Inteligência Artificial criará uma Nova Era Clinton de produtividade? Entenda se estamos à beira de uma ‘bolha’ no setor de IA
Embora possa levar até a década de 2030 para que a IA possibilite grandes ganhos de produtividade em toda a economia, já existem evidências do impacto positivo

O termo "inteligência artificial" (IA) inundou os mercados financeiros internacionais, em especial o americano, no qual a expressão IA se tornou indispensável para os times de gestão durante a temporada de resultados do primeiro trimestre de 2023.
Em 2017 e 2021, os termos obrigatórios eram "blockchain" e "metaverso", respectivamente. Agora, em 2023, foi a vez da inteligência artificial dominar as conversas, despertando um maior interesse das empresas em um mundo onde investidores anseiam por destravar bilhões de dólares com essa nova tecnologia.
Para se ter uma ideia do que estou falando, até o momento, as empresas do índice S&P 500 já fizeram mais de 1.000 menções à IA em seus resultados deste ano. Ora, dar destaque às capacidades da IA faz sentido financeiro.
Afinal, estimativas apontam que as empresas que adotam essa tecnologia estão gerando 0,4% de retorno diário a mais para os acionistas em comparação com aquelas com menor exposição à IA nos meses após o lançamento do ChatGPT, o modelo de linguagem mais popular atualmente.
Só se fala em IA
Um exemplo notável é a Microsoft, que desde seu envolvimento com a OpenAI, fabricante do ChatGPT, através de um investimento de US$ 10 bilhões em janeiro, viu o preço de suas ações disparar 28%.
Mas esse entusiasmo não é de hoje.
Leia Também
A (nova) mordida do Leão na sua aposentadoria, e o que esperar dos mercados hoje
Rodolfo Amstalden: O Dinizismo tem posição no mercado financeiro?
Para ilustrar com o que estamos lidando, a consultoria estratégica BCA Research criou uma cesta personalizada de IA generativa que inclui empresas que estão diretamente envolvidas no desenvolvimento de aplicativos do gênero ou fazem parte de seu ecossistema.
O desempenho pode ser visto abaixo.

Em outras palavras, a temática já chama a atenção dos investidores há alguns anos, mas ganhou uma nova proporção com as ferramentas aplicadas de modelos de linguagem mais recentes. Não à toa, as grandes empresas de tecnologia são as grandes responsáveis pela alta nos ativos americanos neste ano.
IA não é a primeira tecnologia a atrair tanto capital financeiro
Isso já ocorreu com inovações verdadeiramente revolucionárias, assim como com tecnologias que não conseguiram corresponder às expectativas geradas. Ainda é um caso em aberto, embora promissor, que demanda análise cautelosa.
Para ilustrar, podemos avaliar a ascensão da economia japonesa nos anos 1980, amplamente reconhecida como uma bolha sem precedentes, quando o mercado de ações experimentou um crescimento exponencial, superando até mesmo o desempenho dos EUA.
O colapso resultante teve um impacto significativo na economia japonesa, levando mais de três décadas para se recuperar completamente. O impacto do Grande Crash de 1929, uma das maiores bolhas da história, foi ainda mais devastador.
- Não dê dinheiro à Receita Federal à toa: você pode estar deixando de receber uma boa restituição do Imposto de Renda por algum equívoco na hora da declaração. Clique aqui e baixe GRATUITAMENTE um guia completo para não errar em nada na hora de acertar as contas com o Leão.
Depois do metaverso e da blockchain, IA é 'bolha da vez'?
Sim, há um risco iminente de que a IA possa desencadear uma nova bolha.
No entanto, isso ainda não ocorreu. Michael Hartnett, estrategista do Bank of America (BofA), oferece uma comparação entre as bolhas das últimas décadas em termos de valorização percentual antes do pico. Portanto, podemos afirmar que, se a inteligência artificial for uma bolha, ela está apenas começando a deixar sua marca.

Isso não significa que eu considere IA uma bolha, apenas que eu estou a observando cautelosamente para não cairmos novamente em uma. Até mesmo porque existe um grande entusiasmo em relação à inteligência artificial.
O Goldman Sachs, por exemplo, expressa confiança de que essa tecnologia tem o potencial de impulsionar os lucros do S&P 500 nos próximos 10 anos, contribuindo para um aumento anual de produtividade em torno de 1,5%.
Com base nessa previsão, os lucros do S&P 500 poderiam experimentar um crescimento de até 30% ao longo da próxima década.
Essa revolução na produtividade, contudo, ainda não começou.

Nova tecnologia deve aumentar a produtividade
Assim como ocorreu com as planilhas, processadores e a interface gráfica, que impulsionaram a produtividade dos negócios nas décadas de 1980 e 1990, foi somente quando os computadores foram conectados à Internet que o verdadeiro potencial dessas tecnologias foi percebido.
Se a inteligência artificial seguir a mesma trajetória das grandes revoluções tecnológicas anteriores, é possível que não vejamos ganhos significativos de produtividade em toda a economia até a década de 2030.
No entanto, existem razões para acreditar que o impacto da IA possa ocorrer muito mais cedo. Um estudo recente conduzido por Erik Brynjolfsson revelou um aumento de 14% na produtividade entre os funcionários de atendimento ao cliente em uma grande empresa de software após a adoção de ferramentas de inteligência artificial generativas.
Como a IA se conecta com a Era Clinton
Resumidamente, o diferencial das revoluções tecnológicas anteriores é que elas se concentraram na aplicação e disseminação do conhecimento pré-existente. Em contraste, a revolução da inteligência artificial tem o potencial de criar novos conhecimentos, desta vez gerados por máquinas e não por seres humanos.
Essa capacidade de gerar conhecimento inovador pode acelerar a adoção e o impacto da IA em diferentes setores da economia. Se houver uma grande revolução de produtividade, como aconteceu na Era Clinton na década de 1990, talvez possamos estar diante de uma grande oportunidade para expansão dos múltiplos das empresas, o que sustentaria os múltiplos da Bolsa dos EUA em patamares elevados por mais tempo, sem que necessariamente haja uma grande correção.
Além disso, o cenário é favorável, uma vez que o Federal Reserve dos EUA parece ter concluído grande parte do ciclo de aperto da política monetária. Isso tira pressão das teses de crescimento, como seria o caso aqui.
Por isso, as perspectivas para a IA permanecem positivas no geral, fornecendo margem para múltiplos considerados caros sob a desculpa de que multiplicaremos desproporcionalmente os lucros corporativos com as ferramentas até a década de 2030.
Quem quer ser um milionário? Como viver de renda em 2025, e o que move os mercados hoje
Investidores acompanham discursos de dirigentes do Fed e voltam a colocar a guerra na Ucrânia sob os holofotes
Da fila do telefone fixo à expansão do 5G: uma ação para ficar de olho, e o que esperar do mercado hoje
Investidores aguardam o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole
A ação “sem graça” que disparou 50% em 2025 tem potencial para mais e ainda paga dividendos gordos
Para os anos de 2025 e 2026, essa empresa já reiterou a intenção de distribuir pelo menos 100% do lucro aos acionistas de novo
Quem paga seu frete grátis: a disputa pelo e-commerce brasileiro, e o que esperar dos mercados hoje
Disputa entre EUA e Brasil continua no radar e destaque fica por conta do Simpósio de Jackson Hole, que começa nesta quinta-feira
Os ventos de Jackson Hole: brisa de alívio ou tempestade nos mercados?
As expectativas em torno do discurso de Jerome Powell no evento mais tradicional da agenda econômica global divide opiniões no mercado
Rodolfo Amstalden: Qual é seu espaço de tempo preferido para investir?
No mercado financeiro, os momentos estatísticos de 3ª ou 4ª ordem exercem influência muito grande, mas ficam ocultos durante a maior parte do jogo, esperando o técnico chamar do banco de reservas para decidir o placar
Aquele fatídico 9 de julho que mudou os rumos da bolsa brasileira, e o que esperar dos mercados hoje
Tarifa de 50% dos EUA sobre o Brasil vem impactando a bolsa por aqui desde seu anúncio; no cenário global, investidores aguardam negociações sobre guerra na Ucrânia
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Em dia de agenda esvaziada, mercados aguardam negociações para a paz na Ucrânia
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
Na pujança da indústria de inteligência artificial e de seu entorno, raramente encontraremos na História uma excepcionalidade tão grande
Investidores na encruzilhada: Ibovespa repercute balanço do Banco do Brasil antes de cúpula Trump-Putin
Além da temporada de balanços, o mercado monitora dados de emprego e reunião de diretores do BC com economistas
A Petrobras (PETR4) despencou — oportunidade ou armadilha?
A forte queda das ações tem menos relação com resultados e dividendos do segundo trimestre, e mais a ver com perspectivas de entrada em segmentos menos rentáveis no futuro, além de possíveis interferências políticas
Tamanho não é documento na bolsa: Ibovespa digere pacote enquanto aguarda balanço do Banco do Brasil
Além do balanço do Banco do Brasil, investidores também estão de olho no resultado do Nubank
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin