🔴VEM AÍ ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE – DE 1 A 4 DE JULHO – INSCREVA-SE GRATUITAMENTE

Felipe Miranda: no mercado de ações, mentiras sinceras me interessam

Com as variáveis macroeconômicas domésticas mostrando uma tendência de melhora no médio prazo, diversas ações mostram potencial de alta

12 de junho de 2023
20:03 - atualizado às 18:38
Imagem de número e gráficos os quais representam ações na Bolsa de Valores

Tudo que sabemos quando fazemos previsões é que vamos errar.

Não é uma frase de efeito, um vício de linguagem ou uma hipérbole. É uma constatação objetiva, desdobramento imediato daquilo que se propõe a fazer a ciência jovem, mais especificamente aplicada às finanças.

O sujeito da previsão só enxerga uma distribuição de probabilidades de cenários futuros possíveis (e mesmo essa distribuição é subjetiva, não conhecida e de necessária estimativa; ela não é observável, ninguém encontra uma distribuição de probabilidade na rua) e arriscamos um ponto específico (o preço-alvo de determinados ativos ou ações) nessa distribuição.

A probabilidade de se acertar ex-ante um ponto numa distribuição contínua é zero.

Sim, estamos jogando um jogo cuja probabilidade de dar certo é zero! É algo contratado de início. e há uma coisa ainda mais curiosa nesse exercício: a tal distribuição de probabilidades nunca será de fato conhecida, pois a História não narra aquilo que poderia ter sido; apenas o que foi.

O risco, de fato, jamais será medido com precisão, mesmo ex-post. Ninguém saberá qual o cenário extremo negativo.

Leia Também

Ainda assim, continuamos repetindo o procedimento, cuja implicação prática é gigantesca. Os preços que vimos hoje em tela (as cotações) são reflexo de um consenso acerca dessas expectativas dos agentes, manifestadas a partir de uma série de interações simultâneas e sucessivas de oferta e demanda.

Quando mudam as estimativas de preço-alvo de uma ação, resultado das projeções de lucros das empresas (mais especificamente de fluxo de caixa, mas isso é uma tecnicalidade desprezível nesse momento), mudam imediatamente os preços hoje.

Arrisco dizer que poucas coisas são tão relevantes para a dinâmica do preço de uma ação do que revisão em seus lucros estimados, sobretudo quando isso envolve também um processo de queda de taxas de juro. Porque, aí meu caro, envolve mais lucro e re-rating. 

O impacto dos juros nas ações

Um juro menor implica menos despesa financeira para uma companhia. Sobra mais lucro, na largada. Mas há também um efeito secundário: o afrouxamento das condições financeiras de uma economia implica aumento da demanda agregada. Aquela companhia, possivelmente, vai vender mais. E, portanto, deve lucrar mais também. 

Não é somente o lucro que aumenta a partir dos juros menores. Como a renda fixa passa a pagar menos, por arbitragem, o investidor também vai aceitar receber menos para comprar ações — ele vai ponderar entre todas as alternativas disponíveis para aplicar seu dinheiro.

Em outras palavras: ele vai topar pagar mais por um mesmo lucro. Os múltiplos das ações se expandem, no chamado “re-rating”.

Na fração Preço sobre Lucro, o denominador aumenta imediatamente por conta dos juros menores. Mas toda a relação P/L também sobe, por conta da arbitragem contra a renda fixa. Então, se o denominador subiu e toda a fração também subiu, isso quer dizer que o numerador (no caso, o preço das ações) precisa subir muito! Aritmética básica.

Bingo! É exatamente o que estamos vivendo agora. E já começou — as manchetes de “Ibovespa entra em Bull Market aos 117 mil pontos” não derivam do acaso. O movimento tende apenas a se intensificar à frente.

O que nos trouxe até aqui?

Iniciamos pela revisão das estimativas para o PIB. Em janeiro, se esperava uma expansão da economia inferior a 1%. Agora, já se projeta mais de 2%, com chances não-desprezíveis de convergirmos a 2,5%. Há três anos, temos revisado as estimativas para o PIB brasileiro. E, chega no final do ano, a economia supera as projeções já revisadas.

Em paralelo, a inflação, que seria de 7%, pode ser inferior a 5% neste ano, indo a 4% em 2024. Na esteira, revisam-se as expectativas para a Selic. O consenso começa a migrar na direção do início do ciclo de cortes do juro básico em agosto, possivelmente com uma redução de 50 pontos-base.

Os departamentos de macroeconomia das gestoras, dos bancos e das corretoras revisam seus modelos e repassam suas projeções aos analistas setoriais de ações. Esses utilizam as premissas macro para montar seus modelos idiossincráticos. A consequência de mais PIB, menos inflação e menos juros sobre os preços-alvo é expressiva.

Quais ações podem surfar a onda?

Já observamos uma safra de revisões para cima em algumas empresas. Casos emblemáticos têm sido as ações de B3 (B3SA3) e de educacionais. As estatais seguem caminho semelhante: Petrobras (PETR4; PETR3) teve seu segundo upgrade consecutivo hoje. Porto Seguro (PSSA3) já recebeu uma elevação na semana passada e outras devem estar a caminho, conforme fique claro o tamanho do impacto do fechamento da curva de juros sobre os lucros deste ano.

Podemos esperar algo assim chegando aos nomes do financial deepening na sequência. Depois do BTG Pactual (BPAC11) entrar na lista de preferências do estrategista do Itaú enquanto a cobertura formal do banco lhe atribuía uma recomendação “neutra”, o passo natural parece ser uma revisão para cima nas estimativas de lucro, sobretudo porque daqui a pouco estaremos falando em reaquecimento das receitas de investment banking — com Ibovespa a 120 mil pontos, voltamos a falar em IPO (vamos torcer por uma safra mais saudável desta vez!).

Com o caso Americanas sendo endereçado, mesmo que a duras penas, não haveria mais provisões a fazer e poderia até mesmo haver alguma reversão, abrindo espaço para um ROE talvez até um pouco acima do passado como guidance informal.

Ativos de qualidade tendem a negociar com prêmio importante e logo estaremos ali nos 3x book. Guardadas as devidas proporções, replique o raciocínio para BR Partners (BRBI11) e veja seus pares internacionais negociando a 15x lucros; você chega em um upside de pelo menos 60%. Eu estou comprando.

Então, chegamos às ações do varejo e às incorporadoras, que ninguém queria. Aqui é possivelmente a maior sensibilidade ao juro. Destaco Grupo SBF, que negocia a 7x lucros para 2024. Vejo inclusive espaço para uma revisão para cima nesse lucro e, num ciclo mais positivo, poderíamos facilmente ver essas ações a 14x lucros. Pode dobrar, não é mesmo? 

Há uma questão típica de momentos de inversão de ciclo: o tamanho dos movimentos costumam ser subdimensionados. Quando a Selic estava a 2%, alguém achava que ela iria a 13,75%?

Bom, acho que você entendeu…

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um longo caminho: Ibovespa monitora cessar-fogo enquanto investidores repercutem ata do Copom e testemunho de Powell

24 de junho de 2025 - 7:58

Trégua anunciada por Donald Trump impulsiona ativos de risco nos mercados internacionais e pode ajudar o Ibovespa

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um frágil cessar-fogo antes do tiro no pé que o Irã não vai querer dar

24 de junho de 2025 - 6:15

Cessar-fogo em guerra contra o Irã traz alívio, mas não resolve impasse estrutural. Trégua será duradoura ou apenas mais uma pausa antes do próximo ato?

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Precisamos (re)conversar sobre Méliuz (CASH3)

23 de junho de 2025 - 14:30

Depois de ter queimado a largada quase literalmente, Méliuz pode vir a ser uma opção, sobretudo àqueles interessados em uma alternativa para se expor a criptomoedas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nem todo mundo em pânico: Ibovespa busca recuperação em meio a reação morna dos investidores a ataque dos EUA ao Irã

23 de junho de 2025 - 8:18

Por ordem de Trump, EUA bombardearam instalações nucleares do Irã na passagem do sábado para o domingo

DÉCIMO ANDAR

É tempo de festa junina para os FIIs

22 de junho de 2025 - 8:00

Alguns elementos clássicos das festas juninas se encaixam perfeitamente na dinâmica dos FIIs, com paralelos divertidos (e úteis) entre as brincadeiras e a realidade do mercado

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tambores da guerra: Ibovespa volta do feriado repercutindo alta dos juros e temores de que Trump ordene ataques ao Irã

20 de junho de 2025 - 8:23

Enquanto Trump avalia a possibilidade de envolver diretamente os EUA na guerra, investidores reagem à alta da taxa de juros a 15% ao ano no Brasil

SEXTOU COM O RUY

Conflito entre Israel e Irã abre oportunidade para mais dividendos da Petrobras (PETR4) — e ainda dá tempo de pegar carona nos ganhos

20 de junho de 2025 - 6:03

É claro que a alta do petróleo é positiva para a Petrobras, afinal isso implica em aumento das receitas. Mas há um outro detalhe ainda mais importante nesse movimento recente. 

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã

19 de junho de 2025 - 9:29

Investidores terão um dia inteiro para digerir as decisões de juros da Super Quarta devido a feriados que mantêm as bolsas fechadas no Brasil e nos Estados Unidos

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar

18 de junho de 2025 - 14:40

Vimos um build up da Selic terminal para 15,00%, de modo que a aposta em manutenção na reunião de hoje virou zebra (!). E aí, qual é a Selic de equilíbrio para o contexto atual? E qual deveria ser?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Olhando para cima: Ibovespa busca recuperação, mas Trump e Super Quarta limitam o fôlego

18 de junho de 2025 - 8:22

Enquanto Copom e Fed preparam nova decisão de juros, Trump cogita envolver os EUA diretamente na guerra

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Do alçapão ao sótão: Ibovespa repercute andamento da guerra aérea entre Israel e Irã e disputa sobre o IOF

17 de junho de 2025 - 8:24

Um dia depois de subir 1,49%, Ibovespa se prepara para queimar a gordura depois de Trump abandonar antecipadamente o G-7

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Acima do teto tem um sótão? Copom chega para mais uma Super Quarta mirando fim do ciclo de alta dos juros

17 de junho de 2025 - 6:45

Maioria dos participantes do mercado financeiro espera uma alta residual da taxa de juros pelo Copom na quarta-feira, mas início de cortes pode vir antes do que se imagina

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O fim do Dollar Smile?

16 de junho de 2025 - 20:00

Agora o ouro, e não mais o dólar ou os Treasuries, representa o ativo livre de risco no imaginário das pessoas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar

16 de junho de 2025 - 8:18

Desdobramentos do conflito que começou na sexta-feira (13) segue ditando o humor dos mercados, em semana de Super Quarta

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal

13 de junho de 2025 - 8:16

Mercados globais operam em queda, com ouro e petróleo em alta com aumento da aversão ao risco

SEXTOU COM O RUY

Labubu x Vale (VALE3): quem sai de moda primeiro?

13 de junho de 2025 - 7:11

Se fosse para colocar o meu suado dinheirinho na fabricante do Labubu ou na mineradora, escolho aquela cujas ações, no longo prazo, acompanham o fundamento da empresa

Insights Assimétricos

Novo pacote, velhos vícios: arrecadar, arrecadar, arrecadar

13 de junho de 2025 - 6:03

O episódio do IOF não é a raiz do problema, mas apenas mais uma manifestação dos sintomas de uma doença crônica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bradesco acerta na hora de virar o disco, governo insiste no aumento de impostos e o que mais embala o ritmo dos mercados hoje

12 de junho de 2025 - 8:19

Investidores avaliam as medidas econômicas publicadas pelo governo na noite de quarta e aguardam detalhes do acordo entre EUA e China

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Mais uma anomalia para chamar de sua

11 de junho de 2025 - 20:37

Eu sou um stock picker por natureza, mas nem precisaremos mergulhar tanto assim no intrínseco da Bolsa para encontrar oportunidade; basta apenas escapar de tudo o que é irritantemente óbvio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria

11 de junho de 2025 - 8:20

Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar