daniella Guanabara fala sobre os planos da Allos para 2025 e a busca por diversificar receitas — por exemplo, com a empresa de mídia out of home Helloo
Volvo EX90, a inovação sobre rodas que redefine o conceito de luxo
Novo top de linha da marca sueca eleva a eletrificação, a segurança e o conforto a bordo a outro patamar
COP30: O que não te contaram sobre a maior conferência global do clima e por que ela importa para você, investidor
A Conferência do Clima será um evento crucial para definir os rumos da transição energética e das finanças sustentáveis no mundo. Entenda o que está em jogo e como isso pode impactar seus investimentos.