A atualização mais esperada do ano, o The Merge (“A Fusão”, em tradução do inglês) da rede do ethereum (ETH) é o grande foco dos investidores nas últimas semanas. Estamos a menos de um mês do estabelecimento das inovações e os desenvolvedores do projeto lançaram uma nova página falando dos “equívocos” em relação à atualização.
“É falso que o The Merge resultará em tarifas de gás mais baixas ou maior velocidade de transações”
afirma o post no blog do Ethereum Foundation.
Antes de se assustar com isso, vale ressaltar que nada mudou no plano original do The Merge desde o início dos testes na rede testnet.
Os investidores aparentemente também estão escaldados. Tanto que as cotações do ethereum praticamente não se mexeram depois das declarações. Hoje o ETH é negociado na casa dos US$ 1.850, em queda de pouco mais de 1,5% nas últimas 24 horas.
O que aconteceu é que, na verdade, os desenvolvedores quiseram tornar a comunicação para outros programadores mais clara. Isso implica em dizer exatamente o que o The Merge fará sem simplificar os termos.
Mas para traduzir os termos técnicos para o grande público, essas simplificações podem trazer diversas imprecisões — que são aceitas para tornar a comunicação mais clara.
Em outras palavras: para explicar uma atualização de grande porte como o The Merge, seria preciso uma série de termos técnicos e explicações do universo da programação que não interessam ao usuário final.
Daí a preferência por simplificar os tecnicismos para explicar de maneira mais simples para o investidor.
The Merge: o que a atualização do ethereum (realmente) vai fazer
Então, o que fará de fato a rede do ethereum após o The Merge? Os desenvolvedores disponibilizaram uma lista, rebatendo ponto a ponto as “imprecisões” que encontraram na divulgação da atualização.
Por exemplo, o The Merge não irá reduzir as taxas de negociação, as chamadas gas fees. O que acontecerá, na verdade, é uma mudança no sistema de validação da rede.
Essa validação deixará de ser feita pelo sistema de proof-of-work (PoW, ou “prova de trabalho”) e passará a ser feita pelo proof-of-stake (PoS, ou “prova de participação”). Isso não implica necessariamente em uma redução de taxas.
Uma lupa no ganho de eficiência
Porém, a blockchain do ethereum é chamada de Layer 1 (L1) ou de primeira camada, na qual se desenvolvem projetos em cima dela — esses protocolos são chamados de Layer 2 (L2) ou de segunda camada.
Essas soluções de segunda camada — aí sim — terão um ganho de eficiência com a migração da rede para o PoS e a criação de soluções de escalabilidade (os chamados rollups), o que tende a resultar em taxas mais baixas.
E são esses projetos L2 com os quais o usuário mais interage.
Pense em um celular: o usuário interage muito mais aplicativos (redes sociais, dos bancos, fotos, etc) do que o sistema operacional (IOS ou Android) e é o que irá ocorrer com o ethereum.
Transações mais rápidas? Nem tanto
Ainda de acordo com os desenvolvedores, as transações não terão um ganho de velocidade perceptível para o usuário final.
Atualmente, uma transação da rede ethereum demora cerca de 13,3 segundos para acontecer. Com a migração do PoW para o PoS, o ganho de eficiência na velocidade será de cerca de 10% — ou seja, 12 segundos no total.
“Dificilmente um usuário notará a diferença”, escrevem os desenvolvedores.
Não entendi nada do The Merge. E agora?
Se você pretende se tornar um desenvolvedor na rede do ethereum, o melhor é entrar em uma das muitas comunidades destinadas a fortalecer o corpo de programadores da Ethereum Foundation — ou, como eles mesmos gostam de se declarar, os Fellowship of Ethereum Magicians.
Lá é possível aprender e tirar dúvidas específicas para começar a programar em cima da blockchain do ethereum, além de propor novas atualizações para a rede.
Mas se você é mais um usuário ou investidor que quer aproveitar a possível disparada de preços do ETH depois da atualização, não precisa se preocupar.
“Você não precisa entender como funciona o The Merge para usar, assim como você não entende um protocolo ‘http’ e, mesmo assim, usa internet todos os dias”, afirma o chefe de research da Empiricus, Vinícius Bazan, no último episódio do podcast Cryptostorm.
Ou seja, mesmo que os termos técnicos te confundam, o The Merge será uma importante atualização do universo das criptomoedas que terá algum reflexo no preço. E é isso que o investidor precisa saber.