🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

CHAOS A.D.

O que está em jogo na invasão da Ucrânia pela Rússia e qual o papel dos EUA no conflito

Gás, zonas de influência externa e segurança norteiam os mais recentes movimentos de Moscou e Washington no tabuleiro de xadrez internacional

Ricardo Gozzi
24 de fevereiro de 2022
11:53 - atualizado às 6:31
Rússia mantém tropas na fronteira da Ucrânia e bolsas reagem hoje
Vladimir Putin, presidente da Rússia, autorizou ação militar contra a Ucrânia

O alvo dos bombardeios é a Ucrânia, mas a guerra é entre Rússia e Estados Unidos.

Gás, zonas de influência externa e segurança norteiam os mais recentes movimentos de Moscou e Washington no tabuleiro de xadrez internacional.

Vamos explorar nos próximos parágrafos cada um desses aspectos para entender melhor os desdobramentos que levaram a Rússia a atacar a Ucrânia na madrugada desta quinta-feira.

Resquícios da Guerra Fria

Antes, porém, é preciso recuperar um pouco da história.

Como chegamos até aqui, afinal?

Já se vão mais de 30 anos desde o fim da Guerra Fria. Mas seu espectro ainda vaga pelo mundo.

Leia Também

Até o início dos anos 1990, duas grandes alianças militares garantiam que a Guerra Fria não esquentasse ao ponto de levar Estados Unidos e União Soviética a um conflito nuclear.

Os EUA formaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A URSS estabeleceu o Pacto de Varsóvia.

Nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, as zonas de influência de EUA e URSS na Europa constituíam a fronteira física e também uma zona tampão entre as duas superpotências.

Um ataque a qualquer um de seus membros pelo bloco rival seria considerado uma agressão a todos. Apesar da tensão permanente, a tão temida guerra de destruição mútua não ocorreu.

Fonte: The Washington Post

Bloco esfacelado

A dissolução da URSS permitiu aos EUA emergirem como a única superpotência global. Por muito tempo comprou-se a ideia de que a queda da Cortina de Ferro traria consigo o fim da história.

Uma a uma, as repúblicas socialistas que compunham a URSS ganharam independência e precisaram trilhar caminhos próprios para ingressar no sistema internacional.

Enquanto algumas se aliaram quase imediatamente ao bloco ocidental - caso dos países bálticos -, outras permaneceram alinhadas com Moscou.

Fim do Pacto de Varsóvia e expansão da Otan

Em meio ao processo de dissolução da URSS, o Pacto de Varsóvia foi extinto em março de 1991. Já a Otan, que tinha entre suas funções “deter o avanço do comunismo”, seguiu não apenas existindo, mas também se expandindo.

Inicialmente, Moscou conseguiu de Washington garantias verbais de que a Otan não seguiria em expansão. A promessa norte-americana, porém, não se manteria.

De país em país, a Otan continuou crescendo. Ela passou a incorporar antigos membros do Pacto de Varsóvia. Até praticamente cercar a Rússia com bases militares e sistemas de mísseis.

Agora que a Ucrânia manifestou a intenção de se associar à Otan, somente a Bielorrússia e a Finlândia separam fisicamente a Rússia da aliança militar ocidental.

Fonte: The Economist

É disso que Vladimir Putin se queixa quando exige garantias firmes por parte da Otan. Com a Rússia praticamente cercada por bases militares hostis, a ausência de respostas a seus temores levou Moscou a buscar alternativas. Analistas consideram que, para Moscou, a saída militar tornou-se menos custosa do que a diplomacia.

"A pergunta que deveríamos nos fazer é por que a Otan continuou existindo mesmo depois de 1990? Se a Otan deveria deter o comunismo, por que agora ela está se expandindo em direção à Rússia?"

Noam Chomsky, filósofo e linguista norte-americano, sobre a expansão da Otan

E o gás?

Tão importante quanto os temores russos diante da expansão da Otan é a questão do fornecimento de gás à Europa.

A Rússia terminou de construir no ano passado o Nord Stream 2. Trata-se do segundo ramal de um gasoduto que liga a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico.

Além de aumentar a oferta, o gasoduto barateia o custo do gás fornecido à Europa, pois vai direto do fornecedor ao consumidor.

Este é, inclusive, um dos pontos de atrito com a Ucrânia. Os ramais do Nord Stream permitem à Rússia contornar países que cobrariam royalties pela passagem da tubulação por seus territórios, como Ucrânia e Polônia.

A Europa na encruzilhada

No início da semana, porém, o aumento da tensão na Ucrânia forçou o chanceler alemão, Olaf Scholz, a adiar a inauguração do ramal.

O governo dos EUA tenta dissuadir a Alemanha de conceder os alvarás restantes e afirma estar em busca de alternativas para garantir que a Europa não fique sem o fornecimento de gás, crucial principalmente nos meses de inverno.

A Casa Branca alega que o Nord Stream 2 deixará a Europa muito dependente da Rússia para suas necessidades energéticas.

Ao mesmo tempo, os EUA mobilizam-se para se transformarem nos maiores exportadores mundiais de gás natural liquefeito. O plano no momento é aumentar a produção de GNL em 20% até o fim do ano.

E agora?

Durante a madrugada, Putin autorizou uma “ação militar especial” do exército russo no leste da Ucrânia. Hoje, múltiplas explosões eram ouvidas em diferentes partes do país, e não apenas no leste. Em Kiev, autoridades locais impuseram lei marcial e ordenaram que somente trabalhadores de serviços essenciais tivessem autorização para circular pela cidade.

Neste momento, tentar prever os desdobramentos é impossível.

Na melhor das hipóteses, Putin estabelecerá uma conexão terrestre entre o Rostov e a Crimeia pelo leste da Ucrânia, garantindo contiguidade territorial e controle sobre uma área onde os laços étnicos e culturais com a população local são um fato.

Na pior, estamos diante dos primeiros movimentos de uma guerra em grande escala. Entretanto, o fato de a Ucrânia não ser membro pleno da Otan torna essa possibilidade improvável.

Também é improvável um envolvimento direto dos EUA, que, depois da conturbada saída do Afeganistão, no ano passado, encontra-se em seu primeiro período sem envolvimento em guerras desde o ano 2000.

“A Ucrânia está à própria sorte. A reação do ocidente será na forma de sanções econômicas e não num embate armado”, acredita João Beck, economista e sócio da BRA.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
SD ENTREVISTA

Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30

1 de maio de 2025 - 7:31

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo

SD ENTREVISTA

Ninguém vai poder ficar em cima do muro na guerra comercial de Trump — e isso inclui o Brasil; entenda por quê

1 de maio de 2025 - 6:54

Condições impostas por Trump praticamente inviabilizam a busca por um meio-termo entre EUA e China

MUSKVILLE

Starbase: o novo plano de Elon Musk para transformar casa da SpaceX na primeira cidade corporativa do mundo

30 de abril de 2025 - 19:27

Moradores de enclave dominado pela SpaceX votam neste sábado (03) a criação oficial de Starbase, cidade idealizada pelo bilionário no sul do Texas

QUEDA DE BRAÇO

Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal

30 de abril de 2025 - 15:59

Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos

THE 50 BEST BARS

Conheça os 50 melhores bares da América do Norte

30 de abril de 2025 - 9:52

Seleção do The 50 Best Bars North America traz confirmações no pódio e reforço de tendências já apontadas na pré-lista divulgada há algumas semanas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

SD ENTREVISTA

Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China

30 de abril de 2025 - 5:52

Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump

DIÁRIO DOS 100 DIAS

Donald Trump: um breve balanço do caos

29 de abril de 2025 - 21:00

Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso

DIA 100

Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”

29 de abril de 2025 - 19:12

O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

CHINA NO VOLANTE

Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro

29 de abril de 2025 - 8:16

O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

DIA 99

Trump vai jogar a toalha?

28 de abril de 2025 - 19:45

Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento

FUNDAMENTOS INVERTIDOS

S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA

28 de abril de 2025 - 19:15

Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis

EFEITOS DA GUERRA COMERCIAL

Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta

28 de abril de 2025 - 18:45

Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics

CRIPTO HOJE

Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado

28 de abril de 2025 - 15:26

Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos

GUERRA DOS CHIPS

Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)

28 de abril de 2025 - 13:33

Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês

DIAS 97 E 98

Próximo de completar 100 dias de volta à Casa Branca, Trump tem um olho no conclave e outro na popularidade

28 de abril de 2025 - 9:49

Donald Trump se aproxima do centésimo dia de seu atual mandato como presidente com taxa de reprovação em alta e interesse na sucessão do papa Francisco

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar