O gerente-executivo de recursos humanos da Petrobras, Cláudio da Costa, foi demitido nesta segunda-feira (29) por ter negociado ações da estatal em período de silêncio, informou a empresa em comunicado ao mercado.
A política de divulgação de fato relevante e de negociação de valores mobiliários veda a compra ou venda dos papéis por pessoas vinculadas a companhia nos 15 dias que antecedem a divulgação de resultados.
O balanço mais recente da Petrobras, do quarto trimestre, foi divulgado em 24 de fevereiro. Na ocasião, a empresa reportou uma alta anual de 635% do lucro, que chegou a R$ 59,9 bilhões, com resultado recorrente superior ao esperado por analistas.
Estatal negou justa causa
Costa também deixa o cargo de Conselheiro de Administração da Transpetro, subsidiária integral da companhia. O executivo será substituído pelo chefe do gabinete da presidência, Pedro Brancante, de maneira interina.
Mais cedo, a petrolífera afirmou por meio de assessoria de imprensa que Costa não havia sido demitido por justa causa, após questionamento da reportagem do Seu Dinheiro.
A revista Crusoé disse que o executivo foi desligado sob suspeita de negociar ações da Petrobras assim que o presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir Roberto Castello Branco da presidência da petroleira.
A suspeita de insider trading (uso de informações privilegiadas) surgiu depois que controles internos da Petrobras identificaram que Costa vendeu as ações da Petrobras em 18 de fevereiro, segundo a publicação. Bolsonaro anunciou a intenção de demitir Castello Branco no dia seguinte.
Desconfiança
A Petrobras passa por um momento de desconfiança por parte do mercado desde a demissão de Castello Branco, por conta da maneira que o processo foi conduzido por Bolsonaro.
A CVM tem quatro processos administrativos abertos desde 20 de fevereiro para avaliar transações especulativas dos dias de crise envolvendo a estatal. A autarquia também analisa reclamações feitas por investidores da petroleira.
Além de eventual "insider", a CVM analisa a divulgação de notícias sobre a destituição do presidente da Petrobras e a conduta da União na qualidade de controladora da estatal e dos administradores da companhia.
A indicação do general Joaquim Silva e Luna e verificação de enquadramento de seu currículo aos requisitos da Lei das Estatais também estão em análise pela autarquia.
Castello Branco fica na presidência da Petrobras até 12 de abril, quando acionistas da estatal se reúnem para avaliar a indicação de Silva e Luna para o cargo.