Entenda como equilibrar a razão e a emoção para investir nos fundos de investimento que vão proporcionar ainda mais retorno ajustado ao risco no longo prazo
É importante reconhecer emoções presentes em cada situação para saber como contorná-las racionalmente. Conheça as cinco críticas mais recorrentes de investidores sobre multimercados e como superar cada uma delas
Quer você esteja certo ou errado, sempre tem razão.
Para os interessados na filosofia estóica, às vezes pode parecer que a proposta é eliminar a emoção do jogo e adotar uma postura blasé, indiferente, mas pragmática.
Meu entendimento é outro: devemos reconhecer emoções presentes em cada situação, identificar nossas resistências à mudança e contorná-las, equilibrando razão, desejo de controle e emoção.
No Brasil de juros extremos, dos 2% aos dois dígitos em velocidade recorde, os fundos multimercados costumam estar no meio do tiroteio.
Desafiados por investidores de renda fixa e de ações, a classe costuma ser mal compreendida dentro de um portfólio. Ora é comparada com títulos públicos e privados; ora é questionada por não ganhar com a alta da Bolsa.
Hoje, trouxe as cinco críticas mais recorrentes que recebemos de investidores sobre multimercados e um pouco de racionalidade para contornar cada uma delas.
Leia Também
1. Gestão profissional: não tente isso em casa
“Por que pagar taxas para um gestor se posso comprar os ativos diretamente?”
Natural para muitos investidores que estão começando em fundos, esse questionamento vai de encontro ao conceito de multimercados: aquele que pode operar em vários mercados.
Mesmo que eu ou algum dos três leitores negocie coroa norueguesa, opere a inclinação da curva de juros no México ou faça uma operação comprada em Vale e vendida em mineradoras australianas, isso não será fácil ou barato o suficiente para compensar a execução da estratégia.
Paga-se, no mínimo, por acesso e escala, mas, além disso, pela experiência de equipes com décadas de mercado desbravando e ganhando dinheiro em diferentes mercados e instrumentos.
2. Custo: o maior pedaço do bolo para você
“No longo prazo, o gestor ganha mais do que o investidor!”
Em 1940, o corretor de ações americano escreveu o clássico e bem-humorado livro “Where are the Customers’ Yacht?”, que expõe a situação de um visitante que chega a Nova York e encontra os aconselhadores financeiros com seus iates novos na casa de praia, mas nenhum cliente.
Com taxas de administração de 2% ao ano e de performance de 20% sobre o que exceder o CDI para a maior parte da indústria de multimercados, é claro que isso importa.
No entanto, pagamos bem por bons profissionais. A equipe de um neurocirurgião, os honorários de um advogado e uma reforma completa na casa não são coisas baratas.
Como regra de bolso, não gostamos de multimercados que ficam com mais de 50% do retorno gerado acima do CDI, no longo prazo. Por isso, prefira os que tomam mais risco.
3. Diversificação: o paradoxo dos juros
“Multimercado só ganha quando o juro cai!”
Narrativas se adaptam à situação. Com uma taxa Selic baixa, de 2%, o investidor preferia fundos de ações, defendendo uma relação linear e inversamente proporcional dos juros de curto prazo e valuation das ações. Com os juros se aproximando de 11%, o investidor prefere a renda fixa.
O argumento é de que os multimercados só ganhariam dinheiro com a queda dos juros, mas que, neste caso, é melhor comprar logo ações.
Mas se não são os gestores que operam em vários mercados, justamente os mais capazes para ganhar dinheiro “tomados” em juros, com a alta das taxas, quem são?
O resultado misto da indústria em 2021 mostra que vários dos melhores da indústria conseguiram operar nas duas direções e capturar boa parte da alta de juros – SPX, Gávea, Vinland, Vista, Ibiuna e Kapitalo, por exemplo.
Na prática, eles existem para gerar uma nova fonte descorrelacionada de retorno e não para se aproveitar unicamente do direcional de uma classe.
4. Liquidez: é para seu próprio bem (e bolso)
“30 dias para o dinheiro cair na conta?!”
De um lado, gastamos e imobilizamos o patrimônio por décadas em imóveis completamente ilíquidos acreditando ser um investimento que ganhará da inflação – e, na prática, é.
De outro, 30 dias parece uma eternidade para o investidor em multimercados.
Não existe almoço grátis: ou você dá autonomia para o gestor ganhar dinheiro como bem entender, desde que siga seu mandato, ou ele precisa deixar uma boa parte do dinheiro em caixa para honrar resgates dos mais ansiosos.
Sempre preferimos e defendemos investir em prazos de resgate mais esticados, mas o gráfico abaixo é o melhor argumento.
A linha azul é uma carteira comprada com o mesmo peso em todos os multimercados que já existiram na indústria com liquidez de pelo menos um dia útil nos últimos 17 anos, rebalanceada mensalmente. A linha vermelha é o mesmo raciocínio considerando apenas fundos com liquidez de pelo menos dez dias úteis:
Embora ambos tenham entregado retornos nominais acima do CDI, é expressiva a diferença histórica de ter escolhido multimercados menos líquidos.
5. Desempenho: traders e haters de benchmark
“Bater o CDI é muito fácil, quero ver é bater a inflação (ou o IMA-B, o Ibovespa, o dólar...)!”
Com carteiras diversificadas, multimercados devem ter como benchmark o custo de capital do investidor, o que conseguimos ganhar sem correr risco nenhum. No Brasil, comprar Tesouro Selic, remunerando 100% da Selic (e do CDI, são praticamente iguais), é a referência.
É importante deixar claro que isso não depende do cenário. O fato de o IPCA de 10,1% em 2021 ter sido mais do que o dobro do CDI não é um bom argumento para o conceito de custo de capital ser alterado.
Se não defendemos comprar e vender fundos no curto prazo, é muito menos recomendável que o investidor seja trader de benchmark, migrando de um fundo para outro em que pareça mais difícil de bater o benchmark.
Como analistas, uma das coisas que nos preocupamos em uma nova gestora é se, após os dois primeiros anos, os sócios têm conseguido remunerar bem seus analistas, gestores e time de operações. Com um benchmark mais rígido do que deveria, o tiro pode sair pela culatra e a gestora não ser competitiva.
Sobre desempenho, a figura anterior também se encaixa aqui, pois a média da indústria não só bateu o CDI como ganhou com uma folga ainda mais expressiva do IPCA – a linha cinza, bem distante.
Mas a média é... a média. Você deveria buscar os melhores fundos de investimento, aqueles que vão ganhar ainda mais retorno ajustado ao risco no longo prazo.
Um abraço,
Bruno
Felipe Miranda: Um portfólio para qualquer clima ideológico
Em tempos de guerra, os generais não apenas são os últimos a morrer, mas saem condecorados e com mais estrelas estampadas no peito. A boa notícia é que a correção de outubro nos permite comprar alguns deles a preços bastante convidativos.
A temporada de balanços já começa quente: confira o calendário completo e tudo que mexe com os mercados hoje
Liberamos o cronograma completo dos balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana
CNH sem autoescola, CDBs do Banco Master e loteria +Milionária: confira as mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matérias sobre o fechamento de capital da Gol e a opinião do ex-BC Arminio Fraga sobre os investimentos isentos de IR também integram a lista das mais lidas
Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas
Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD
A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais
O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje
Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)
Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos
Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança
Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança
A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje
Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais
Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?
Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas
A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)
A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA
Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje
Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump
100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China
O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim
Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo
Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem
Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?
Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano
ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho
Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office
A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)
No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação
Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe
Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap
Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)
No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell
Rodolfo Amstalden: No news is bad news
Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias
Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)
No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA
