O mercado é ‘curto prazista’? Saiba como a temporada de balanços pode ajudar a encontrar oportunidades para lucrar com ações
O preço de uma ação reflete a expectativa do mercado quanto ao futuro da empresa — e nenhum outro momento é tão propício para treinar esse exercício de futurologia do que a temporada de balanços
O texto de hoje será dedicado ao conselho número seis que eu trouxe na CompoundLetter da semana passada. Nele, eu digo que o preço de uma ação reflete a expectativa do mercado quanto ao futuro da empresa e que, portanto, investir é um exercício de futurologia, de tentar prever até onde a empresa é capaz de chegar em termos de receita, margem, lucro e necessidade de investimentos.
Nenhum outro momento é tão propício para treinar esse exercício de futurologia do que durante as temporadas de resultados.
Trimestralmente, as empresas com ações negociadas em bolsa são obrigadas a divulgar ao mercado suas demonstrações financeiras dos três meses anteriores.
Tão importante quanto a leitura atenta dos documentos é escutar as teleconferências de resultados.
Os melhores insights sobre o futuro de um negócio costumam sair delas, pois é quando os executivos das empresas se reúnem para comentar sobre os resultados e tiram dúvidas tanto dos analistas de sell side, quanto do investidor pessoa física - que na maioria das vezes só terá esse momento de interação para entender se o negócio está indo bem ou não.
Temporada de balanços
Recentemente, nós entramos na temporada de resultados do 4º trimestre de 2022 (4T22).
Isso quer dizer que estamos em um momento propício para os negócios serem reavaliados. Não à toa, é comum assistir ações caindo ou subindo forte após a divulgação de seus resultados.
Isso geralmente acontece porque o mercado - que já tem uma certa expectativa em relação aos resultados que as empresas vão entregar - pode ser surpreendido tanto positivamente, quanto negativamente em relação aos resultados e projeções dos executivos.
Leia Também
Sabe aquela empresa que viu seu lucro crescer 300% em relação ao mesmo trimestre do ano passado e mesmo assim as suas ações caem?
Pois é, isso acontece porque ou a expectativa que o mercado tinha era ainda maior ou o lucro divulgado é 'mentiroso' - ou seja, possui eventos não recorrentes.
O mercado é 'curto prazista'?
A equação felicidade é igual expectativa menos realidade é igualmente cabível no mercado financeiro.
Você poderia argumentar que o mercado é 'curto prazista': como pode o valor de uma empresa ser definido com base no que uma empresa entrega em um trimestre?!
Mas o ponto é que um resultado trimestral fornece informações importantes sobre o futuro de uma empresa. O mercado não está reagindo mecanicamente ao lucro divulgado.
Não se trata apenas do trimestre em si, mas sim sobre como a partir daqueles resultados é possível modelar o futuro de um jeito diferente ao dia anterior a divulgação.
Vou tentar deixar mais claro.
O mercado e as ações
Imagina uma empresa que hoje lucra R$ 100 ao ano e que espera que esse montante cresça a uma taxa de 10% ao ano pra sempre.
Supondo que você como investidor exige uma taxa mínima de retorno pelo investimento de 10%, você estaria disposto a pagar R$ 1.100 hoje por essa empresa. Segue abaixo o cálculo:
= (lucro hoje x (1 + taxa de crescimento do lucro) / retorno exigido, ou
(100 x 1,10) / 0,10 = R$ 1.100
Agora, imagina que essa empresa ao invés de divulgar um crescimento de 10%, divulga um crescimento de 15% e afirma que a partir de agora é esse o retorno esperado pra frente. Quanto você estaria disposto a pagar por ela? Estaria disposto a pagar ~140% a mais por ela, ou cerca de R$ 2.645 pelo negócio.
= (lucro divulgado x (1 + taxa de crescimento do lucro) / (crescimento do lucro - retorno exigido)
Cálculo: (115 x 1,15) / (0,15 - 0,10) = R$ 2.645
O mercado e os insights do futuro
A forma como investidores podem obter retornos superiores à média se dá antecipando movimentos competitivos de uma empresa de modo que o impacto positivo deles na geração futura de caixa da empresa ainda não tenha sido incorporado ao preço da ação.
Portanto, o mercado não é curto prazista. O curto prazo apenas traz insights sobre como será o futuro. Em outras palavras, os investidores fazem apostas de curto prazo com base em tendências de longo prazo.
Agora que você sabe a importância desse período, deve imaginar que sono será um recurso escasso nas minhas próximas semanas.
Mudanças e oportunidades em ações
Como responsável pela Carteira Market Makers e investidor do fundo que se inspira nessa carteira, sugeri mudanças pontuais diante da temporada de resultados do 4T22.
Aproveitamos para diminuir o tamanho das posições cuja margem de segurança encolheu - seja porque as ações se valorizaram, seja porque aumentou a possibilidade de surpresas negativas - e aumentamos nossa parcela em caixa (R$) para aproveitar oportunidades que podem surgir em empresas que estamos 'namorando'.
Como eu disse, é vital se antecipar a alguns movimentos e foi isso que tentamos fazer na semana passada e até agora tem dado certo.
Duas das posições que optamos por reduzir, sofreram rebaixamentos de recomendação do sell side, o que fez as ações derreterem na bolsa.
Teria sido melhor ter diminuído ainda mais as posições, mas termos nos antecipado às revisões têm contribuído positivamente com 0,7 ponto percentual do resultado da carteira em fevereiro.
Nossa carteira está disponível apenas aos assinantes da Comunidade Market Makers. Mas seguindo o que o Salomão disse ontem, não faça a assinatura agora: faremos um anúncio especial nesta semana que vai interessar muito quem quer virar membro da nossa comunidade. Aguarde novidades!
Abraço,
Matheus Soares
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro
Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação
Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal
Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998
Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.
Manter o carro na pista: a lição do rebalanceamento de carteira, mesmo para os fundos imobiliários
Assim como um carro precisa de alinhamento, sua carteira também precisa de ajustes para seguir firme na estrada dos investimentos
Petrobras (PETR4) pode surpreender com até R$ 10 bilhões em dividendos, Vale divulgou resultados, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A petroleira divulgou bons números de produção do 3° trimestre, e há espaço para dividendos bilionários; a Vale também divulgou lucro acima do projetado, e mercado ainda digere encontro de Trump e Xi
Dividendos na casa de R$ 10 bilhões? Mesmo depois de uma ótima prévia, a Petrobras (PETR4) pode surpreender o mercado
A visão positiva não vem apenas da prévia do terceiro trimestre — na verdade, o mercado pode estar subestimando o potencial de produção da companhia nos próximos anos, e olha que eu nem estou considerando a Margem Equatorial
Vale puxa ferro, Trump se reúne com Xi, e bolsa bateu recordes: veja o que esperar do mercado hoje
A mineradora divulga seus resultados hoje depois do fechamento do mercado; analistas também digerem encontro entre os presidentes dos EUA e da China, fala do presidente do Fed sobre juros e recordes na bolsa brasileira
Rodolfo Amstalden: O silêncio entre as notas
Vácuos acumulados funcionaram de maneira exemplar para apaziguar o ambiente doméstico, reforçando o contexto para um ciclo confiável de queda de juros a partir de 2026
A corrida para investir em ouro, o resultado surpreendente do Santander, e o que mais mexe com os mercados hoje
Especialistas avaliam os investimentos em ouro depois do apetite dos bancos centrais por aumentar suas reservas no metal, e resultado do Santander Brasil veio acima das expectativas; veja o que mais vai afetar a bolsa hoje
O que a motosserra de Milei significa para a América Latina, e o que mais mexe com seu bolso hoje
A Argentina surpreendeu nesta semana ao dar vitória ao partido do presidente Milei nas eleições legislativas; resultado pode ser sinal de uma mudança política em rumo na América Latina, mais liberal e pró-mercado
A maré liberal avança: Milei consolida poder e reacende o espírito pró-mercado na América do Sul
Mais do que um evento isolado, o avanço de Milei se insere em um movimento mais amplo de realinhamento político na região