Depois de ser preso e solto nesta semana, o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, voltou a dominar o noticiário político — dessa vez, por conta de um áudio com indícios de interferência do presidente Jair Bolsonaro no caso do gabinete paralelo do MEC.
A ligação ocorreu em 9 de junho, antes de Ribeiro ter sido alvo da operação da Polícia Federal (PF), deflagrada na quarta-feira (22).
A operação, que investiga a responsabilidade do ex-ministro no caso do gabinete paralelo do MEC, também tinha como alvos os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura.
O que Milton Ribeiro diz na ligação?
O Ministério Público Federal (MPF) pediu para a Justiça que a investigação sobre Milton Ribeiro seja enviada para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o MPF, a medida é necessária porque há indício de que Bolsonaro pode ter interferido na investigação.
O MPF justifica o pedido com base em interceptações telefônicas de Milton Ribeiro que indicam a possibilidade de vazamento das apurações do caso.
De acordo com a transcrição divulgada pela GloboNews, a conversa de Ribeiro é com a filha. Em um dos trechos do áudio, o ex-ministro diz:
"Hoje o presidente me ligou, ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?"
E a filha pergunta: "Ele quer que você pare de mandar mensagens?"
O ex-ministro responde: “Não, não é isso. Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe, é muito triste."
Ouça o áudio completo da ligação entre Milton Ribeiro e a filha:
A Justiça Federal de Brasília atendeu a um pedido do Ministério Público Federal e encaminhou ao Supremo a investigação sobre Ribeiro por suspeita de envolvimento dele e de pastores em um esquema para liberação de verbas da pasta.
O que diz a defesa de Ribeiro
O advogado de Ribeiro, Daniel Bialski, afirmou por meio de nota que o áudio foi realizado antes da deflagração da operação da PF. Ele questionou a competência da Justiça Federal em Brasília em julgar o caso, após a investigação ser enviada ao STF.
Para Bialski, tudo indica que há motivos para anular ao menos parte das decisões da operação, já que trata-se de gravações envolvendo autoridade com foro privilegiado.