Financiar um carro ou fazer consórcio: entenda por que são decisões muito diferentes – e qual é a melhor pra você
Confira as vantagens e desvantagens dessas modalidades e fique atento às possíveis ‘roubadas’ para não se arrepender depois

Comprar um carro para o uso no dia a dia não é investimento. A não ser que você precise de um veículo para trabalhar como motorista de aplicativo, o restante é despesa. Mas se em suas necessidades cotidianas um carro fizer sentido, está na hora de pensar em como adquiri-lo.
Vamos partir do princípio que você não quer alugar (ou assinar) nem tem o valor para quitar à vista. Até porque, os preços dos carros dispararam em 2021. Hoje, o modelo zero-km mais “acessível” do mercado parte de R$ 60 mil.
Também partimos da premissa de que você não tem disciplina para poupar até adquirir um carro. Guardar de grão em grão é o mais indicado por educadores financeiros.
Então, o que temos aí pela frente é a compra parcelada. Para isso, existem duas modalidades: o financiamento, ou CDC, em geral com valores pré-fixados, e o consórcio, mais comum com parcelas reajustáveis.
Comparação depende do momento
Logo de cara, é preciso deixar claro: não dá para dizer que um é melhor que o outro. Escolher entre financiamento e consórcio vai depender da situação do consumidor e o cenário em que está inserido.
“A pessoa vai escolher o financiamento se ela precisa do bem logo. E, de maneira geral, ela pode escolher o consórcio para uma compra mais planejada e esperar para ter esse carro. Se precisa do bem num período curto, quase nunca o consórcio vai valer a pena”, diz o planejador financeiro Nelio Costa, da Planejar.
Leia Também
O professor e pesquisador do Coppead/UFRJ, Carlos Heitor Campani, PhD em Finanças, gosta de ser bem didático ao diferenciar as modalidades.
“Financiamento e consórcio são duas coisas diferentes. Assim como comer uma pizza ou um hambúrguer. Um não é melhor do que o outro. Tem um dia que você quer comer hambúrguer. Nesse caso não é querer, e sim as condições. A pessoa tem que ver qual é o produto que se adequa melhor”, comenta.
A dinâmica do consórcio
Enquanto no CDC você sai da loja dirigindo, o consórcio pode te fazer esperar anos para conseguir o carro. Aí cabe uma metáfora.
“Imagina que eu e você não tenhamos dinheiro para comprar um carro. Mas tenho a metade do dinheiro, e você também. Vamos juntar nossas metades? Sem pagar juros, vamos sortear e um de nós vai ter um carro já. Essa é a ideia do consórcio. Você tem pessoas ali que pagam uma parcelinha, essas parcelinhas reunidas compram um carro que já vai para alguém”, conta Campani.
Então, seguindo a historinha, no primeiro ano o carro é de um e no ano seguinte, do outro. Ambos precisam pagar todos os meses até terminar, para não haver risco do crédito. “Economicamente falando, a ideia do consórcio faz total sentido”, reforça o professor.
Indo para o mundo real, quem assume esse risco é o banco. “É natural que quem administra o consórcio, quem está trabalhando por isso receba uma taxa de administração.” Mas a crítica do PhD não é ao formato.
“Eu vejo como um serviço que ainda está caro. As taxas são altas. Eu não quero entrar na polêmica de que os bancos estão cobrando muito. Pode haver a justificativa de que o índice de inadimplência no Brasil é altíssimo.”
Para ele, taxas administrativas até 10% estão mais do que razoáveis. De 10 a 15% virou um padrão de mercado. Mas acima de 15%, em sua opinião, não vale a pena.
À vista, sempre melhor
Os dois especialistas concordam que comprar à vista é o melhor. “Mesmo colocando o custo de oportunidade, a menos que você, óbvio, consiga triplicar o patrimônio, é melhor do que financiado ou por consórcio”, diz o consultor da Planejar.
Daí o motivo para dizer que o consórcio funciona para pessoas que não conseguem poupar de jeito algum. “Aquele boleto do consórcio é uma coisa que obriga a pessoa a fazer a poupança. Você tem lances e uma série de coisas que tornam o consórcio um produto muito específico”, diz Carlos Campani.
O professor compara o consórcio aos conceitos de teoria dos jogos: a cada período, você tem o carro. Começa o jogo. Se der um lance baixo, não consegue o carro. Se der um lance alto, quanto estimar o valor? “A maioria das pessoas, naturalmente, não tem conhecimento da teoria dos jogos. Elementos probabilísticos e estatísticos para aplicar, para saber se está caro ou não. É uma conta muito difícil para ser feita.”
Entenda o lance
Você pode questionar e dizer que dará um lance para antecipar o carro. Cuidado. Nelio Costa faz uma comparação: no CDC, em um carro de R$ 100 mil, por exemplo, se a pessoa der 60% de entrada e financiar os outros 40%, ela vai pagar juros sobre R$ 40 mil.
Já no consórcio, as taxas cobradas são sobre o valor da carta, que é nesse caso de R$ 100 mil. Só que estas taxas (administrativa, reserva, seguro) são diluídas nos 48 ou 60 meses. Se o consumidor der um lance (seja fixo ou livre), está pagando uma taxa sobre um valor que já possuía (em média, de 40 a 60% do valor da carta).
“Ou seja, enquanto o financiamento tem juros por período sobre um valor contratado, no consórcio paga-se taxas sobre o valor total do bem”, explica Costa.
Mas para que a comparação seja justa, deve-se considerar também a diferença entre os juros e a taxa. “No CDC, os juros são, por exemplo, 3% ao mês sobre o valor contratado, que resultaria em algo como 300% num período de 48 meses, enquanto no consórcio, paga-se de 15 a 20% ao ano de taxas sobre a carta em todo o período”, completa.
O que saber antes de escolher o consórcio
Não há padrão nos consórcios, embora as regras sejam reguladas pelo Banco Central. A forma de reajuste das parcelas pode acompanhar índices de inflação ou tabela Fipe. Ler e entender o contrato é fundamental.
As taxas administrativas variam conforme a instituição. Procure a concorrência e pesquise quanto cada uma cobra. “Além disso, é preciso saber a saúde financeira do grupo, porque, se não utilizar o fundo de reserva, ele será devolvido depois”, indica Nelio Costa.
Outra informação antes de assinar é saber se vai fazer parte de um grupo em andamento ou novo. Quando o grupo já existe, é possível dar lances menores, mas em contrapartida as parcelas podem ser mais altas. Procure ver com a instituição em quanto está um lance livre.
Por que o consórcio funciona para alguns
O consultor da Planejar, Nelio Costa, faz uma comparação para simplificar dois diferentes perfis: um guarda mil reais todo mês; o outro decide pelo consórcio. Com o tempo, percebe que primeiro, por vários meses, gasta o dinheiro que pouparia. Já o que contratou o consórcio, mesmo com dificuldades, sempre dá um jeito de pagar.
“Então, é inegável: o consórcio, atrelado a um bem de valor significativo e sentimental, aumenta a disciplina da pessoa. Esta é então, para mim, uma das principais vantagens do consórcio. É para aquela pessoa que tem um perfil de nunca poupar para ter uma compra mais barata do que o financiamento”, afirma o planejador. Lembrando que ele não está com o bem.
O consórcio também funciona para quem tem um carro e planeja trocá-lo em quatro, cinco ou seis anos. Com o tempo, o carro usado desvaloriza e requer manutenção. Então, se antecipa, participa de um consórcio para no futuro ser sorteado e trocar de carro.
O professor Carlos Campani concorda que fazer consórcio para depois trocar de carro funciona para quem não tem o hábito de guardar dinheiro, de se precaver, de planilhar seus gastos. “O carro vai ficar velho e aí cadê o dinheiro? Não tem. Então, se tem consórcio, pelo menos é uma maneira. Dos males, o menor”, resume.
Pague para entrar e reze para sair
Desistir de um consórcio é uma das maiores desvantagens da modalidade. Como revender é muito difícil, o consumidor certamente vai perder dinheiro. Aí é rezar para ser sorteado. Caso contrário, haverá multa e em alguns casos o consorciado só será reembolsado no fim do plano.
A decisão do consórcio deve levar em conta planejamento e calma, sem agir por impulso. Faça contas, converse com amigos, familiares ou com um especialista, um planejador financeiro. Não se sinta pressionado a assinar nada antes de avaliar bastante. Isso, na verdade, vale para tudo, certo?
Juros não são tudo no financiamento
Ter o carro de imediato, arcar com juros de dois dígitos e, no fim pagar, por dois carros: esse é o preço por querer um financiamento e ter o carro na hora.
O CDC costuma ser a escolha de 50% dos compradores de carros zero-km e que também não deixa de ser uma compra planejada.
No financiamento é preciso checar a CET, ou Custo Efetivo Total. Porque além dos juros, tem o IOF, seguro e outras coisas que geram um custo total maior do que o juro que o banco ou a financeira anuncia. Por lei, é obrigatório ser indicado.
“Então, não olhe somente o juro cobrado pela instituição, mas sim o custo total daquele financiamento. E o juro ao mês precisa ser levado ao ano para comparar com investimentos e até Selic”, explica Carlos Campani. Nele recaem taxa de abertura de crédito, IOF, seguro, etc. Por isso, é indicado pagar o maior valor possível na entrada.
Outra dica é que além dos bancos tradicionais e financeiras, há bancos das próprias montadoras que cobram juros bastante competitivos. Pesquise e negocie.
Comprometimento
O planejamento fica mais fácil para um funcionário público concursado ou privado por CLT. Porém, se a renda varia muito, como a de um autônomo ou empresário, é bom ter uma “gordura”, sugere Nelio Costa, e não comprometer o valor na “carne”.
O valor a ser comprometido por mês é importante, mas Nelio chama a atenção para o prazo. Fazer em 48 ou 60 meses muda bastante a parcela. O valor dos juros com um ano a mais de dívida é muito alto. “Pegue uma simulação de prazos menores e tente ao máximo encaixar na renda e faça o financiamento com o menor prazo possível.”
Quando se fala em parcelas que cabem no bolso – tanto no CDC quanto no consórcio -, fique atento. O quanto se pode comprometer da renda tem relação direta com seu momento de vida. Se é jovem e mora com os pais, por exemplo, pode guardar 40, 50% do que recebe.
Mas normalmente o comprometimento de renda para aquisição de bens é de 10 a 15%, fora mais 10% que se deve guardar para o futuro. “É uma questão de prioridade. Se a pessoa usa 50% da renda para comprar um carro, ela deixa de lado o plano de segurança, liberdade financeira e estudos durante três, quatro anos. Então é uma escolha da pessoa”, pondera Nelio Costa.
5 dicas para pessoa não cair em roubadas
- Se ficar em dúvida entre financiamento ou consórcio, faça o contrário: questione com o consórcio porque a proposta dele é melhor que o CDC e faça o mesmo com quem tenta te vender o financiamento. Com esses argumentos você se informa melhor e reduz riscos;
- Procure fontes isentas. Fuja de especialistas patrocinados por instituições que possam pesar na escolha;
- Visite sites de reclamação de consumidor, Banco Central, consumidor.gov para ver o que falam daquela instituição e produto;
- Enquanto no CDC é fundamental checar e comparar o Custo Total Efetivo (CET), nos consórcios a taxa de administração pode fazer muita diferença no peso das parcelas. Pesquise em várias instituições;
- Não se sinta pressionado por assinar nada. Pesquise concorrentes e condições. Faça contas e leia contratos. Trata-se de um comprometimento de sua renda por longo prazo e a desistência pode virar prejuízo e dor de cabeça.
Consórcio x CDC
Vantagens do consórcio
- Valor menor das parcelas
- Não requer entrada
- Pode ser uma alternativa para quem tem carro e quer trocá-lo por um novo a médio ou longo prazo
Desvantagens do consórcio
- Não recebe o carro de forma imediata
- Parcelas podem sofrer reajustes periódicos
- Se desistir, recebe apenas parte do que pagou e a devolução pode demorar
Vantagens do financiamento CDC
- Sair da loja com o carro
- Em contratos pré-fixados, as parcelas não têm reajuste
- Os juros são cobrados sobre o valor financiado e não sobre o valor total do carro
Desvantagens do financiamento CDC
- A maioria exige uma entrada
- Juros estão mais altos
- Quanto maior o prazo, maior será o valor final – chega-se a pagar o carro em dobro
Quais foram os 10 carros mais procurados no Brasil em 2024? Marca japonesa lidera, mas é uma alemã que se destaca com o maior número de modelos buscados
Levantamento da Webmotors considera buscas dos usuários na plataforma
Dos dividendos do Itaú (ITUB4) aos impactos do agro no Banco do Brasil (BBAS3): o que esperar dos resultados dos bancos no 4T24
Mercado espera Itaú mais uma vez na liderança entre os bancos tradicionais e alguma cautela com as perspectivas do Nubank; saiba o que esperar
Com mercado aquecido, fabricantes de carros se preparam para lançar mais de 100 novos modelos em 2025
Entre modelos inéditos, atualizações e novos motores, fabricantes e importadores estão acelerando nos lançamentos dos carros
Elon Musk diz que Tesla pode ser mais valiosa que as 5 maiores empresas do mundo: o que explica o otimismo do bilionário?
Empresário deixou o mercado com falas bem otimistas e ‘spoilers’ dos futuros projetos; mas resultado do 4T24 foi aquém do esperado
Super Quarta e super juros: o que os bancos centrais do Brasil e dos EUA devem encarar a partir de agora
A primeira Super Quarta das muitas de 2025 acontece neste dia 29, quando Fed e Bacen anunciam juntos as decisões de política monetária — o primeiro durante a tarde e o segundo no início da noite
Um dos maiores produtores de petróleo do mundo pode ser o primeiro país a ‘extinguir’ os carros a gasolina; o que explica esse fenômeno?
Políticas consistentes de longo prazo são o motivo do sucesso da mobilidade verde neste país de 5,5 milhões de habitantes
A revanche de Elon Musk — e ele não está sozinho: Tesla, BYD e BMW colocam a União Europeia na justiça contra a taxação de carros elétricos
Processo no Tribunal Europeu de Justiça também inclui outras fabricantes de EVs que produzem na China e exportam para a Europa
O fim do ‘sonho grande’ da Cosan (CSAN3): o futuro da empresa após o fracasso do investimento na Vale e com a Selic em 15%
A holding de Rubens Ometto ainda enfrenta desafios significativos mesmo após zerar a participação na Vale. Entenda quais são as perspectivas para as finanças e as ações CSAN3 neste ano
Depois do Reino Unido, Randoncorp (RAPT4) agora mira os EUA em nova aquisição milionária; confira os detalhes do negócio
Conselho de administração da companhia aprovou a aquisição da AXN Heavy Duty, sediada em Louisville
Onde investir 2025: essas são as 9 ações favoritas para lucrar na bolsa em 2025 — e outros 5 nomes para garantir dividendos pingando na conta
Para quem estiver disposto a desafiar o pessimismo macroeconômico, há quem veja 2025 como uma janela interessante para aproveitar ativos atraentes; veja as indicações
Hora de acelerar: Itaú BBA diz quais são as melhores ações ligadas ao setor automotivo — e os papéis para “deixar de lado” em 2025
Alta dos juros e volatilidade cambial devem favorecer empresas com balanços saudáveis e foco em exportação, enquanto as endividadas ou com baixa demanda enfrentam desafios
Olha nos classificados: Depois da leve alta de ontem, Ibovespa se prepara para mais um dia difícil pela frente hoje
Petróleo acima dos US$ 80 e juros das Treasuries de 10 anos próximos de 5% mantêm pressão sobre os mercados financeiros internacionais
Webmotors, iCarros, NaPista e mais: Por que os bancos estão cada vez mais envolvidos com as plataformas de compra e venda de carros
O lucrativo negócio dos classificados automotivos online vai muito além da renda gerada pelo custo do anúncio e dos financiamentos de carros
IPVA 2025: com Selic nas alturas, vale a pena pagar à vista com desconto, ou melhor parcelar e investir o valor? Fizemos as contas!
Considerando a alta da taxa de juros no país, o especialista Guilherme Casagrande avalia quando vale a pena parcelar o IPVA
Tem certeza que nada presta? Ibovespa tenta recuperação em meio a dados fortes na China, prévia do PIB e inflação nos EUA
Além da agenda de indicadores, mercado já se prepara para o início da temporada de balanços nos Estados Unidos
Weg (WEGE3): fábrica de bilionários da B3 segue cobiçada pelos tubarões da Faria Lima e é uma das apostas da AZ Quest em ações para 2025
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o gestor de renda variável Welliam Wang alertou para ano turbulento na bolsa brasileira — e revela quais ações estão na carteira da gestora
Vai comprar um carro novo? Saiba como não errar na hora de negociar e aprenda a fugir das armadilhas
Promoções de automóveis podem parecer irresistíveis, mas escondem algumas pegadinhas; veja como se esquivar delas na hora de comprar um carro
Para onde viajar em 2025? Turistas buscam autenticidade e experiências únicas em destinos exóticos; descubra as tendências de turismo para o ano
Mercado de turismo vive forte retomada e já supera os níveis pré-pandemia; especialistas no ramo dizem o que esperar do comportamento dos turistas nos próximos 12 meses
Até 52% em dividendos: estas 4 ações ‘desconhecidas’ pagaram mais que a Petrobras (PETR4) em 2024; saiba se elas podem repetir a dose neste ano
Ranking da Quantum Finance destaca empresas que não aparecem tanto no noticiário financeiro; descubra como elas renderam dividendos tão expressivos aos acionistas
Dois anos da fraude na Americanas (AMER3): queda de 99,5% das ações, retomada do lucro e punições a executivos. O que aconteceu com a varejista e como ficam os acionistas agora?
Foi em 11 de janeiro de 2023 que o mercado se deparou pela primeira vez com as notícias de inconsistências contábeis na varejista. Veja o que mudou desde então