🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Gestores brasileiros e dos EUA têm diferentes opiniões sobre a inflação; como escolher a melhor leitura para lucrar?

Entre brasileiros e americanos, nossos multimercados largaram na frente. O tempo dirá qual foi a conduta correta a ser tomada

6 de maio de 2022
12:17
Notas de dólar e real, inflação
Imagem: Shutterstock

Em 2014, quando estudava em Cambridge, Massachusetts, decidi tirar a carteira de habilitação americana. Pesquisei na internet o processo, avaliei se os custos caberiam no meu orçamento de bolsista, liguei para um amigo e marcamos juntos a prova teórica já naquela mesma semana.

O processo era muito simples e sem burocracia. O material de estudo para a prova teórica estava todo no site do departamento de trânsito do estado. 

Como o calendário de entrega de resultados do estágio estava apertado, viramos duas noites estudando e resolvemos a primeira etapa do processo nesses dois dias.

A prova prática

O próximo passo era a prova prática. Também não era necessário fazer aulas de autoescola. 

Precisávamos apenas de um carro com um “motorista responsável” — alguém que tivesse pelo menos 21 anos de idade e dois anos de habilitação no estado de Massachusetts.

Na hora da prova, apenas duas novidades em relação à prova brasileira. 

Leia Também

A primeira: antes de colocar o carro em movimento, é preciso colocar o braço esquerdo para fora do carro e fazer os sinais de virar à esquerda, direita e devagar, que devem ser usados caso as luzes do veículo não funcionem.

As diferentes interpretações

A segunda, e provavelmente a que mais reprova os brasileiros, é a placa de “Pare”. Isso mesmo. A placa de “Pare” é visualmente idêntica à brasileira. Mesmo formato, cores e dizeres. 

Contudo, o comportamento de um motorista americano ao ver essa placa em um cruzamento é: parar completamente o veículo, esperar três segundos, avançar cuidadosamente até ter visibilidade completa do cruzamento e então prosseguir.

Naturalmente não são todos os motoristas que seguem esses passos à risca quando não estão sendo avaliados ou monitorados de perto, mas não há dúvida de que há uma diferença estrutural de entendimento, interpretação e comportamento entre brasileiros e americanos perante o mesmo sinal.

A inflação americana

De forma análoga, estamos vendo hoje uma grande divergência entre os gestores de fundos brasileiros e americanos (principalmente de ações) sobre um dos sinais mais relevantes para o mercado: inflação americana.

O mesmo indicador, leituras diametralmente diferentes.

Por lá, há um entendimento de que grande parte da inflação é transitória devido aos gargalos produtivos, muito por causa da política de Covid zero da China e pela escalada dos preços do petróleo e do gás natural devido ao conflito no Leste Europeu. Portanto, o tempo conta a favor da normalização.

Sendo assim, é prudente “contar até três” antes de prosseguir com uma política monetária mais restritiva.

Pé no acelerador dos juros

Já aqui, a maioria dos gestores vê uma inflação americana muito mais arraigada e que o forte componente de demanda, devido principalmente aos estímulos fiscais sem precedentes, é preponderante à escassez de oferta, o que, definitivamente, não condiz com o nível de aperto das condições financeiras atuais. 

Neste caso, o banco central já está atrasado.

É preciso avançar mais rapidamente.

Os brasileiros e a inflação

Talvez uma boa explicação para essa divergência de visões seja o fato de que grande parte dos gestores americanos não experimentou ou nem lembra mais como é viver em um mundo inflacionário. O mesmo ocorre com os investidores em geral por lá.

Por outro lado, nós brasileiros temos um histórico inflacionário muito forte e um passado ainda muito recente de perda de poder de compra acelerado. 

Fomos criados neste ambiente em que ficar parado é muito perigoso e, no final do dia, esperar custa muito caro. É comum encontrar alocação em commodities (direta ou indireta) e em títulos indexados à inflação nos nossos portfólios.

Pode-se dizer que, quem já viveu na pele o problema, leva ligeira vantagem na hora de tomar as decisões. Está aí um benefício de ser emergentes.

Os multimercados e a inflação

Estamos em um “cruzamento” com diversos sinais de alerta. Entre brasileiros e americanos, nossos multimercados largaram na frente. O tempo dirá qual foi a conduta correta a ser tomada.

Até lá, nós da equipe dos Melhores Fundos seguimos a tradição brasileira. Mantemos estruturalmente posições em uma cesta de commodities, nos títulos indexados à inflação e, claro, nos melhores multimercados da indústria.

Essa é a nossa leitura dos sinais.

Um abraço,
Laís

Leia também:

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dedo no gatilho

24 de março de 2025 - 20:00

Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

17 de março de 2025 - 20:00

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Para um período de transição, até que está durando bastante

12 de março de 2025 - 19:58

Ainda que a maior parte de Wall Street continue sendo pró Trump, há um problema de ordem semântica no “período de transição”: seu falsacionismo não é nada trivial

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: As três surpresas de Donald Trump

10 de março de 2025 - 20:00

Quem estudou seu primeiro governo ou analisou seu discurso de campanha não foi muito eficiente em prever o que ele faria no cargo, em pelo menos três dimensões relevantes

VISÃO 360

Dinheiro é assunto de mulher? A independência feminina depende disso

9 de março de 2025 - 7:50

O primeiro passo para investir com inteligência é justamente buscar informação. Nesse sentido, é essencial quebrar paradigmas sociais e colocar na cabeça de mulheres de todas as idades, casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, que dinheiro é assunto delas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Na esperança de marcar o 2º gol antes do 1º

5 de março de 2025 - 20:01

Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um Brasil na mira de Trump

26 de fevereiro de 2025 - 20:00

Temos razões para crer que o Governo brasileiro está prestes a receber um recado mais contundente de Donald Trump

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Eu gostaria de arriscar um palpite irresponsável

19 de fevereiro de 2025 - 20:01

Vai demorar para termos certeza de que o último período de mazelas foi superado; quando soubermos, porém, não restará mais tanto dinheiro bom na mesa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Tenha muito do óbvio, e um pouco do não óbvio

12 de fevereiro de 2025 - 20:00

Em um histórico dos últimos cinco anos, estamos simplesmente no patamar mais barato da relação entre preço e valor patrimonial para fundos imobiliários com mandatos de FoFs e Multiestratégias

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Isso não é 2015, nem 1808

10 de fevereiro de 2025 - 20:00

A economia brasileira cresce acima de seu potencial. Se a procura por camisetas sobe e a oferta não acompanha, o preço das camisetas se eleva ou passamos a importar mais. Não há milagre da multiplicação das camisetas.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O paradoxo DeepSeek

3 de fevereiro de 2025 - 20:01

Se uma relativamente pequena empresa chinesa pode desafiar as grandes empresas do setor, isso será muito bom para todos – mesmo se isso acabar impactando negativamente a precificação das atuais gigantes do setor

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: IPCA 2025 — tem gosto de catch up ou de ketchup mais caro?

29 de janeiro de 2025 - 20:31

Se Lula estivesse universalmente preocupado com os gastos fiscais e o descontrole do IPCA desde o início do seu mandato, provavelmente não teria que gastar tanta energia agora com essas crises particulares

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Um ano mais fácil (de analisar) à frente

18 de dezembro de 2024 - 20:00

Não restam esperanças domésticas para 2025 – e é justamente essa ausência que o torna um ano bem mais fácil de analisar

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Às vésperas da dominância fiscal

11 de dezembro de 2024 - 15:00

Até mesmo os principais especialistas em macro brasileira são incapazes de chegar a um consenso sobre se estamos ou não em dominância fiscal, embora praticamente todos concordem que a política monetária perdeu eficácia, na margem

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Precisamos sobre viver o “modo sobrevivência”

4 de dezembro de 2024 - 20:00

Não me parece que o modo sobrevivência seja a melhor postura a se adotar agora, já que ela pode assumir contornos excessivamente conservadores

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Banda fiscal no centro do palco é sinal de que o show começou

27 de novembro de 2024 - 16:01

Sequestrada pela política fiscal, nossa política monetária desenvolveu laços emocionais profundos com seus captores, e acabou por assimilar e reproduzir alguns de seus traços mais viciosos

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer

18 de novembro de 2024 - 20:00

Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Não estamos no México, nem no Dilma 2

7 de outubro de 2024 - 20:00

Embora algumas analogias de fato possam ser feitas, sobretudo porque a direção guarda alguma semelhança, a comparação parece bastante imprecisa

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Brasil com grau de investimento: falta apenas um passo, mas não qualquer passo

2 de outubro de 2024 - 14:40

A Moody’s deixa bem claro qual é o passo que precisamos satisfazer para o Brasil retomar o grau de investimento: responsabilidade fiscal

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar