‘Prometa menos, entregue mais’ serve para a vida e para a bolsa de valores — veja qual ação da B3 adota essa máxima e reporta bons resultados e dividendos
Empresas que prometem demais têm grandes chances de decepcionar acionistas e deixá-los com um baita prejuízo no fim do ano

Logo em seu primeiro dia no novo emprego, J.J. chegou para impressionar. Não bastasse o currículo invejável, com formação no exterior e fluência em cinco línguas, ele já chegou prometendo mudanças importantes na companhia.
Já na primeira reunião com seus novos chefes, e depois de dar uma rápida olhada no balanço, disse estar espantado com o nível de ineficiência de sua nova casa.
Em seguida, numa bela apresentação de dez slides, fez questão de mostrar como ele, com sua vasta experiência como consultor financeiro, ajudaria a empresa a melhorar seus números ainda naquele ano.
Prometendo demais
Os chefes ficaram impressionados com a capacidade do rapaz. Em poucas horas de reunião, não apenas tinham certeza de que haviam contratado a pessoa certa, como passaram a acreditar que os resultados melhorariam drasticamente.
Já prevendo dividendos mais gordos no fim do ano, alguns executivos até trocaram de carro, ou marcaram viagens extravagantes.
O que eles não sabiam é que J.J. era um grande otimista. Ele sempre fazia as suas contas pensando no melhor cenário possível. E nem era maldade. Ele simplesmente não gostava de pensar que algumas coisas poderiam dar errado. Mas elas dão, como todos descobriram mais tarde.
Leia Também
J.J. chegou colocando as expectativas dos chefes lá em cima. Fez tantas promessas que, mesmo no melhor dos cenários, seria extremamente difícil de entregá-las.
Mas o melhor cenário não aconteceu. Passado alguns meses, depois de entregar muito menos do que prometeu, além de decepcionar seus chefes, J.J. começaria a sofrer uma enorme desconfiança.
Se as ações do J.J. fossem negociadas, é provável que a cotação dele durante o ano seguisse mais ou menos a trajetória mostrada no gráfico abaixo:
Apesar de uma breve animação no início, ele terminaria extremamente desvalorizado no fim do ano.
Entregando de menos
Isso acontece com bastante frequência na bolsa, porque os investidores costumam acreditar nas promessas dos gestores das empresas, mesmo quando elas parecem muito otimistas.
Se o CEO diz que o lucro deve crescer +100% no ano, quase todos os investidores colocam esse número em seus modelos.
No fim do exercício, o lucro pode até subir. Mas se ficar abaixo do prometido, é bem provável que a ação sofra bastante.
Pior, pode ser que durante muito tempo as ações sofram com um bom desconto para as pares por conta da desconfiança dos investidores com relação às promessas passadas não cumpridas do management.
E isso só será revertido depois de muitos resultados acima do que foi prometido, o que pode demorar anos ou nunca acontecer.
Leia também
Prometa de menos
Empresas que prometem demais têm grandes chances de decepcionar acionistas e deixá-los com um belo prejuízo no fim do ano.
Por outro lado, empresas que estabelecem metas factíveis, e que costumam superá-las, normalmente entregam ótimas valorizações.
Quer um exemplo?
No início do ano passado, a BB Seguridade (BBSE3) prometeu um crescimento de 12% a 17% no Resultado Operacional, e 10% a 15% de aumento nos prêmios emitidos na BrasilSeg. Uma meta que se mostrou bastante conservadora ao longo de 2022.
Durante o ano, conforme bons resultados foram sendo entregues, ela revisou o guidance para mais de 24% de crescimento para as duas faixas, e no fim, entregou um número ainda melhor do que esse.
O que aconteceu com as ações durante esse processo? Com investidores cada vez mais contentes com as entregas acima das expectativas, as ações subiram quase +90%, mesmo em um ano muito difícil para o Ibovespa.
Entregue demais
A BB Seguridade apresentou resultados excelentes nesta quinta-feira, com crescimento de quase 50% dos lucros na comparação com o 4T21.
Mesmo assim, BBSE3 desabou -5% no pregão. Você tem alguma ideia do motivo?
Adotando a mesma estratégia conservadora do início do ano passado, a companhia apresentou um guidance com promessa de crescimentos tímidos para 2023.
Mas nesta altura nós já sabemos que a BB Seguridade é o tipo de empresa que prefere prometer de menos para ter boas chances de entregar crescimentos acima do que o mercado espera, e ver suas ações performando bem no período.
Para nós, a queda de ontem é uma oportunidade para comprar essa ação que, além de tudo, ainda é uma ótima pagadora de dividendos.
Por isso, ela faz parte da série Vacas Leiteiras. Se quiser conhecer ações de outras empresas que costumam falar pouco e entregar muitos dividendos, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy

Identificar as empresas que entregam mais do que prometem, na hora de investir em ações, não precisa ser um desafio.
É possível que qualquer pessoa comum ganhe dinheiro com dividendos todo mês, desde que as 3 regras básicas para ter sucesso nessa prática sejam cumpridas.
Quer saber quais são elas? Participe deste treinamento online e exclusivo do Seu Dinheiro.
Powered By Seu Dinheiro Select.
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução