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Felipe Miranda: A Odisseia — dólar, petróleo e outras cositas más

Diante de um carrego tão alto e com commodities mais caras, sobretudo agora com este rali do petróleo diante do novo corte da Opep, o dólar, objetivamente, não tem sido um bom hedge

3 de abril de 2023
18:43 - atualizado às 17:42
Imagem de barril de petróleo sobre notas de dólar
Imagem de barril de petróleo sobre notas de dólar - Imagem: Shutterstock

Que Ulisses foi um camarada corajoso e um grande guerreiro parece ser consenso. Agora, me surpreende o quanto o cidadão foi visionário, sujeito de vanguarda, capaz de alinhar-se ao autocomprometimento físico, aquela barreira material autoimposta recomendada por psiquiatras e psicanalistas para se evitar o consumo excessivo de substâncias ou comportamentos de alta dopamina, com alto poder viciante e, na maior parte das vezes, bastante deletérios.

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Voltando da guerra de Troia, sabia dos perigos de se ouvir o canto das sirenas, aquelas criaturas aquáticas sedutoras, que atraiam marinheiros para o fundo do mar a partir de suas melodias irresistíveis. Para escapar da tentação, Ulisses ordenou a introdução de cera de abelha nos ouvidos dos tripulantes e forçou sua própria amarração ao mastro do veleiro.

Como explica a Dra. Anna Lembke, psiquiatra e professora da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, “uma forma de autocomprometimento é criar barreiras físicas literais e/ou distância geográfica entre nós mesmos e a nossa droga de escolha.”

Se você gasta demais, talvez tenha de cancelar o cartão de crédito e usar apenas dinheiro. Se é um alcoólatra inveterado e vai viajar, possivelmente seja prudente pedir ao hotel para retirar o frigobar do seu quarto. Se não consegue sair do celular, quem sabe a única saída seja colocado dentro de um cofre a partir de determinado horário do dia.

A mesma lógica poderia valer para determinados vícios e comportamentos financeiros, diante de sirenas capazes de emitir cantos e narrativas sedutoras para nos empurrar ao fundo do mar.

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O dólar e suas nuances

Cerca de um século atrás, ali pelos fins de 2022, só havia uma conversa inteligetinha: vamos tirar nosso dinheiro do Brasil e correr para as montanhas do dólar. O movimento foi geral, de gente muita rica atendida pelos multi family offices aos investidores de varejo, numa corrida em direção às corretoras com acesso ao mercado internacional.

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Passamos pelo primeiro trimestre do ano e o dólar saiu de R$ 5,28 para R$ 5,07. Houve quem ganhou dinheiro, claro: as corretoras com acesso ao mercado internacional e as empresas que montam estruturas em BVI.

Há algumas nuances da história do dólar. Existe um certo consenso no exterior de um ano favorável para mercados emergentes, o que historicamente significou dólar mais fraco.

Modelos econométricos construídos de várias maneiras apontam um valor justo do dólar em torno de R$ 4,60/R$ 4,80. É natural haver algum prêmio, sobretudo em momentos de muita incerteza local, como o atual.

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No entanto, com o carrego muito alto, dado que o juro por aqui não deve cair muito e tão cedo, o peso das variáveis financeiras no curto prazo acaba sendo maior do que os fundamentos do mercado de bens — apenas uma variação do já antigo modelo de overshooting do Rudi Dornbusch.

Diante de um carrego tão alto e com commodities mais caras, sobretudo agora com este rali do petróleo diante do novo corte da Opep, o dólar, objetivamente, não tem sido um bom hedge.

Em 2023, esse papel tem sido bem desempenhado pelo caixa (o CDI é um maratonista incansável, que corre bem rapidinho, embora seja pouco sedutor a priori), pelo ouro e, talvez surpreendentemente, pelo bitcoin, diante da sinalização de fim iminente do ciclo de alta de juro nos EUA e do temor com o sistema bancário norte-americano, o que aumenta o apelo das finanças descentralizadas.

Petróleo, a narrativa sedutora que caiu

Por falar em petróleo, eis outra narrativa sedutora recente que acaba de cair.

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A ideia era de que a crise bancária norte-americana trazia um aperto monetário não-deliberado e, com isso, seria inevitável uma recessão nos EUA, com consequências marcantes sobre o preço da commodity. Ocorre que o mercado já estava bastante apertado, sofrendo com dificuldades para expandir a oferta.

Em adição, os EUA precisavam (e ainda precisam!) recompor sua reserva estratégica e sempre contamos com a possibilidade de, num mercado oligopolizado, o cartel resolver controlar a produção.

“Gradually, then suddenly”, para citar Hemingway pela enésima vez. As coisas parecem calmas, até que subitamente mudam por completo.

O petróleo sobe quase 7% enquanto escrevo. O mercado corre para comprar petroleiras e vender o que é sensível a taxas de juro, possivelmente mais altas diante da inflação gerada pelo combustível mais caro. Tudo que é growth (crescimento) cai, bancos sobem com juros maiores. Volta o case, ao menos temporariamente, do reflation trade (compramos o que gera caixa no presente, vendemos o resto).

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Pequena ressalva sobre fintechs no Brasil: mercado misturou muito joio e trigo. Há coisa que realmente não deveria estar em Bolsa, fake techs inviáveis financeiramente. E há coisas boas, que apenas estavam caras.

Veja Méliuz: acaba de materializar a venda do Bankly e formalmente afirma se preparar para um grande provento extraordinário usando essa grana. Se vier o valor total, seria uma distribuição de R$ 210 M, cerca de 25% de yield.

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Petrobras passará por um teste de fogo

Voltando ao assunto central, por aqui, as empresas juniores de petróleo devem ser as mais beneficiadas, com destaque para PetroRio e 3R. A primeira não tem posições de hedge relevantes e pega na veia o incremento do óleo. A segunda tem maior lifting cost (custo de extração) e, por isso, tem maior sensibilidade e alavancagem operacional a partir de variações da commodity subjacente.

Sobre Petrobras, já fica aquela dúvida. Um petróleo muito barato é ruim, mas muito caro pode ser ainda pior. Política de preços vai enfrentar seu primeiro teste de fogo.

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Se mercado notar alguma intervenção mais direta e mudança importante no apreçamento dos combustíveis, de-rating pode ser grande. Minha preferência é por 3R, mais barata, com sólido prognóstico de crescimento da produção e com o trigger de curto prazo de materializar operação de Potiguar.

Como segunda derivada, as empresas de distribuição de combustíveis também podem se beneficiar, com marcação a mercado positiva à frente. Há poucos meses, ninguém queria e agora a narrativa também começa a mudar.

A melhor recomendação para o segundo trimestre talvez seja passar cera de abelha nos ouvidos.

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