‘Prometa menos, entregue mais’ serve para a vida e para a bolsa de valores — veja qual ação da B3 adota essa máxima e reporta bons resultados e dividendos
Empresas que prometem demais têm grandes chances de decepcionar acionistas e deixá-los com um baita prejuízo no fim do ano

Logo em seu primeiro dia no novo emprego, J.J. chegou para impressionar. Não bastasse o currículo invejável, com formação no exterior e fluência em cinco línguas, ele já chegou prometendo mudanças importantes na companhia.
Já na primeira reunião com seus novos chefes, e depois de dar uma rápida olhada no balanço, disse estar espantado com o nível de ineficiência de sua nova casa.
Em seguida, numa bela apresentação de dez slides, fez questão de mostrar como ele, com sua vasta experiência como consultor financeiro, ajudaria a empresa a melhorar seus números ainda naquele ano.
Prometendo demais
Os chefes ficaram impressionados com a capacidade do rapaz. Em poucas horas de reunião, não apenas tinham certeza de que haviam contratado a pessoa certa, como passaram a acreditar que os resultados melhorariam drasticamente.
Já prevendo dividendos mais gordos no fim do ano, alguns executivos até trocaram de carro, ou marcaram viagens extravagantes.
O que eles não sabiam é que J.J. era um grande otimista. Ele sempre fazia as suas contas pensando no melhor cenário possível. E nem era maldade. Ele simplesmente não gostava de pensar que algumas coisas poderiam dar errado. Mas elas dão, como todos descobriram mais tarde.
Leia Também
O salvador da pátria para a Raízen, e o que esperar dos mercados hoje
Felipe Miranda: Um conto de duas cidades
J.J. chegou colocando as expectativas dos chefes lá em cima. Fez tantas promessas que, mesmo no melhor dos cenários, seria extremamente difícil de entregá-las.
Mas o melhor cenário não aconteceu. Passado alguns meses, depois de entregar muito menos do que prometeu, além de decepcionar seus chefes, J.J. começaria a sofrer uma enorme desconfiança.
Se as ações do J.J. fossem negociadas, é provável que a cotação dele durante o ano seguisse mais ou menos a trajetória mostrada no gráfico abaixo:
Apesar de uma breve animação no início, ele terminaria extremamente desvalorizado no fim do ano.
Entregando de menos
Isso acontece com bastante frequência na bolsa, porque os investidores costumam acreditar nas promessas dos gestores das empresas, mesmo quando elas parecem muito otimistas.
Se o CEO diz que o lucro deve crescer +100% no ano, quase todos os investidores colocam esse número em seus modelos.
No fim do exercício, o lucro pode até subir. Mas se ficar abaixo do prometido, é bem provável que a ação sofra bastante.
Pior, pode ser que durante muito tempo as ações sofram com um bom desconto para as pares por conta da desconfiança dos investidores com relação às promessas passadas não cumpridas do management.
E isso só será revertido depois de muitos resultados acima do que foi prometido, o que pode demorar anos ou nunca acontecer.
Leia também
Prometa de menos
Empresas que prometem demais têm grandes chances de decepcionar acionistas e deixá-los com um belo prejuízo no fim do ano.
Por outro lado, empresas que estabelecem metas factíveis, e que costumam superá-las, normalmente entregam ótimas valorizações.
Quer um exemplo?
No início do ano passado, a BB Seguridade (BBSE3) prometeu um crescimento de 12% a 17% no Resultado Operacional, e 10% a 15% de aumento nos prêmios emitidos na BrasilSeg. Uma meta que se mostrou bastante conservadora ao longo de 2022.
Durante o ano, conforme bons resultados foram sendo entregues, ela revisou o guidance para mais de 24% de crescimento para as duas faixas, e no fim, entregou um número ainda melhor do que esse.
O que aconteceu com as ações durante esse processo? Com investidores cada vez mais contentes com as entregas acima das expectativas, as ações subiram quase +90%, mesmo em um ano muito difícil para o Ibovespa.
Entregue demais
A BB Seguridade apresentou resultados excelentes nesta quinta-feira, com crescimento de quase 50% dos lucros na comparação com o 4T21.
Mesmo assim, BBSE3 desabou -5% no pregão. Você tem alguma ideia do motivo?
Adotando a mesma estratégia conservadora do início do ano passado, a companhia apresentou um guidance com promessa de crescimentos tímidos para 2023.
Mas nesta altura nós já sabemos que a BB Seguridade é o tipo de empresa que prefere prometer de menos para ter boas chances de entregar crescimentos acima do que o mercado espera, e ver suas ações performando bem no período.
Para nós, a queda de ontem é uma oportunidade para comprar essa ação que, além de tudo, ainda é uma ótima pagadora de dividendos.
Por isso, ela faz parte da série Vacas Leiteiras. Se quiser conhecer ações de outras empresas que costumam falar pouco e entregar muitos dividendos, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy

Identificar as empresas que entregam mais do que prometem, na hora de investir em ações, não precisa ser um desafio.
É possível que qualquer pessoa comum ganhe dinheiro com dividendos todo mês, desde que as 3 regras básicas para ter sucesso nessa prática sejam cumpridas.
Quer saber quais são elas? Participe deste treinamento online e exclusivo do Seu Dinheiro.
Powered By Seu Dinheiro Select.
Rodolfo Amstalden: Só um momento, por favor
Qualquer aposta que fizermos na direção de um trade eleitoral deverá ser permeada e contida pela indefinição em relação ao futuro
Cada um tem seu momento: Ibovespa tenta manter o bom momento em dia de pacote de Lula contra o tarifaço
Expectativa de corte de juros nos Estados Unidos mantém aberto o apetite por risco nos mercados financeiros internacionais
De olho nos preços: Ibovespa aguarda dados de inflação nos Brasil e nos EUA com impasse comercial como pano de fundo
Projeções indicam que IPCA de julho deve acelerar em relação a junho e perder força no acumulado em 12 meses
As projeções para a inflação caem há 11 semanas; o que ainda segura o Banco Central de cortar juros?
Dados de inflação no Brasil e nos EUA podem redefinir apostas em cortes de juros, caso o impacto tarifário seja limitado e os preços continuem cedendo
Felipe Miranda: Parada súbita ou razões para uma Selic bem mais baixa à frente
Uma Selic abaixo de 12% ainda seria bastante alta, mas já muito diferente dos níveis atuais. Estamos amortecidos, anestesiados pelas doses homeopáticas de sofrimento e pelo barulho da polarização política, intensificada com o tarifaço
Ninguém segura: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de balanços e dados de inflação, mas tarifaço segue no radar
Enquanto Brasil trabalha em plano de contingência para o tarifaço, trégua entre EUA e China se aproxima do fim
O que Donald Trump e o tarifaço nos ensinam sobre negociação com pessoas difíceis?
Somos todos negociadores. Você negocia com seu filho, com seu chefe, com o vendedor ambulante. A diferença é que alguns negociam sem preparo, enquanto outros usam estratégias.
Efeito Trumpoleta: Ibovespa repercute balanços em dia de agenda fraca; resultado da Petrobras (PETR4) é destaque
Investidores reagem a balanços enquanto monitoram possível reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin
Ainda dá tempo de investir na Eletrobras (ELET3)? A resposta é sim — mas não demore muito
Pelo histórico mais curto (como empresa privada) e um dividendo até pouco tempo escasso, a Eletrobras ainda negocia com um múltiplo de cinco vezes, mas o potencial de crescimento é significativo
De olho no fluxo: Ibovespa reage a balanços em dia de alívio momentâneo com a guerra comercial e expectativa com Petrobras
Ibovespa vem de três altas seguidas; decisão brasileira de não retaliar os EUA desfaz parte da tensão no mercado
Rodolfo Amstalden: Como lucrar com o pegapacapá entre Hume e Descartes?
A ocasião faz o ladrão, e também faz o filósofo. Há momentos convidativos para adotarmos uma ou outra visão de mundo e de mercado.
Complicar para depois descomplicar: Ibovespa repercute balanços e início do tarifaço enquanto monitora Brasília
Ibovespa vem de duas leves altas consecutivas; balança comercial de julho é destaque entre indicadores
Anjos e demônios na bolsa: Ibovespa reage a balanços, ata do Copom e possível impacto de prisão de Bolsonaro sobre tarifaço de Trump
Investidores estão em compasso de espera quanto à reação da Trump à prisão domiciliar de Bolsonaro
O Brasil entre o impulso de confrontar e a necessidade de negociar com Trump
Guerra comercial com os EUA se mistura com cenário pré-eleitoral no Brasil e não deixa espaço para o tédio até a disputa pelo Planalto no ano que vem
Felipe Miranda: Em busca do heroísmo genuíno
O “Império da Lei” e do respeito à regra, tão caro aos EUA e tão atrelado a eles desde Tocqueville e sua “Democracia na América”, vai dando lugar à necessidade de laços pessoais e lealdade individual, no que, inclusive, aproxima-os de uma caracterização tipicamente brasileira
No pain, no gain: Ibovespa e outras bolsas buscam recompensa depois do sacrifício do último pregão
Ibovespa tenta acompanhar bolsas internacionais às vésperas da entra em vigor do tarifaço de Trump contra o Brasil
Gen Z stare e o silêncio que diz (muito) mais do que parece
Fomos treinados a reconhecer atenção por gestos claros: acenos, olho no olho, perguntas bem colocadas. Essa era a gramática da interação no trabalho. Mas e se os GenZs estiverem escrevendo com outra sintaxe?
Sem trégua: Tarifaço de Trump desata maré vermelha nos mercados internacionais; Ibovespa também repercute Vale
Donald Trump assinou na noite de ontem decreto com novas tarifas para mais de 90 países que fazem comércio com os EUA; sobretaxa de 50% ao Brasil ficou para a semana que vem
A ação que caiu com as tarifas de Trump mas, diferente de Embraer (EMBR3), ainda não voltou — e segue barata
Essas ações ainda estão bem abaixo dos níveis de 8 de julho, véspera do anúncio da taxação ao Brasil — o que para mim é uma oportunidade, já que negociam por apenas 4 vezes o Ebitda
O amarelo, o laranja e o café: Ibovespa reage a tarifaço aguado e à temporada de balanços enquanto aguarda Vale
Rescaldo da guerra comercial e da Super Quarta competem com repercussão de balanços no Brasil e nos EUA