Menos de um mês ou uma eternidade? As tendências para a bolsa e os ativos brasileiros de hoje até o segundo turno das eleições
O resultado primeiro turno da eleição dilui o risco de cauda e impulsiona os ativos locais de maneira consistente

O Brasil digere o resultado das eleições do último domingo e, como se esperava já durante a noite do pleito, quando os resultados começaram a ser apurados, o mercado teve uma excelente reação inicial, a qual pode se manter ao longo das próximas semanas até o segundo turno das eleições de 2022.
A necessidade de uma nova rodada é lida como positiva, uma vez que força Bolsonaro e Lula a moderarem o tom, convergindo para o centro, especialmente Lula, que precisará conversar com o eleitor do Sudeste, podendo apresentar um nome mercadológico para a economia nos próximos 27 dias.
O motivo disso é que, ainda que o ex-presidente seja o favorito (fez 48% no primeiro turno), a eleição está em aberto. O segundo turno é uma nova eleição: mais período de campanha, um comparecimento distinto e mais tempo para algo inesperado acontecer. O jogo pode mudar? Sim, é possível, embora pouco provável.
A composição do Congresso e a reação do mercado
Para os que leram a minha coluna sobre as eleições há pouco mais de um mês, percebem que o cenário base está se confirmando, mas agora com um diluidor de risco considerável. Observe abaixo o belo esquema da Ártica Asset Management sobre a composição do Congresso — mais de 2/3 das cadeiras serão de centro ou de direita.
Mais do que a surpresa com a votação de Bolsonaro, o gráfico acima nos ajuda a entender o motivo de arrefecimento do risco país. A tendência mais conservadora na legislatura impediria qualquer aventura mais heterodoxa de um eventual governo Lula, favorito na disputa de segundo turno, jogando-o para o centro.
Ou seja, mesmo no caso de eleição do ex-presidente Lula, deveria haver muita dificuldade para aprovar pautas que não conversem com a agenda pró-business (em prol das livres forças de mercado e da responsabilidade fiscal) apresentado ao longo dos últimos seis anos, entre o governo Temer e Bolsonaro.
Leia Também
O melhor aluno da sala fazendo bonito na bolsa, e o que esperar dos mercados nesta quinta-feira (18)
Rodolfo Amstalden: A falácia da “falácia da narrativa”
Resultado do primeiro turno destravou valor dos ativos brasileiros
Este entendimento deverá ser mantido durante as próximas semanas, destravando valor, ao menos na margem dos ativos brasileiros. Sabemos que o Brasil está barato, mas valuation não costuma ser driver de curto prazo, precisando de um gatilho para que haja movimentação mais efetiva dos preços. Foi exatamente isso que aconteceu.
A seguir, para ilustrar, o Equity Risk Premium (EQRP) brasileiro, ou o prêmio de risco do mercado de ações, que mede o diferencial entre o Earnings Yield, ou seja, o lucro por ação dividido pelo seu respectivo preço, e a taxa de juros (NTN-B de 10 anos). Quanto maior o EQRP, mais atrativo está o preço.
Neste caso, não me surpreenderia uma alta contínua local, enquanto os investidores estrangeiros ainda estão lidando com os seus próprios problemas.
Claro, teremos os desafios internacionais, com a China enfrentando um grande problema imobiliário, as condições financeiras em âmbito global se apertam a um ritmo alucinante e o rumor de insolvência do Credit Suisse (o boato existe há seis meses). São pontos impeditivos.
- COMBO DAS ELEIÇÕES: essas 3 opções de ações são as mais recomendadas para você buscar lucros durante as eleições, independente do cenário. Libere seu acesso à estratégia completa e gratuita neste link.
O risco ‘Banana Republic’
Por aqui, diante da diluição do risco de uma matriz fiscal mais expansionista, ficamos com a chance de um resultado muito apertado poder abrir caminho para a possibilidade de "Terceiro Turno" ou risco "Banana Republic", com uma contestação mais forte das eleições que viesse a despertar mobilizações de rua e ruídos sobre as instituições.
Sobre este último risco, mesmo que siga presente, o primeiro turno, com a vitória do bolsonarismo no legislativo, mostrou que o cenário de eleições pacíficas é mais provável. Prova disso é o próprio discurso de Bolsonaro depois do pleito, que se mostrou contido ao se dirigir aos próprios apoiadores e à imprensa, sem questionar o sistema eleitoral. Outra sinalização de que os próximos dias devem ser tranquilos.
Dessa forma, diante da diminuição do risco de cauda, com a grande evolução da chance de um governo de centro, a Bolsa brasileira, que já estava atrativa, deverá ficar ainda mais — não conseguiremos enfrentar as mazelas de produtividade de nosso país, mas pelo menos não haverá ameaça às reformas estruturais instaladas até aqui.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
Uma tendência clara
Naturalmente, não estou falando que a Bolsa subirá todos os dias (árvores não sobem até o céu e correções marginais são bem-vindas em processos de alta consistente). Ainda assim, a tendência para as ações me parece clara.
Nas condições atuais, gosto de um combo de caixa (Tesouro Selic rendendo dois dígitos), uma mistura de juro real em diferentes vértices da curva (Tesouro IPCA+ 2026, 2035 e 2055), com carinho especial para os mais longos, Bolsa brasileira e dólar para eventuais surpresas. Pode até haver volatilidade, mas o desfecho deverá ser positivo.
O que a inteligência artificial vai falar da sua marca? Saiba mais sobre ‘AI Awareness’, a estratégia do Mercado Livre e os ‘bandidos’ das bets
A obsessão por dados permanece, mas parece que, finalmente, os CMOs (chief marketing officer) entenderam que a conversão é um processo muito mais complexo do que é possível medir com links rastreáveis
A dieta do Itaú para não recorrer ao Ozempic
O Itaú mostrou que não é preciso esperar que as crises cheguem para agir: empresas longevas têm em seu DNA uma capacidade de antecipação e adaptação que as diferenciam de empresas comuns
Carne nova no pedaço: o sonho grande de um pequeno player no setor de proteína animal, e o que move os mercados nesta quinta (11)
Investidores acompanham mais um dia de julgamento de Bolsonaro por aqui; no exterior, Índice de Preços ao Consumidor nos EUA e definição dos juros na Europa
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)