Desigualdade no mercado: Mulheres ainda são minoria em cargos de alta liderança
Painel do Young Women Summit, organizado pela Fin4She, discute a importância das mulheres em posições de liderança em grandes empresas
A escassez de mulheres em cargos de alto nível, conhecidos como C-Level, tem diminuído nos últimos anos em diversos setores.
Com avanços nas temáticas de diversidade e igualdade de gênero, as mulheres têm conseguido alcançar posições de liderança.
Mas o ritmo de mudança ainda é lento.
Contudo, o público feminino continua sendo minoria em posições executivas. Elas ocupam apenas 38% dos cargos, segundo levantamento da Grant Thornton, que considerou 250 empresas brasileiras.
Já quando falamos em empresas listadas na bolsa de valores, a proporção é ainda menor. Entre as 87 empresas que fazem parte do Ibovespa, principal índice da B3, somente duas são presididas por mulheres: Jeane Tsutsui, do grupo Fleury e Cristina Betts, da rede de shoppings centers Iguatemi.
Ainda em cargos de C-Level, 16,4% das cadeiras dos conselhos e 13,8% das posições de diretoria são ocupadas por mulheres, segundo levantamento do jornal Estadão divulgado em maio deste ano.
“Ainda temos poucas referências femininas”, afirmou Ana Karina Bortoni Dias, CEO do Banco BMG desde janeiro de 2020. Ela foi a primeira mulher à frente de uma instituição financeira e participou nesta quarta-feira (29) do painel “Mulheres no Topo: a Jornada C-Level”, organizado pela plataforma Fin4she.
O painel contou ainda com a participação de Magali Leite, CFO e Conselheira Fiscal da Via, e de Patrícia Maeda, diretora executiva de negócios e comercial do grupo Fleury.
Mulheres na liderança no mercado financeiro
“A gente não teve referências; viemos de uma geração que não tinha mulheres na liderança. Então, a gente começou a se inspirar primeiro nos próprios homens que estavam na posição que queríamos ocupar”. Essa foi uma das primeiras falas de Magali Leite durante o painel.
Em uma conversa descontraída, as três executivas relataram trajetória semelhantes e não lineares, ou seja, elas não foram simplesmente “subindo” de cargos. No caso de Ana Karina, a chegada à cadeira mais alta e importante de uma empresa aconteceu de forma “natural”, segundo ela.
Ana era consultora de CEOs e recebeu um convite para ingressar no Banco BMG como conselheira, em março de 2019. Em menos de um ano, tornou-se CEO.
Já no caso da Patrícia Maeda, a trajetória foi um pouco mais sinuosa. Há 14 anos no grupo, Fleury ocupou 11 posições antes de chegar à diretoria de negócios e comercial.
Por fim, elas explicaram que para conquistar a posição atual precisavam ser estratégicas na carreira. Com foco em qual cargo queriam ocupar e colhendo contínuos feedbacks, além de buscar mentores e desenvolver as soft skills — sigla em inglês para habilidades comportamentais — requisitadas nas vagas que desejavam.
Encarar “nãos” de frente
Receber um "não" é desanimador. Por outro lado, entender as razões de uma resposta negativa é uma maneira de se desenvolver na carreira.
No caso de Ana Karina, CEO do Banco BMG, não foi diferente. “Todo mundo teve vários nãos, mas a gente precisa entender o porquê e o que precisa ser feito diferente”.
Patrícia Maeda, diretora do Fleury, contou que quando quis mudar de área recebeu quatro “nãos” de gestores diferentes. Contudo, um deles explicou para a executiva os motivos, como a ausência de determinadas competências que eram importantes para a performance em negócios. O “não” se tornou uma virada de chave.
“Nem sempre a oportunidade que você tanto quer vai aparecer do jeito que você espera. Na verdade, várias oportunidades aparecem e quando você aceita, entrega um bom trabalho, isso contribui para sua marca pessoal. As pessoas enxergam que você é capaz e é importante saber como elas te percebem em determinada posição”, afirma Patrícia Maeda.
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