🔴 SD EXPLICA: COMO GARANTIR 1% AO MÊS NA RENDA FIXA ANTES QUE A SELIC CAIA – VEJA AQUI

Long SMAL11, short BOVA11: o barulho das small caps pode se tornar ensurdecedor?

7 de novembro de 2022
20:02 - atualizado às 15:14
Ilustração representando a luta entre Davi e Golias; os dois estão em primeiro plano, em frente a um fundo amarelo. Desenho é usado como metáfora para o potencial das small caps e microcaps, ações de empresas de pequeno porte da bolsa
Imagem: Shutterstock

Duas coisas me parecem mal interpretadas pelo consenso de mercado. A primeira é uma espécie de confusão entre ciclo e classe de ativos. A segunda mistura realidade e percepção. Vamos por partes.
 
Os anos de 2003 a 2007 trouxeram fama e glória para alguns gestores de ações. A turma das small e mid caps fez fortuna. Houve muito mérito, claro, daqueles que propagaram e implementaram a filosofia de Warren Buffett na seleção de ativos. Ah, sim, o mercado era muito ineficiente e, para aqueles com rigor científico, amarravam-se cachorros com linguiça. Em terra de cego…

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E muita gente, até meio sem perceber, se aproveitou daquilo que chamo de "endogeneidade da cota”. O camarada forma posições ilíquidas. Se o mercado sobe, a cota avança. Ele capta mais dinheiro, que serve para comprar as próprias posições ilíquidas. Essa demanda marginal, imposta pelo próprio gestor, empurra para cima as cotações, o que atrai mais captação. Seguimos pedalando a bicicleta até que uma hora a música para de tocar.
 
O ciclo mudou com a crise de 2008. Houve aquela recuperação cíclica em 2009 a partir do nosso amigo Helicopter Ben (quando Bernanke resolveu jogar dinheiro de helicóptero, prática mais elegantemente batizada de "quantitative easing, ou, para jornalistas menos treinados, a política econômica do “kiwi" – entendedores entenderão) e, então, a indústria de small caps entrou numa fase péssima até 2015. 

Small caps e o ciclo vicioso

A tal endogeneidade da cota tem seu lado perverso também. No ciclo ruim e na falta de liquidez, a cota cai. O cotista pede resgate, o que força a venda das posições ilíquidas, derrubando adicionalmente as posições. O cotista marginal fica amedrontado e também pede seu resgate. O ciclo se torna vicioso. 
 
Não à toa, várias gestoras foram dizimadas. Mesmo grandes nomes consagrados do universo small caps passaram a rejeitar o termo, passando a se autoproclamar, no máximo, “um cara de mid caps” ou “de ações fora do radar, não necessariamente de baixa liquidez”.
 
Small caps viraram um palavrão. Como a História oferece requintes de crueldade, ou, nas palavras de Woody Allen, "se você quer fazer Deus rir, conte a ele seus planos”, o ciclo virou com aquela carta do Temer (“Verba Volant, Scripta Manent”) e o áudio do “Bessias”. As smalls caps foram os grandes destaques de alta entre 2016 e 2019.
 
As small caps foram abandonadas por uma confusão entre a qualidade do ativo e o momento do ciclo. No final do dia, elas são, em grande medida e de maneira muito resumida, uma enorme sensibilidade ao ciclo.

Essa coisa anda muito bem quando as coisas vão bem. E muito mal quando as coisas vão mal. Oferecem grande elasticidade às taxas de juro, ao fluxo de recursos (liquidez) e funcionam como uma mola comprimida – nas horas ruins, seus valuations ficam enormemente amassados; e quando há descompressão, voltam muito rapidamente. 
 
A semana passada, com destacada melhor performance de algumas small caps, foi uma pequena demonstração objetiva do que pode ser uma mudança de ciclo. 

Percepção e realidade

Então, vamos ao segundo ponto: a confusão entre percepção e realidade. Kant talvez tenha resolvido essa questão melhor do que os analistas de investimento. A realidade em si sempre será difícil de determinar. Ela sempre nos chega a partir de nosso próprio filtro.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

De forma deliberada ou não, sempre carregamos nossos vieses, nossa cognição, nossa visão de mundo, nossa capacidade de enxergar – claro que a Faria Lima e sua enorme arrogância sempre achará ser capaz de interpretar a realidade sem nenhum tipo de viés, o que só reforça o quanto ela é enviesada e cheia de overconfidence, piorando o problema.

Leia Também

Soros também tentou nos iluminar a respeito, retratando a influência recíproca entre percepção e realidade, em sua teoria da reflexividade. E o campo da retórica fica cada vez mais popular e pertencente ao mainstream.

O que começou lá nos anos 80 com os precursores Deirdre McCloskey e Pérsio Arida, destacando a importância da retórica na Economia, ganhou contornos sádicos com a “falácia da narrativa” descrita por Nassim Taleb e virou livro de Prêmio Nobel, com o “Narrative Economics”, de Bob Shiller.

A visão do Brasil

Para atrair o capital, sobretudo estrangeiro, muitas vezes o país não precisa mudar sua realidade objetiva. Em determinadas situações, basta mudar a percepção sobre a realidade. Acredito muito que a percepção do governo Bolsonaro lá fora é muito pior do que a real qualidade do governo Bolsonaro. E isso não é um elogio ao governo Bolsonaro, tampouco uma crítica à percepção externa. Apenas é o que é. 
 
Em termos pragmáticos, a visão estereotipada era de que queimávamos a floresta e nos aproximávamos de lideranças como Orban, Erdogan, Putin e Xi Jinping, num momento em que o capital internacional foge de autocratas e abraça árvores.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“Ah, mas essa visão está errada.” Feliz ou infelizmente, não importa tanto. O mundo não é aquilo que nós gostaríamos que ele fosse. Tampouco devemos esperar que a realidade se adapte à nossa visão de mundo (somos nós que temos de nos adaptar a ela).
 
Objetivamente, a percepção sobre o Brasil começa a mudar. Depois de estarmos alijados do fluxo de capital internacional, voltamos a fazer parte das conversas em comitês de investimento global e voltados a mercados emergentes. Podemos ter algum protagonismo na COP27 e capturar parte do dinheiro hoje assustado com a Segunda Guerra Fria, agora com a China, que ocupa peso relevante nos índices globais de mercados emergentes.
 
Se Taleb está certo ao descrever o mercado como um teatro grande com uma porta pequena, o barulho nas small caps pode se tornar ensurdecedor. 
 
“Entrem pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição”. No momento, é quase uma prescrição bíblica: buy SMAL11, short BOVA11.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

16 de dezembro de 2025 - 8:23

Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?

16 de dezembro de 2025 - 7:13

Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg

15 de dezembro de 2025 - 19:55

O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje

15 de dezembro de 2025 - 7:47

O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026

VISÃO 360

Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

14 de dezembro de 2025 - 8:00

Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações

12 de dezembro de 2025 - 8:26

Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas

SEXTOU COM O RUY

Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas

12 de dezembro de 2025 - 6:07

O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje

11 de dezembro de 2025 - 8:23

A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…

10 de dezembro de 2025 - 19:46

Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje

10 de dezembro de 2025 - 8:10

Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje

9 de dezembro de 2025 - 8:17

Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?

9 de dezembro de 2025 - 7:25

Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade

RALI, RUÍDO E POLÍTICA

Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza

8 de dezembro de 2025 - 19:58

A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje

8 de dezembro de 2025 - 8:14

Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana

TRILHAS DE CARREIRA

É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira

7 de dezembro de 2025 - 8:00

As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas

5 de dezembro de 2025 - 8:05

O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro

SEXTOU COM O RUY

Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos

5 de dezembro de 2025 - 6:02

Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje

4 de dezembro de 2025 - 8:29

Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje

3 de dezembro de 2025 - 8:24

Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

2 de dezembro de 2025 - 8:16

Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar