Inflação desacelera em abril, mas avança 6,7% em 12 meses
Mediana das estimativas do mercado para abril era de 0,29%; resultado foi influenciado pelo aumento do preço de medicamentos
A inflação de abril medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,31%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (11).
O resultado representa uma desaceleração, diante do avanço de 0,93% em março. A mediana das estimativas do mercado para abril era de 0,29%, com intervalo de 0,24% até 0,43%, segundo o Projeções Broadcast.
O desempenho reflete a alta no grupo saúde e cuidados pessoais, de 1,19%, com o aumento dos preços dos produtos farmacêuticos (2,69%) - também o principal impacto no índice geral (0,09 p.p.).
No dia 1º de abril, foi concedido o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos. "Normalmente esse reajuste é dado no mês de abril, então já era esperado", disse o gerente da pesquisa do IBGE, Pedro Kislanov.
Remédios anti-infecciosos e antibióticos aumentaram em 5,20%. Houve alta também nos produtos de higiene pessoal (0,99%), perfumes (3,67%), artigos de maquiagem (3,07%), papel higiênico (2,90%) e produtos para cabelo (1,21%).
Alta de 6,7% em 12 meses
Com o resultado de abril, o índice acumula alta de 2,37% no ano e de 6,76% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta do governo.
A meta é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2022, a meta é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto.
O mercado espera que o IPCA termine este ano a 5,06%, segundo a edição mais recente do boletim Focus, do BC. A projeção para o índice em 2022 é de alta de 3,61%.
Queda dos combustíveis e alta das passagens aéreas
Segundo o IBGE, outro destaque no índice de abril foi o grupo dos transportes, que variou -0,08%, influenciado, principalmente, pela queda nos preços dos combustíveis.
Após 10 meses consecutivos de alta, a gasolina recuou 0,44% em abril. Mas a queda mais intensa no grupo veio do etanol (-4,93%).
Houve uma sequência de reajustes entre fevereiro e março na gasolina, mas no fim de março houve duas reduções no preço desse produto nas refinarias.
Ainda nos transportes, os automóveis novos (1,01%) e usados (0,57%) tiveram alta. E os preços das passagens aéreas (6,41%) subiram pela primeira vez no ano.
Carnes acumulam alta de 35% em 12 meses
O aumento no preço de alimentos como as carnes (1,01%), o leite longa vida (2,40%), o frango em pedaços (1,95%) e o tomate (5,46%) tornou a alimentação no domicílio (0,47%) mais cara do que no mês anterior.
De acordo com o pesquisador do IBGE, as carnes, que acumularam uma alta de 35,05% nos últimos 12 meses, tiveram seus preços aumentados em abril devido principalmente à inflação de custos por causa da ração animal.
"Estamos em um momento em que há uma grande alta no preço das commodities. Nesse caso, principalmente a soja e o milho estão impactando os custos do produtor e isso acaba influenciando o preço final do produto no mercado", disse.
Entre os alimentos que tiveram queda no preço, as frutas (-5,21%) foram o principal destaque. A alimentação fora do domicílio desacelerou (0,23%), após subir 0,89% no mês anterior.
Preço do botijão de gás desacelera
Já o aumento menos intenso do grupo habitação (0,22%), em relação ao mês anterior (0,81%), foi impactado pela desaceleração nos preços do gás de botijão (1,15%), que haviam aumentado 4,98% em março, e pelo recuo de 0,04% da energia elétrica.
A bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,343 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos, foi mantida em abril.
Regiões metropolitanas como Rio de Janeiro (3,63%) e Fortaleza (3,32%) sentiram a alta desse item, ao passo que em outras, como São Paulo (-1,22%) e Porto Alegre (-1,38%), houve redução por causa da diminuição das alíquotas de PIS/COFINS.
Todas as 16 áreas pesquisadas registraram inflação. A maior variação veio de Rio Branco (0,96%), influenciada especialmente pela alta nos produtos farmacêuticos (4,50%). Já o menor índice foi observado em Brasília (0,05%), por conta, principalmente, da queda no preço da gasolina (-1,47%).
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