Mercado em 5 Minutos: Bolsas internacionais sentem os sinais de instabilidade do tempo em que vivemos
Em caso de estresse no período pós-eleição, vale a pena pensar em como se proteger durante a semana. Além disso, saindo da veia eleitoral, os investidores também acompanham o clima incerto internacional e a coletânea de dados locais

Bom dia, pessoal. Chegamos à última semana de outubro. Lá fora, o dia foi estressante para os mercados asiáticos, com algumas altas até relativamente importantes, mas com quedas relevantes em nomes centrais, como a desvalorização de quase 7% do índice de Hong Kong e de 3% para o de Xangai.
Na Europa, os investidores dão continuidade ao movimento mais positivo verificado no final da última semana, em especial por conta da reação de investidores às notícias de que as autoridades do Fed já discutem um menor aumento da taxa em dezembro (em novembro, a alta ainda deverá ser de 75 pontos-base).
A semana é muito agitada e começa com futuros americanos em queda nesta manhã, ao contrário dos mercados europeus.
A temporada de resultados nos EUA ganha contornos chamativos ao registrar os números de nomes como Apple, Amazon e Microsoft.
Os europeus lidam nos próximos dias com reunião de política monetária, assim como nós brasileiros — enquanto lá é esperada uma alta dos juros, aqui o nome do jogo deverá ser o de manutenção.
Tem muita coisa no radar na reta final da eleição mais polarizada da história do Brasil. De tédio nós não vamos morrer. A ver...
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00:46 — A reta final
Com cinco pregões para o segundo turno da eleição, o infeliz episódio envolvendo o presidente de honra do PTB, Roberto Jefferson, repercutiu infinitamente durante o domingo, quando o ex-deputado federal, ao resistir à prisão, atentou contra a vida de policiais federais que apenas cumpriam ordens.
A imediata falta de traquejo do bolsonarismo com a situação ao não escolher rapidamente em definitivo e ficar em cima do muro, condenando o ato e a ordem de prisão, evidenciou que a campanha do presidente não sabia responder ao acontecimento em um primeiro momento — mandar o Ministro da Justiça do país para o Rio de Janeiro foi como jogar o governo no meio da crise.
Ao final do dia, Bolsonaro condenou o evento e chamou Jefferson de bandido.
Apesar de lamentável, tudo o que aconteceu muito dificilmente vai mudar voto de alguém, mas dois vetores importantes chamam a atenção:
- Naturalmente, o evento pode ser afastado com certa facilidade do presidente, mas é inegável que atrapalha a campanha que vinha conseguindo criar boa tração nos últimos dias, podendo desacelerar em termos de engajamento entre os apoiadores agora na reta final de campanha (ruim para o Bolsonaro, considerando que Lula é favorito); e
- É preocupante o que vier a acontecer no dia 31, independentemente do vitorioso, uma vez que o clima é agressivo, não há ambiente para pacificação nos próximos anos e os últimos pregões precificaram uma maior chance de Bolsonaro, lançando a Bolsa para 120 mil pontos.
Em outras palavras, em caso de estresse no período pós-eleição, vale a pena pensar em como se proteger durante a semana.
Moeda forte (dólar) e ajustes de posição, com realização de lucro, ainda que parcialmente, e até mesmo compra de alguma put, poderiam servir bem.
A decisão vai ser por uma margem estreita entre os dois candidatos e o flerte com a possibilidade de questionamento eleitoral criaria uma movimentação insalubre para os ativos locais.
Depois da alta de 7% na semana passada, eventuais correções poderiam ser observadas ao longo dos próximos dias.
01:50 — Nem só de eleição vive o investidor
Saindo da veia eleitoral, inevitavelmente relevante na reta final de campanha, com debate e mais pesquisas no calendário, os investidores também acompanham o clima incerto internacional e a coletânea de dados locais.
Na quarta-feira, contamos com reunião de política monetária no Copom, que deve manter a taxa de juros inalterada e não surpreender o mercado.
Além disso, ainda temos os dados de preços com a inflação prévia de outubro pelo IPCA-15 e números de desemprego com o PNAD.
Saindo da economia e caminhando para o mundo corporativo, teremos hoje o resultado da Petrobras e, na quinta-feira, o da Vale.
Como são nomes relevantes no interior do índice, os números ganham contornos sistêmicos e devem ser acompanhados assim, principalmente depois das altas recentes dos papéis (as ações da petroleira sobem quase 30% em 30 dias, tendo superado a marca de US$ 100 bilhões de valor de mercado na última sexta-feira, enquanto Vale sobe mais de 5% nos últimos cinco dias).
02:45 — Preparem-se para os resultados das Big Techs
Chegamos ao que pode ser considerado o auge da temporada de resultados do terceiro trimestre nos EUA, com mais de 150 empresas do S&P 500 programadas para divulgar nesta semana.
Entre os nomes de destaque, temos as Big Techs e muitos líderes da indústria — só nesta semana: Alphabet, Microsoft, 3M, Coca-Cola, General Electric, General Motors, Visa, Meta Boeing, Ford Motor, Apple, Amazon.com, Comcast, Intel, Mastercard, McDonald's, Chevron e Exxon Mobil.
Até a semana passada, cerca de 72% das empresas do S&P 500 que reportaram seus números do terceiro trimestre até agora superaram as expectativas de Wall Street.
Essas empresas superaram as estimativas de lucros em 2,3% no total, o que está abaixo da média de cinco anos de 8,7%, já mostrando uma desaceleração considerável.
Além disso, até agora a margem esperada de lucro líquido combinado do S&P 500 para o terceiro trimestre de 2022 é de 12%, abaixo da margem de lucro líquido do segundo trimestre.
Se de fato esses 12% forem a margem de lucro líquido real do trimestre, marcará o quinto trimestre consecutivo em que a margem de lucro líquido do índice caiu em relação ao trimestre anterior. Sinais de recessão.
03:31 — Entre a reunião do BCE e a sucessão britânica
Nesta segunda-feira, os mercados europeus abrem em alta, acompanhando a boa performance da última sexta-feira nos EUA e repercutindo bem a troca de comando no Reino Unido, apesar das expectativas de elevação dos juros por parte do BCE nesta quinta-feira, que hoje não tem motivos para frear o processo de aperto monetário.
Aliás, sobre a eleição na Inglaterra, os mercados financeiros reduziram o prêmio de risco de competência na gestão do partido conservador depois da renúncia de Liz Truss na semana passada.
Agora, a última notícia importante foi a retirada da candidatura do ex-primeiro-ministro Boris Johnson.
O movimento deixa a eleição desta semana com o favoritismo de Rishi Sunak, colocando a ala fiscalmente responsável no poder do partido depois do populismo de Johnson e do plano mirabolante de Truss.
Até sexta-feira devemos ter o nome, mas a decisão pode ser tomada hoje mesmo, a depender do que acontecer em Westminster.
04:07 — O Imperador Moderno
Durante o final de semana, Xi Jinping conquistou a nomeação do Partido Comunista da China para um terceiro mandato.
Não só isso, mas o presidente consolidou mais de seu poder, se cercando por aliados no principal órgão de liderança do país.
O primeiro-ministro Li Keqiang, o porta-voz econômico Liu He e o presidente do banco central Yi Gang foram todos retirados do Comitê Central do partido.
Com isso, Xi Jinping se tornou uma espécie de Imperador Moderno da China.
Ele até colou em si um novo título: Lingxiu, ou “líder”. Sim, muito estranho… Trata-se do modelo Xi de governar, ressuscitando o culto à personalidade ao estilo de Mao.
É importante porque falamos da segunda maior economia do mundo e principal parceiro comercial do Brasil.
Com o fim do Congresso, a bateria de dados que estava atrasada foi divulgada, com crescimento que superou as expectativas (será mesmo?).
Ainda assim, os mercados na China caíram, alcançando o menor patamar em mais de 10 anos. O mercado não gostou do movimento de Xi, isso é inegável.
Eventualmente, claro, uma recuperação dos ativos chineses seria positiva não só para a China, mas para os mercados relacionados, como o próprio Brasil.
Entretanto, considerando a nova sombra de imprevisibilidade sobre os próximos anos do país, é difícil ficar muito otimista.
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