Ibovespa contraria Nova York e sobe mais de 1%, de olho em fraqueza chinesa e futuro da Selic

Em um momento em que a taxa de juros começa a subir expressivamente em todo o globo como forma de combate à inflação persistente, o Banco do Povo da China (PBoC) segue apostando em estímulos monetários para manter a economia funcionando. 

A política de covid zero empregada pelo país nos últimos meses castigou os setores industrial, varejista e de serviços, lançando um sinal de alerta para as demais potências globais. Ao não mexer na taxa básica, o BC chinês espera fazer a roda voltar a girar na velocidade desejada. 

Embora os estímulos monetários tenham funcionado durante os piores momentos da pandemia, os analistas começam a duvidar que essas ferramentas sigam funcionando por muito mais tempo. 

Foi essa leitura de que as coisas não devem ser fáceis que penalizou mais uma vez as bolsas americanas. Os índices em Wall Street oscilaram ao longo do dia, mas acabaram encerrando a sessão em um viés de baixa. Com a alta do petróleo, o Dow Jones, que concentra o setor de energia, teve leve alta de 0,08%. O Nasdaq recuou mais de 1%. 

No Brasil, o futuro da taxa básica de juros também foi a grande estrela do dia – ao lado das commodities, que puxaram o Ibovespa para uma alta de 1,22%, aos 108.232 pontos. 

Em evento nesta segunda-feira, Bruno Serra, diretor do BC brasileiro, deu sinais de que ao invés de prolongar o período de alta da Selic, a instituição pode optar por manter o patamar elevado por mais tempo, mas abaixo do que o mercado projeta para o fim do ciclo de ajuste. 

A declaração fez com que o mercado de juros operasse em queda e o real ganhasse força, seguindo também o otimismo do Ibovespa. O dólar à vista encerrou a sessão com um recuo de 0,12%, a R$ 5,0516.

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A precária saúde chinesa

A produção industrial chinesa teve uma queda inesperada de 2,9% na comparação anual, enquanto as vendas do varejo também recuaram 11,1%, ambos piores do que as projeções do The Wall Street Journal.

Os números são resultado da política de covid zero empregada pelo país e que afetam a bolsa. Como forma de tentar contornar a desaceleração econômica, o Banco do Povo da China (PBoC, em inglês) manteve algumas das principais taxas de juros inalteradas.

Na visão da autoridade monetária, os estímulos devem sustentar a atividade econômica após a pior fase da pandemia. 

Qual o caminho da Selic?

O diretor de Política Monetária do do Banco Central, Bruno Serra, afirmou em evento promovido pelo Goldman Sachs que "a taxa de juros parada por mais tempo é melhor, mas nem sempre é possível". 

Para o mercado, a declaração abre espaço para que a Selic termine o seu ciclo de ajuste em breve, mas permanece em altos níveis por mais tempo do que o anteriormente projetado. 

A declaração se uniu a uma fala do dirigente do Federal Reserve, John Williams. Para ele, o Fed trabalha com a opção de uma alta de 0,50 ponto percentual na próxima reunião, mais uma vez reduzindo as estimativas de uma alta de 0,75 pp. 

No mercado de juros, o ajuste foi de queda. Confira. 

Sobe e desce do Ibovespa

A declaração de Bruno Serra trouxe alívio ao mercado de juros e as empresas mais sensíveis às taxas mais elevadas, como o de varejo e tecnologia, aproveitaram para recuperar um pouco do espaço perdido. 

Já a Eneva repercutiu a notícia sobre o aumento das reservas e recursos de gás natural na Bacia do Amazonas. Confira as maiores altas do dia na bolsa:

Confira também as maiores quedas do dia no Ibovespa:

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