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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Balanço dos investimentos

Bitcoin tem a maior alta de outubro, enquanto Ibovespa registra a maior queda; veja o ranking dos melhores e piores investimentos do mês

Alta dos juros dos títulos do Tesouro americano prosseguiram e afetaram os mercados de risco, mas bitcoin subiu por fatores relativos ao mercado cripto

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
31 de outubro de 2023
19:00 - atualizado às 10:33
bitcoin (BTC) ao lado de um touro de ouro que representa o bom momento das criptomoedas
Alta do bitcoin em outubro foi favorecida pela perspectiva de aprovação de ETF de cotação à vista da criptomoeda. Imagem: Shutterstock

Marcado pela disparada dos retornos dos títulos do Tesouro americano (Treasurys) e do início de uma guerra no Oriente Médio entre Israel e Hamas, outubro termina com os ativos mais conservadores entre os melhores investimentos do mês, e os ativos de risco, na lona.

A exceção, que poderia ser surpreendente, é o bitcoin. À revelia da alta dos juros futuros americanos, algo que costuma ser negativo para as criptomoedas, o BTC cravou o primeiro lugar do ranking com folga, com uma alta de quase 30% em reais (a R$ 174.299,03) e em dólar (a US$ 34.605,80).

A marca é atingida no mesmo dia em que a maior criptomoeda do mundo completa 15 anos de fundação. O BTC é também o investimento com melhor desempenho em 2023, acumulando valorização de quase 100% no ano.

Ele é seguido, no pódio, pela cotação PTAX do dólar (que subiu 1% no mês, para R$ 5,06) e pelas aplicações financeiras indexadas à Selic e ao CDI, os investimentos mais conservadores da economia brasileira, que ainda se beneficiam da taxa básica elevada.

Já o pódio dos piores investimentos é liderado pelo Ibovespa, que fechou o mês em queda de 2,94%, aos 113.143 pontos; seguido do IFIX, o principal índice dos fundos imobiliários, que recuou 1,97%; e do ouro, que fechou em baixa de 0,99% em outubro. Veja a seguir o ranking completo:

Os melhores investimentos de outubro

InvestimentoRentabilidade no mêsRentabilidade no ano
Bitcoin28,12%99,46%
Dólar PTAX1,01%-3,06%
Tesouro Selic 20260,99%-
CDI*0,95%10,97%
Tesouro Selic 20290,89%-
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 20330,78%15,79%
Poupança nova**0,60%6,84%
Poupança antiga**0,60%6,84%
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)*0,51%8,53%
Tesouro Prefixado 20290,50%17,50%
Tesouro IPCA+ 20450,33%14,19%
Tesouro Prefixado 20260,29%14,73%
Dólar à vista0,29%-4,52%
Tesouro IPCA+ 20350,07%11,61%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040-0,08%11,51%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055-0,21%11,55%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032-0,26%10,76%
Tesouro IPCA+ 2029-0,28%-
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)*-0,56%6,05%
Ouro-0,99%-2,25%
IFIX-1,97%10,06%
Ibovespa-2,94%3,11%
(*) Até dia 30/10. (**) Poupança com aniversário no dia 28.
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..

Juros americanos em alta ainda afetam as bolsas

A continuidade da alta dos retornos dos Treasurys em outubro, com os dados fortes da economia americana, se manteve como um peso sobre os mercados de risco globais, inclusive a bolsa brasileira.

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Os juros americanos funcionam como uma trava para as taxas no resto do mundo, principalmente em países emergentes como o Brasil, impedindo quedas maiores, como gostariam os investidores.

No cenário doméstico, as falas do presidente Lula sobre a impossibilidade de atingir a meta fiscal de déficit zero no ano que vem contribuíram para deixar o mercado ainda mais em alerta, o que resultou em uma alta adicional dos juros futuros por aqui e temores de que o Banco Central não consiga, afinal, levar a Selic a um patamar inferior a 10% ao ano no fim do atual ciclo de afrouxamento monetário.

Com isso, os títulos públicos e privados indexados à inflação recuaram um pouco mais, embora em menor intensidade que no mês passado, quando a disparada dos retornos dos Treasurys jogou os juros futuros locais lá para cima.

Este cenário também contribuiu para a queda das ações e dos fundos imobiliários, mas surpreendentemente não afetou o bitcoin, que embora muito sensível a juros, foi impulsionado neste mês por fatores referentes ao seu próprio mercado.

Na renda fixa, além dos investimentos indexados à Selic e ao CDI, que ainda se beneficiam da taxa básica de juros elevada, também se saíram razoavelmente bem os títulos prefixados, os queridinhos das recomendações dos analistas para outubro.

Melhores ações do Ibovespa em outubro

EmpresaCódigoDesempenho
GolGOLL429,95%
JBSJBSS310,97%
UltraparUGPA39,33%
CVCCVCB37,00%
CSN MineraçãoCMIN36,80%
Telefônica VivoVIVT35,31%
SantanderSANB114,75%
BRFBRFS34,71%
VibraVBBR34,65%
Pão de AçúcarPCAR33,14%
Fonte: B3/Broadcast

Piores ações do Ibovespa em outubro

EmpresaCódigoDesempenho
Magazine LuizaMGLU3-36,79%
Casas BahiaBHIA3-28,57%
PetzPETZ3-24,58%
EZTecEZTC3-22,90%
MRVMRVE3-22,12%
BraskemBRKM5-21,88%
HapvidaHAPV3-21,49%
Grupo SomaSOMA3-20,45%
VamosVAMO3-19,59%
HyperaHYPE3-18,42%
Fonte: B3/Broadcast

Guerra entre Israel e Hamas trouxe volatilidade aos mercados de risco

Outro fator que aumentou a volatilidade dos mercados no último mês foi o início de uma guerra entre Israel e o Hamas, após um ataque terrorista do grupo contra o Estado judaico.

O maior temor do mercado é que o conflito acabe se espalhando pela região, afetando países que sejam grandes produtores de petróleo, o que fez a commodity e o ouro dispararem, num primeiro momento.

Porém, por ora, a percepção é de que os efeitos da guerra podem ser limitados no que diz respeito ao mercado financeiro, o que fez essas commodities de proteção devolverem os ganhos.

Contudo, o novo conflito vem a aumentar ainda mais o risco geopolítico no mundo, o que, no médio/longo prazo tende a afetar a dinâmica da economia global e os mercados de qualquer forma. Ou seja, é algo em que os investidores continuarão de olho.

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Perspectiva de aprovação de ETF anima bitcoin e mercado cripto

A forte alta do bitcoin em outubro foi motivada por uma questão específica do mercado cripto: a perspectiva de que a aprovação de um ETF (fundo de índice) de bitcoin à vista (spot) nos Estados Unidos está próxima.

Uma fake news dando conta de que a Securities and Exchange Comission (SEC), a CVM dos EUA, havia aprovado o primeiro ETF do tipo chegou a impulsionar fortemente os preços da criptomoeda em meados de outubro.

O rumor foi desmentido, mas outros indícios foram aparecendo de que a aprovação de tal veículo de investimentos pode estar próximo, como o de que a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, já iniciou os procedimentos burocráticos para listar seu ETF de bitcoin spot, e o de especulações de que uma reunião da SEC marcada para a próxima quinta-feira (02) deve debater o tema.

O repórter Renan Sousa explica com mais detalhes a questão nesta outra matéria.

O grande ponto é que os ETFs de bitcoin disponíveis hoje no mercado americano são todos de contratos futuros da criptomoeda.

A criação de um fundo capaz de seguir a cotação à vista do BTC seria uma grande evolução para o mercado cripto, capaz de atrair grandes investidores e fundos, impulsionando os preços.

E não foi só o bitcoin que se animou com a expectativa do novo produto financeiro. As altcoins, criptomoedas alternativas ao BTC, também avançaram em outubro, impulsionadas pelos rumores.

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