Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva proferia o seu discurso de posse, que teve duração de mais de meia hora, na tribuna do Congresso Nacional no último domingo (01) já era possível escutar as trombetas que anunciam o apocalipse rondando os corredores do mercado financeiro.
Em sua primeira fala empossado, Lula chamou o teto de gastos de estupidez, falou em tirar estatais dos estudos de privatização e utilizá-las para financiar medidas sociais, além de defender um Estado forte na economia, sem citar grandes contrapartidas de arrecadação.
O início da semana útil foi seguido por uma elevação da melodia tocada pelos trombetistas — Lula passou por cima de seu ministro da Fazenda e prorrogou a desoneração de combustíveis, ministros declararam apoio à reversão de medidas caras ao mercado e o corpo de 37 ministros de Estado pareceu dessincronizado.
A melodia se somou ao coro que chegava dos Estados Unidos — onde os sinais de um corte de juros pelo Federal Reserve em 2023 simplesmente desapareceram das comunicações oficiais.
Apesar das fortes perdas dos primeiros dias de governo, no entanto, a música que se escuta pelos corredores da Faria Lima possuem um volume mais baixo — ninguém deixou de acreditar que o cenário fiscal e o futuro das estatais impõe perigo ao desempenho econômico do país, mas foi dada uma colher de chá.
O “quarteto” dos ministérios econômicos bateu na tecla do crescimento com responsabilidade fiscal, a reforma tributária não sai da boca do primeiro escalão e Lula conversou com os seus ministros para uniformizar o discurso oficial de sua gestão. Hoje, até Wall Street ajudou.
O Ibovespa subiu 1,23%, a 108.963 pontos, reduzindo as perdas da semana a 0,70%. O dólar à vista encerrou em queda de 2,16%, a R$ 5,2363. Nos últimos cinco pregões, o recuo foi de 0,83%.
O dia em Wall Street
Depois de alguns dias de forte queda, Wall Street voltou a se recuperar. Isso porque dados da economia dos Estados Unidos mostraram que pode ser necessário que o Federal Reserve pise no freio em seu aperto monetário — e enfraquece o dólar.
O setor de serviços do país voltou a contrair, segundo medição do ISM. Segundo o PMI do setor, a queda foi de 56,5 para 49,6 em dezembro. Um recuo visto pela última vez em maio de 2020.
Na primeira metade do dia, o destaque foi o payroll. Os EUA criaram 223 mil empregos em dezembro, segundo o relatório payroll divulgado pelo Departamento do Trabalho há pouco. A abertura de postos de trabalho veio acima da expectativa, de 210 mil.
Confira o fechamento dos índices em Wall Street hoje:
Nasdaq: +2,56%
S&P 500: +2,28%
Dow Jones: +2,13%
Sobe e desce do Ibovespa
O alívio da curva de juros na segunda metade da semana beneficiou as empresas mais sensíveis ao aumento da Selic e à melhora nas expectativas de inflação — como o e-commerce. Mineração e siderurgia também brilharam. Confira as maiores altas da semana:
CÓDIGO | NOME | ULT | VARSEM |
CSNA3 | CSN ON | R$ 16,27 | 11,82% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 10,41 | 7,88% |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 6,32 | 7,67% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 11,84 | 7,54% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 7,59 | 6,01% |
Confira também as maiores quedas do período:
CÓDIGO | NOME | ULT | VARSEM |
SMTO3 | São Martinho | R$ 22,55 | -14,97% |
ALPA4 | Alpargatas PN | R$ 13,87 | -8,02% |
LWSA3 | Locaweb ON | R$ 6,50 | -7,41% |
HAPV3 | Hapvida ON | R$ 4,72 | -7,09% |
ENGI11 | Engie units | R$ 41,20 | -6,81% |