Diante de uma plateia lotada no primeiro dia da Expert XP 2022, o megainvestidor Howard Marks, da Oaktree Capital — um gestor tão respeitado que até Warren Buffett o considera uma espécie de "guru" —, explicou um dos seus principais mantras: não acredite em previsões sobre a macroeconomia.
"Eu não acredito em previsões, nem mesmo nas minhas. Temos dois tipos de previsores: os que não sabem e os que ainda não sabem que não sabem", disse Marks aos presentes, que pareciam buscar validações para suas próprias teses.
Ele relatou um almoço recente com outros membros do mercado: o anfitrião disse que, nos últimos dois anos, foi preciso lidar com pandemia, guerra na Ucrânia e inflação; ao fim, disse esperar que o futuro fosse melhor para as previsões de mercado.
"E eu pensei: isso não é suficiente para provar que não podemos prever o futuro?", contou o co-presidente da Oaktree.
Mas, se a Oaktree não faz previsões sobre o mercado, como direciona os investimentos? Marks diz que a gestora tem "opiniões" sobre o que vai acontecer, mas as considera imperfeitas.
"Por isso, não apostamos pesado nas nossas opiniões", detalhou.
Howard Marks e as expectativas de inflação
Questionado sobre como está lidando com a inflação, Marks disse ter uma postura benigna: ele busca se posicionar em empresas que têm capacidade de repassar a alta de preços aos consumidores.
O megainvestidor disse, ainda, que o maior problema são as expectativas de inflação — mais do que a inflação por si só.
"É difícil se livrar de expectativas de inflação. Quando as pessoas acreditam que a inflação vai continuar subindo, elas compram agora com receio do preço subir, o que causa um efeito inflacionário", apontou.
Por isso, ele reforça a importância de investir em negócios que consigam manter sua rentabilidade.
O guru de Warren Buffett
Howard Marks foi eleito pelo lendário Warren Buffett como um de seus 'gurus'; as cartas da Oaktree, com reflexões sobre o funcionamento dos mercados e a gestão de riscos, tornaram-se leitura obrigatória em Wall Street — e viraram best seller no mundo dos investimentos, inclusive no Brasil.
Em entrevista ao Financial Times em junho deste ano, Marks disse estar disposto a aproveitar o momento de instabilidade nos mercados globais para ir às compras.
“A maioria das pessoas diria que o maior risco é uma baixa relacionada à inflação e más notícias econômicas. Pela minha experiência, esse é um problema temporário. Acho que o maior risco é não estar no mercado”, afirmou ele, à publicação. “Acho que a ideia de esperar pelo abismo é uma ideia terrível”.