Sim, bilionários como Elon Musk devem existir
O problema não está na existência de bilionários, mas na destruição de valor e no populismo orquestrados pelos governos e que favorecem essa minoria

Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, nasceu numa região remota do interior do Rio Grande do Sul, tendo se mudado para o Rio de Janeiro, a capital do país, ainda adolescente.
Na capital, Irineu traçaria uma longa carreira, começando do zero até se tornar o maior "tycoon" (magnata), da história do país.
Em 1867 a fortuna de Mauá atingiria incríveis 60 milhões de dólares, valor superior ao orçamento do governo brasileiro e equivalente a ¼ do patrimônio do Banco da Inglaterra.
Pelo mesmo período, Cornelius Vanderbilt deixava a maior herança da história americana até então, uma fortuna de US$ 100 milhões.
Tendo fundado o primeiro banco comercial do país, a indústria naval, ferroviária, de saneamento, de iluminação e outros diversos setores, Mauá foi também político, tendo sólida atuação para combater a escravidão, prática abolida em suas empresas. O barão contribuiu até para a chegada do futebol ao Brasil.
Há poucas dúvidas de que figuras como Mauá tenham colaborado no desenvolvimento do país. Ainda assim, nos tempos atuais, é improvável que tal figura sobrevivesse ao escrutínio da opinião pública.
Leia Também
- MUDANÇAS NO IR 2022: baixe o guia gratuito sobre o Imposto de Renda deste ano e evite problemas com a Receita Federal.
Bilionários se proliferam
Bilionários se tornaram figuras centrais no debate público, em um mundo onde o problema da fome foi substituído pelo problema da obesidade, e onde a pobreza é um problema de menor atenção do que a desigualdade.
E eles têm aumentado de forma bastante impressionante. Desde que John D. Rockefeller se tornou o primeiro ser humano a ter mais de $1 bilhão, em 1996, o mundo ganhou um novo bilionário a cada 23 dias e em uma velocidade crescente. Na China de hoje, a cada 4 dias surge um novo bilionário.
É nos Estados Unidos, porém, que o tal “problema” se concentra. Se você possui um pouco mais de memória, deve lembrar que há alguns anos um grupo de manifestantes ocupou o distrito financeiro de Nova York para protestar contra a acumulação de riqueza nas mãos do 1% mais rico.
Trata-se de um movimento que ganhou fama mundial, mas que não duraria tanto tempo.
O motivo para isso não é lá muito difícil de entender. Nos EUA, os 3% mais ricos possuem um patrimônio superior a $1 milhão. Em locais como Nova York, há 1 milionário para cada 9 habitantes, já na Califórnia a proporção é de 1 para 10.
Culpar os milionários por lá significa muitas vezes culpar seus pais, seus vizinhos, e convenhamos, não é esperado que alguém vá culpar a si mesmo ou sua família pelos problemas do mundo. Fica evidente portanto que o problema não é o 1% milionário, mas os bilionários!
No Brasil então, o caso sequer foi cogitado, pois logo se percebeu que o 1% mais rico por aqui inclui também parte do funcionalismo público que ganha mais de R$ 15 mil.
O verdadeiro problema
A discussão americana em torno da riqueza acumulada por determinados indivíduos cresceu nos últimos em uma velocidade similar a outro problema, deixado de lado no debate: a desvalorização da moeda.
Desde a crise de 2008, bancos centrais entraram em uma espiral de queda nos juros e impressão de dinheiro. O resultado é que temos hoje uma liquidez jamais vista na história, e que colabora para o aumento do número de bilionários.
No mundo dos juros negativos, é possível operar negócios que crescem queimando caixa e não tem lucro. Basta uma boa ideia, engajamento do número de clientes, e os recursos fluem, alimentando uma quantidade cada vez mais impressionante de “unicórnios”, como são chamadas as empresas com mais de $1 bilhão.
E nessa espiral, os mais ricos se beneficiam como ninguém. A lógica é relativamente simples: o crédito ofertado aumenta, pessoas que possuem bens e direitos utilizam estes recursos para conseguir crédito e compram novos bens e direitos.
Tal lógica passa longe do debate público, ocupado demais em encontrar soluções fáceis, como a taxação de grandes fortunas.
A culpa não é do Elon Musk
No mundo encantado da política e das ideias políticas, tudo é muito simples. Cria-se um novo imposto, políticos têm mais recursos para gerir e podem enfim solucionar os problemas do mundo.
Se você tirar cinco segundos para refletir, porém, verá que o mundo continua com inúmeros problemas, mesmo que dos US$ 83 trilhões em riqueza que o mundo cria todos os anos, políticos abocanham ao menos US$ 25 trilhões.
Seria absurdo portanto supor que ainda existe fome no mundo pois Elon Musk não paga US$ 6 bilhões por ano em impostos (de fato, Musk pagou US$ 15 bilhões em imposto no último ano).
Mas a lógica permanece, em um mundo onde problemas complexos recorrem a respostas fáceis e completamente erradas.
Na outra ponta, respostas não tão fáceis, como o bitcoin, também estão na mesa para aqueles que decidirem ir além dos tais cinco segundos.
Trata-se de uma alternativa monetária fixa, que reconhece o valor da escassez e entende que o dinheiro não pode ser criado por mera vontade política, e que ampliar a quantidade de moeda no mundo, sem ampliar a riqueza produzida, significa pura e simplesmente inflação.
O algoritmo do bitcoin e a sua própria formação histórica entendem o valor da estabilidade e previsibilidade. Por conta disso, enquanto o mundo bate recordes de inflação, a emissão de bitcoins segue exatamente o que diz o algoritmo, levando a uma diminuição no total disponível, tendo em vista o aumento de bitcoins entesourados.
A ideia em si é fugir da insanidade monetária que vivemos.
É nítido, portanto, que há algo de errado com o excesso de bilionários ou a velocidade com que eles surgem e acumulam riqueza, mas o problema passa longe da existência, ou não, de bilionários em si.
Vivemos em um mundo onde a moeda perde valor constantemente, a inflação tira o sono das famílias e nossos políticos ignoram por completo as causas, focando em tentativas populistas de ludibriar a população com soluções simplistas.
Bilionários, ou os muito ricos, existiram ao longo da história do capitalismo pela capacidade de desenvolver soluções para os problemas da sociedade. Não há qualquer problema nisso, ao contrário da destruição de valor e do populismo orquestrados pelos governos e que favorece essa minoria.
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje
No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed
O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso
Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda
Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard
O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução
Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)
No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas
Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?
Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores
A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)
Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos
Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento
Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar
As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)
No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro
Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses
Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível