Otimismo exagerado? Inflação nos EUA anima, mas não significa que vem bull market pela frente — entenda o que isso significa para os seus investimentos
Os dados de inflação abaixo do esperado trouxeram sinais de um fim de ciclo de alta de juros nos EUA, mas isso não quer dizer que é hora de deixar a cautela de lado
Há uma semana falávamos nessa CompoundLetter sobre como os dados da economia americana eram preocupantes e como tudo que acontecia lá poderia respingar aqui.
O texto versava sobre o déficit primário e o aumento das despesas obrigatórias dos EUA e sua cadeia de repercussões.
Os gastos públicos repercutem na inflação e nas taxas de juros locais.
Por sua vez, os dados repercutem nas outras economias, sobretudo as emergentes, uma vez que os juros americanos são o grande benchmark global para qualquer tipo de investimento.
Mas nesta terça-feira, quando os últimos dados de inflação nos EUA foram divulgados, o clima de preocupação mudou.
Isto me leva a crer que talvez a CompoundLetter esteja passando por uma síndrome de The Economist, acostumada a marcar as mudanças em tendências do mercado — involuntariamente, diga-se — com suas capas.
VEJA TAMBÉM: TOUROS E URSOS - A ‘mamata’ do 1% ao mês com renda fixa acabou. E agora?
Expectativa sobre ciclo de alta de juros dos EUA
É fato que os dados de inflação animaram, e muito, o mercado, sobretudo pelo núcleo do índice de inflação ao consumidor de outubro, que subiu 0,2%, menos que os 0,3% esperados pelo consenso.
Leia Também
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Isso já fez com que as apostas do mercado para os juros americanos se movessem bastante.
O que a tabela abaixo mostra é que o mercado agora enxerga manutenção da taxa americana nas próximas três reuniões do Fed e corte nas quatro restantes do ano que vem, fechando 2024 com uma taxa básica entre 4,25% e 4,5%.
Ou seja, o ciclo de alta, para o mercado, já acabou e o ano que vem deve ser de quedas seguidas.
O fim da crise parece já estar contratado.

Um novo humor para novos resultados
O dado da inflação aparentemente já foi suficiente para espantar os medos causados pela alta do PIB americano anualizado no terceiro trimestre de 2023.
O esperado era 4,7%, mas o aferido foi 4,9%, o que demonstrava uma economia ainda aquecida, podendo causar um efeito inflacionário e segurar os juros no patamar que estavam.
A julgar pela performance das ações, a inflação desacelerando foi capaz de mudar o desânimo dos investidores causado pelo PIB aquecido.
Na terça-feira a bolsa de Nova York subiu 1,77% e a brasileira 2,39%, passando dos 123 mil pontos.
O dólar caiu 0,91% e fechou a R$ 4,84.
As consequências que esse novo contexto inaugurado na anteontem podem trazer são muito boas para a Bolsa.
A repercussão dos dados dos EUA no Brasil
Com a perspectiva de queda de juros nos EUA, os títulos do tesouro americano perdem aquele poder de sugar a liquidez de todos os ativos.
E pode sobrar bastante fluxo para os ativos de risco, não só lá fora mas também aqui no Brasil.
Conforme a Aline Cardoso explicou no programa 68, as condições fiscais e econômicas no Brasil já estão dadas para uma queda de juros (arcabouço fiscal, reforma tributária etc) e a consequente melhora do ambiente para ativos de risco — ambos aliás, que já vêm acontecendo.
A solução do fluxo para a bolsa brasileira, portanto, traz uma perspectiva de alta para as ações por aqui.
Isso significa que é hora de dar all-in e investir tudo na bolsa?
Não.
Cuidado: cautela à vista sobre economia dos EUA
Veja, “all-in” e “investir” são duas expressões que nunca deveriam estar juntas.
Passada a euforia da terça-feira, vale lembrar que o que tivemos até agora foi apenas um dado favorável.
Um dado relevante e positivo, sim, mas não o quadro todo da economia dos EUA, que ainda vive um risco de recessão após tantos meses de política monetária contracionista.
Além disso, conforme mostramos na semana passada, a economia por lá ainda tem muitos problemas para resolver.
A moral da história é que sem dúvida as condições para os ativos de risco melhoraram, mas talvez seja cedo demais para decretar o fim da crise e o começo de um novo bull market.
Um abraço,
Renato Santiago
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional