Como a suspensão do direito ao aborto pela Suprema Corte dos EUA impacta as grandes empresas do país?
As big techs e os bancos americanos garantem o custeio ou reembolso de viagens para outros estados que permitem o aborto; Disney também se pronunciou

O tema do aborto é visto de forma dual em todo o mundo. Uma discussão que atravessa gerações, sem soluções e acordos. Mesmo em países em que há um diálogo maior e mais maduro sobre o assunto, ainda há polêmicas — e esse é o caso dos EUA.
A Suprema Corte americana suspendeu, nesta sexta-feira (24), a decisão “Roe vs Wade”, que há quase 50 anos garantia nacionalmente o direito à interrupção da gravidez, nos dois primeiros trimestres. Com isso, o aborto deixa de ser um direito constitucional.
Além disso, a derrubada da “Roe vs Wade” devolve aos governos estaduais o poder de definir se permitem ou não esse tipo de procedimento. Essa mudança deve impactar metade dos estados americanos, que podem tornar o aborto ilegal.
Com políticas pró-aborto por quase cinco décadas, a decisão do colegiado ultrapassou as paredes da Corte e atingiu em cheio as grandes corporações. Isso porque as mulheres são maioria da força de trabalho nos EUA.
Segundo o relatório de empregos divulgado pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos de abril, cerca de 76,5% das mulheres entre 25 e 54 anos trabalham no país, o nível mais alto desde fevereiro de 2020.
As principais empresas americanas defendem o direito ao aborto e já se pronunciaram sobre a decisão da Suprema Corte. As big techs e grandes bancos afirmaram que vão custear viagens para suas funcionárias realizarem o procedimento. Confira a seguir:
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Disney
A Disney foi pontual e se pronunciou sobre a decisão da Suprema Corte, nesta sexta-feira. A empresa enviou um comunicado interno aos funcionários em que garante o custeio da viagem para outro estado americano que venha manter a legalidade do aborto.
“Nossa empresa continua comprometida em remover barreiras e fornecer acesso abrangente a cuidados de qualidade e acessíveis para todos os nossos funcionários, os membros da equipe e suas famílias, incluindo o planejamento familiar e cuidados reprodutivos, não importa onde morem”, afirma o comunicado.
A Disney, porém, não comentou diretamente a decisão da Suprema Corte. Mas, acrescentou que continuará priorizando a saúde, a segurança e o bem-estar dos colaboradores e de suas famílias.
Big techs
As grandes empresas de tecnologia já se pronunciaram sobre a questão do aborto, muito antes da decisão de hoje.
A Amazon, segunda maior empregadora do setor privado do país, afirmou que vai reembolsar funcioários que viajarem para realizar abortos e outros tratamentos.
Em comunicado enviado em maio, a empresa de Jeff Bezos disse que pagará até US$ 4 mil (aproximadamente R$ 20 mil) por ano para colaboradores e dependentes que quiserem fazer o procedimento em outro estado.
Tesla, Netflix, Apple e Microsoft também garantem o reembolso e/ou custeio de deslocamento e hospedagem em casos de aborto.
A Meta (Facebook), de Mark Zuckerberg, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Mas a COO Sheryl Sandberg, sim. Em sua página no Facebook, ela lamentou a revogação da lei que permitia o aborto legal.
“A decisão da Suprema Corte coloca em risco a saúde e a vida de milhões de meninas e mulheres em todo o país. Ameaça desfazer o progresso que as mulheres fizeram no local de trabalho e despojá-las do poder econômico. Isso tornará mais difícil para as mulheres alcançarem seus sonhos. E afetará desproporcionalmente mulheres com menos recursos”, disse Sandberg.
Bancos também asseguram o direito ao aborto
O JP Morgan é um dos maiores empregadores do setor financeiro dos EUA. Assim como a Disney, o banco americano enviou um comunicado aos funcionários.
Mas o documento não é de hoje. Ele foi enviado no início do mês, quando o banco comunicou a expansão dos benefícios médicos que devem entrar em vigor em julho.
Na ocasião, o JP Morgan afirmou que pagará por viagens a estados que permitem abortos legais.
“Nosso planos de saúde têm historicamente coberto benefícios de viagem para certos serviços. [...] A partir de julho, expandiremos esse benefício para incluir todos os serviços cobertos que só podem ser obtidos longe de sua casa, o que inclui o aborto legal”, afirma o comunicado.
Na mesma linha do JP Morgan, Mastercard Inc e Citigroup — o primeiro a se pronunciar sobre o assunto — também afirmaram que financiarão viagens e hospedagem para pessoas que desejarem realizar o procedimento a partir de julho.
Quais os estados devem proibir o aborto nos EUA?
A revogação da “Roe vs Wade” foi decidida por 5 votos a 4, e vários estados americanos proibiram o aborto imediatamente após o veredicto.
Os estados de Louisiana, Missouri, Kentucky e Dakota do Sul foram alguns deles. No caso de Missouri, por exemplo, a interrupção da gravidez passou a ser crime com pena de cinco a 15 anos, com exceção em casos de emergência médica. Os demais, seguem a mesma punição.
Ao menos, 13 estados, historicamente conservadores, devem acatar a decisão da Suprema Corte. Idaho, Tennessee e Texas devem proibir o aborto em 30 dias.
Arkansas, Mississippi, Dakota do Norte, Oklahoma, Utah e Wyoming também pretendem criminalizar o aborto, mas precisam do crivo do procurador-geral, governador ou outros órgãos legislativos.
Além disso, esses estados devem proibir o uso da pílula abortiva mifepristone, que é legal nos EUA e que as mulheres podem tomar até a 10ª semana de gravidez.
Por outro lado, clínicas do Kansas, local em que o aborto legal deve permanecer, estão com sobrecarga de procedimentos para mulheres em estados vizinhos. A tendência é que a demanda seja ainda maior.
Por fim, o presidente Joe Biden afirmou que hoje é “um dia triste” e prometeu usar a autoridade do seu governo para proteger o acesso ao aborto. Em pronunciamento na Casa Branca, ele ainda pediu aos eleitores que elejam autoridades estaduais e federais que defendem o procedimento legal e seguro.
*Com informações de Bloomberg, CNBC, CNN e Reuters
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