🔴 ONDE INVESTIR 2º SEMESTRE – QUAIS AS RECOMENDAÇÕES PARA CRIPTOMOEDAS E FUNDOS IMOBILIÁRIOS? ASSISTA AQUI

Tony Volpon: Recessão nos EUA ou pouso suave? O que esperar da maior economia do mundo em 2024 — e um conselho para o seu bolso

O debate agora vai ser entre os que acreditam em fundamentos para um pouso suave nos EUA e os pessimistas pregando um cenário recessivo

4 de dezembro de 2023
20:01 - atualizado às 17:01
Bandeira dos EUA com cifrão em cima, representando oportunidade de ganhos com bolsa americana, juros
Imagem: Shutterstock

Na minha última coluna intitulada “Ponto de virada?”, concluímos – baseados no comportamento dos mercados de renda fixa e dos níveis de então, com as Treasuries de dez anos beirando 5% – que estava na hora de abandonar o pessimismo que tem norteado meus comentários desde agosto.

A perfeita trifeta para se posicionar é a combinação de valuation, posicionamento e fundamentos.

Tinha, nessa última coluna, identificado a existência dos dois primeiros, sem ter muita certeza se os fundamentos iam ajudar, mas o fluxo de dados foi o melhor possível, começando no início do mês com um non-farm payroll de 150 mil novos empregos, contra 180 mil esperados, e uma forte desaceleração dos 297 mil no mês de outubro.

O Payroll, seguido por dados mais fracos de inflação, levou a um furioso rali nas Treasuries, com um fechamento da taxa de dez anos de quase 0,70% ao longo do mês, e com o S&P 500 recuperando todas as perdas sofridas desde agosto.

O fiscal nos EUA e as Treasuries

Mas e a questão fiscal? Bom, nada mudou. Mas, como já argumentamos (acreditamos que isso também seja verdade no caso brasileiro), risco fiscal deve ser expresso em uma maior inclinação da curva, um prêmio de risco que acaba sendo um term premium, e não na parte curta da curva.

Assim, sinais mais fortes de desaceleração econômica e desinflação, como aconteceram ao longo de novembro, devem sim levar as taxas longas a caírem, apesar do risco fiscal.

Leia Também

Essa mudança de fase da economia não deveria ser uma surpresa – nunca acreditei na ideia do “no landing”. Há uma certa fadiga na economia americana, o carro-chefe do consumo.

O debate agora vai ser entre aqueles que acham que os fundamentos estão ainda suficientemente fortes para assegurar um pouso suave, e os pessimistas pregando um cenário recessivo.

As projeções para os EUA

Novembro é época de lançamento das previsões e recomendações para o novo ano, e uma leitura (ainda que parcial) desses relatórios mostra a grande maioria apostando no pouso suave, com as recomendações diferenciadas por um peso maior ou menor em renda fixa, que quase todos acreditam ter bastante espaço para subir com a queda da inflação e corte de juros pelo Fed.

O Morgan Stanley, para dar um exemplo, projeta a Treasury de dez anos fechando o ano em 3,95% com corte de juros no segundo trimestre. O JP Morgan projeta 3,75% com cortes começando no terceiro trimestre.

Só que o mercado já precifica uma probabilidade relevante de corte de juros na reunião de março, com uma queda acumulada de fed funds de 1,20%.

Dado que devemos tratar tal precificação como sendo um mix de cenários prováveis, podemos concluir que, no espaço de um mês, o mercado de renda fixa saiu do “no landing”, passou direto pelo pouso suave, e hoje está já atribuindo uma probabilidade relevante de uma recessão em 2024.

O S&P 500 nas alturas

Mas, isso sendo verdade, como que o S&P 500 está flertando com as máximas? A explicação dessa aparente contradição passa por algumas observações.

A primeira é que, na maioria dos ciclos, a bolsa americana não corrige antes que fique claro que uma recessão está em curso. Assim, não é raro ver, por exemplo, a curva de juros invertida – um sinal claro de risco recessivo – e a bolsa subindo.  

A segunda razão, já amplamente comentada, é que a bolsa americana hoje está megaconcentrada em ações de big techs que já precificam a promessa da inteligência artificial. O consenso é que essas empresas são relativamente imunes ao ciclo econômico, especialmente se o pior cenário imaginado for uma “leve” recessão.

Assim, me parece que a questão principal para a bolsa americana será se a precificação do tema AI está ou não exagerada, e se uma eventual recessão poderia desacelerar os investimentos na adoção dessas novas ferramentas, machucando a rentabilidade das empresas fornecedoras.

2024: juros nos EUA, Biden e eleições

Mas isso são preocupações para quando estiver claro que a recessão começou. Mais imediatamente, acredito que o “X” da questão será o comportamento do mercado de trabalho nos EUA.

Uma antecipação do ciclo de corte – já precificado pelos mercados, mas não sendo a previsão da maioria dos analistas – vai depender muito da taxa de desemprego.

A taxa vem subindo lentamente da sua mínima de 3,4%, mas aqui também o histórico sugere que se ela chegar ao nível de 4,2%, pode esperar por uma boa gritaria para o Fed agir e cortar o fed funds imediatamente.

Um fato a ser lembrado é que vários dos novos membros do Fed recém-nomeados pelo governo Biden são economistas especializados no mercado de trabalho e de tendência mais dovish. 

Outro fator adicional: 2024 é ano eleitoral, e as pesquisas hoje não são favoráveis a Biden, imagina o que pode acontecer se houver uma recessão.

Mas haverá também outra linha de ataque dos doves até se não houver uma recessão, mas a inflação continuar a se comportar melhor.

Vamos ouvir o argumento de que, com a queda da inflação, a taxa de juros real estaria subindo de forma passiva, e assim o Fed deveria fazer “corte de ajuste” no fed funds.

Tal movimento faz sentido (é na prática o que o nosso Banco Central vem fazendo) mas não justificaria o que já está precificado de cortes, e sim o que vários estrategistas estão sugerindo, algo como cortes de 0,25% a cada outra reunião.

Este será o debate de 2024, que já começou efetivamente. 

Um conselho para o seu bolso

Eu acredito que a economia americana realmente “virou a chave” e deve rodar abaixo do seu potencial com riscos de cair em recessão.

Neste momento me parece que, de um lado, a renda fixa está fazendo uma aposta bem maior que a renda variável que teremos uma recessão em 2024, o que levaria o Fed a acelerar os cortes bem além de suaves ajustes para calibrar a taxa real ex-ante

Também acredito que a bolsa dos EUA não é tão imune a uma recessão, como dizem os mais otimistas, porque, no final do dia, as 493 empresas do S&P 500 são as que têm que comprar os fabulosos novos produtos do “Magnificent Seven”.

Levando essas duas conclusões em consideração, eu estaria bem menos alocado em risco neste momento.

O conflito entre as narrativas de recessão versus pouso suave nos EUA deve durar um bom tempo e gerar boas oportunidades de compra e venda, e depois do rali furioso de novembro, um pouco de cautela e paciência parece ser o caminho mais prudente.

*Tony Volpon é economista e ex-diretor do Banco Central

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
Insights Assimétricos

Rumo a 2026 com a máquina enguiçada e o cofre furado

1 de julho de 2025 - 6:03

Com a aproximação do calendário eleitoral, cresce a percepção de que o pêndulo político está prestes a mudar de direção — e, com ele, toda a correlação de forças no país — o problema é o intervalo até lá

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Mercado sobrevive a mais um susto… e as bolsas americanas batem nas máximas do ano

30 de junho de 2025 - 19:50

O “sangue frio” coletivo também é uma evidência de força dos mercados acionários em geral, que depois do cessar-fogo, atingiram novas máximas no ano e novas máximas históricas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo sob controle: Ibovespa precisa de uma leve alta para fechar junho no azul, mas não depende só de si

30 de junho de 2025 - 8:03

Ibovespa vem de três altas mensais consecutivas, mas as turbulências de junho colocam a sequência em risco

TRILHAS DE CARREIRA

Ser CLT virou ofensa? O que há por trás do medo da geração Z pela carteira assinada

29 de junho de 2025 - 7:59

De símbolo de estabilidade a motivo de piada nas redes sociais: o que esse movimento diz sobre o mundo do trabalho — e sobre a forma como estamos lidando com ele?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Atenção aos sinais: Bolsas internacionais sobem com notícia de acordo EUA-China; Ibovespa acompanha desemprego e PCE

27 de junho de 2025 - 8:09

Ibovespa tenta manter o bom momento enquanto governo busca meio de contornar derrubada do aumento do IOF

SEXTOU COM O RUY

Siga na bolsa mesmo com a Selic em 15%: os sinais dizem que chegou a hora de comprar ações

27 de junho de 2025 - 6:01

A elevação do juro no Brasil não significa que chegou a hora de abandonar a renda variável de vez e mergulhar na super renda fixa brasileira — e eu te explico os motivos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Trocando as lentes: Ibovespa repercute derrubada de ajuste do IOF pelo Congresso, IPCA-15 de junho e PIB final dos EUA

26 de junho de 2025 - 8:20

Os investidores também monitoram entrevista coletiva de Galípolo após divulgação de Relatório de Política Monetária

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Não existem níveis seguros para a oferta de segurança

25 de junho de 2025 - 19:58

Em tese, o forward guidance é tanto mais necessário quanto menos crível for a atitude da autoridade monetária. Se o seu cônjuge precisa prometer que vai voltar cedo toda vez que sai sozinho de casa, provavelmente há um ou mais motivos para isso.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

É melhor ter um plano: Ibovespa busca manter tom positivo em dia de agenda fraca e Powell no Senado dos EUA

25 de junho de 2025 - 8:11

Bolsas internacionais seguem no azul, ainda repercutindo a trégua na guerra entre Israel e o Irã

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell

24 de junho de 2025 - 7:58

Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar

24 de junho de 2025 - 6:15

Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Precisamos (re)conversar sobre Méliuz (CASH3)

23 de junho de 2025 - 14:30

Depois de ter queimado a largada quase literalmente, Méliuz pode vir a ser uma opção, sobretudo àqueles interessados em uma alternativa para se expor a criptomoedas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nem todo mundo em pânico: Ibovespa busca recuperação em meio a reação morna dos investidores a ataque dos EUA ao Irã

23 de junho de 2025 - 8:18

Por ordem de Trump, EUA bombardearam instalações nucleares do Irã na passagem do sábado para o domingo

DÉCIMO ANDAR

É tempo de festa junina para os FIIs

22 de junho de 2025 - 8:00

Alguns elementos clássicos das festas juninas se encaixam perfeitamente na dinâmica dos FIIs, com paralelos divertidos (e úteis) entre as brincadeiras e a realidade do mercado

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tambores da guerra: Ibovespa volta do feriado repercutindo alta dos juros e temores de que Trump ordene ataques ao Irã

20 de junho de 2025 - 8:23

Enquanto Trump avalia a possibilidade de envolver diretamente os EUA na guerra, investidores reagem à alta da taxa de juros a 15% ao ano no Brasil

SEXTOU COM O RUY

Conflito entre Israel e Irã abre oportunidade para mais dividendos da Petrobras (PETR4) — e ainda dá tempo de pegar carona nos ganhos

20 de junho de 2025 - 6:03

É claro que a alta do petróleo é positiva para a Petrobras, afinal isso implica em aumento das receitas. Mas há um outro detalhe ainda mais importante nesse movimento recente. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã

19 de junho de 2025 - 9:29

Investidores terão um dia inteiro para digerir as decisões de juros da Super Quarta devido a feriados que mantêm as bolsas fechadas no Brasil e nos Estados Unidos

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar

18 de junho de 2025 - 14:40

Vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!). E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual? E qual deveria ser?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Olhando para cima: Ibovespa busca recuperação, mas Trump e Super Quarta limitam o fôlego

18 de junho de 2025 - 8:22

Enquanto Copom e Fed preparam nova decisão de juros, Trump cogita envolver os EUA diretamente na guerra

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Do alçapão ao sótão: Ibovespa repercute andamento da guerra aérea entre Israel e Irã e disputa sobre o IOF

17 de junho de 2025 - 8:24

Um dia depois de subir 1,49%, Ibovespa se prepara para queimar a gordura depois de Trump abandonar antecipadamente o G-7

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar