A vitória de Haddad! Entenda por que pagar mais caro por combustíveis pode ajudar o Brasil
Por mais contraintuitivo que possa parecer, pagar mais caro pela gasolina vai ajudar o governo a caminhar em uma direção de maior responsabilidade fiscal

Não resta dúvida de que o grande tema no Brasil hoje seja a questão fiscal. Em nossa história recente, ainda que o Plano Real tenha pavimentado consideravelmente a via para a pacificação das discussões monetárias do país, deixamos o âmbito orçamentário aberto, o que vem provocando graves distorções na curva de juros, em especial nos vértices mais longos, claro, e afetando o prêmio do risco dos ativos.
O problema se intensificou na era Dilma, sofreu um choque durante a pandemia e é resgatado anualmente desde então.
O ponto central repousa no estabelecimento de um novo arcabouço fiscal crível e responsável, o qual permitiria uma caminhada mais promissora para o país, sem que tivéssemos que retomar o assunto periodicamente, ancorando novamente as expectativas com o endividamento do país.
Ao mesmo tempo, temos que batalhar para zerar o déficit primário o quanto antes, de modo a começarmos a sonhar com um superávit sustentável ao longo dos próximos anos.
As alternativas para um ajuste
Grosso modo, porém, há duas alternativas para a realização de um ajuste fiscal: corte de gastos ou aumento de impostos. Não há saída. O governo atual é de centro-esquerda, possuindo resistência ao primeiro aspecto, restando o segundo.
O problema foi que partimos o ano com a PEC da Transição e com a falta da reoneração sobre os combustíveis, movimentos que deixaram um gosto amargo na boca dos formadores de expectativas.
Leia Também
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
Felipe Miranda: A neoindustrialização brasileira (e algumas outras tendências)
Para piorar, como comentamos aqui no passado, o pacote fiscal do ministro Fernando Haddad, embora tenha seus méritos, acabou focando excessivamente na arrecadação, ficando escanteado nas percepção dos agentes.
A reoneração dos combustíveis
Restava, portanto, a reoneração dos combustíveis, que enfrentou ruídos nos últimos dias.
Felizmente, como vimos ontem, depois de uma reunião com Lula e com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o Ministério da Fazenda de Haddad confirmou a volta integral do PIS/Cofins sobre gasolina e etanol — há garantia de R$ 28,9 bilhões em receitas em 2023, o que é positivo para a percepção fiscal (só em janeiro, o governo deixou de arrecadar R$ 3,75 bilhões com a prorrogação da medida).
Não custa lembrar que o benefício foi concedido inicialmente pelo governo de Jair Bolsonaro como forma de controlar a evolução dos preços dos combustíveis, instáveis por conta da volatilidade de preços do barril de petróleo com a explosão da guerra na Ucrânia, mas foi mantido por Lula nos dois primeiros meses do ano, em meio à preocupação com o choque de uma reoneração no início do governo.
Naturalmente, há previsão de uma oneração maior para combustíveis fósseis (gasolina) frente aos biocombustíveis (etanol), acompanhando os incentivos existentes anteriormente e fortalecendo a narrativa ambientalista do governo.
- O SEGREDO DOS MILIONÁRIOS: as pessoas mais ricas do Brasil não hesitam em comprar ações boas pagadoras de dividendos. Veja como fazer o mesmo neste treinamento exclusivo que o Seu Dinheiro está liberando para todos os leitores.
Quais dúvidas ainda restam
Agora resta saber se haverá alguma contraparte, como redução dos dividendos da Petrobras ou ingerência política sobre os preços praticados pela companhia.
Sobre a questão, segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o retorno da cobrança vai significar uma alta de R$ 0,68 no litro da gasolina nos postos de abastecimento.
Ao mesmo tempo, a Petrobras está praticando no mercado interno preços mais altos do que no exterior, o que deixa uma margem para uma redução dos preços, ainda que pequena.
O presidente Lula deverá alinhar melhor com o próprio presidente da estatal e com os membros da ala política, que estão insatisfeitos com a vitória da Fazenda, antes de oficializar.
Por que Haddad venceu
É curioso que, anteriormente, havia um receio de que uma nova postergação da reoneração ou um movimento parcial para evitar um choque pudesse representar mais uma derrota da equipe econômica, mas não foi o caso.
Aliás, vale dizer que não creio que seria o caso se fosse confirmada uma recomposição gradual. Haddad é uma das pessoas de mais prestígio no governo, tendo influência direta na tomada de decisão de Lula.
Em outras palavras, em um cenário alternativo, concordaria em chamar como meio vitória, ao invés de meia derrota. Contudo, o ministro se sagrou integralmente vitorioso, mesmo que haja perda de dividendos.
Neste sentido, por mais contraintuitivo que possa soar, pagar mais caro pela gasolina vai ajudar o governo a caminhar em uma direção de maior responsabilidade fiscal, amenizando os ruídos sobre a curva de juros, permitindo uma maior tranquilidade por parte do BC para reduzir os juros ainda em 2023, ainda que marginalmente, e abrindo espaço para uma nova apreciação dos ativos brasileiros.
No curto prazo, vai doer no bolso do consumidor e provocar uma pequena inflação. Mas reforço minha visão de que a desoneração é um barato que sai caro, uma vez que deságua em mais déficit fiscal e, consequentemente, mais juros, prejudicando as perspectivas com a atividade.
No longo prazo, podemos caminhar para um equilíbrio mais promissor e menos artificializado, principalmente se houver um bom arcabouço fiscal em março. Com isso, abriremos espaço para uma possível nova alta dos ativos.
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo