O que está por trás da ofensiva do governo da China contra os bilionários e detentores de grandes fortunas
Aperto regulatório, medidas contra a formação de monopólios e estímulo à filantropia estão entre as ações adotadas por Pequim para mitigar as desigualdades no país

Xu Jiyain já foi o homem mais rico da China. A fortuna do fundador da Evergrande ainda causa muita inveja por aí, mas pode estar com os dias contados.
Isso porque o governo chinês tem pressionado Xu, também conhecido como Hui Ka Yan em cantonês, a usar sua fortuna pessoal para aliviar a crise do conglomerado.
Com mais de US$ 300 bilhões (quantia equivalente a quase R$ 1,7 trilhão) em dívidas, a Evergrande é considerada a incorporadora mais endividada do mundo.
Prosperidade comum
A pressão do governo chinês ocorre no contexto da implementação da doutrina da prosperidade comum pelo presidente Xi Jinping.
No Ocidente, estamos habituados a ver os bilionários e suas grandes corporações acumularem não apenas inimagináveis fortunas, como também imenso capital político.
Já Pequim tenta fazer frente àquela que é vista como uma das grandes contradições de seu “socialismo com características chinesas”: a desigualdade que torna a China o segundo país com maior número de bilionários no mundo.
Leia Também
Ao mesmo tempo, o governo tenta evitar a formação de grupos de pressão que eventualmente possam vir a interferir nos objetivos traçados em seus minuciosos planos quinquenais.
Não é só com Xu
Xu não é o único - nem foi o primeiro - bilionário a entrar na mira do governo chinês. Jack Ma que o diga.
Ma fez fortuna à frente da Alibaba, um conglomerado de tecnologia que rapidamente cresceu dentro da China e se expandiu para outros países.
Transformado em uma espécie de magnata-celebridade, Jack Ma foi aos poucos colocando as asinhas de fora, especialmente com críticas à legislação chinesa em relação a temas financeiros.
Cortando as asas de Jack Ma
Os comentários não tardaram a ser recebidos como uma indesejada tentativa de interferência nos planos de Pequim. Na primeira oportunidade, o governo não hesitou em cortar as asas de Ma.
No início de novembro de 2020, o IPO do Ant Group na bolsa de valores de Xangai era aguardado com expectativa no mundo dos negócios.
Dedicada à prestação de serviços financeiros digitais, a fintech tem em Jack Ma seu principal sócio.
IPO cancelado e aposentadoria do bilionário
Teria sido a maior oferta pública inicial de ações da história. Se tivesse acontecido. Menos de 48 horas antes do IPO, a autoridade reguladora do mercado de capitais da China cancelou o lançamento das ações na bolsa.
Desde então, as ações do Grupo Alibaba perderam mais de 40% de seu valor. Ainda assim, Jack Ma figura como o quarto homem mais rico da China. Sua fortuna atual é estimada em US$ 42,3 bilhões.
Na esteira do revés financeiro, Jack Ma baixou o tom e sumiu dos holofotes, o que de tempos em tempos alimenta especulações sobre sua situação legal. Na verdade, ele anunciou sua aposentadoria em 2019, quando completou 55 anos.
O bilionário ressurgiu há cerca de duas semanas em Hong Kong e em seguida embarcou numa viagem em família que o levou para a Europa. Confira as imagens no vídeo abaixo:
Segundo país com mais bilionários no mundo
Governada pelo Partido Comunista desde 1949, a China saiu da condição de sociedade predominantemente rural a potência industrial e tecnológica a partir de um projeto de Estado colocado em marcha em 1980.
De 1980 a 2020, 653 milhões de chineses trocaram o campo pelas áreas urbanas e 850 milhões deixaram para trás a linha da pobreza.
Ainda que o processo tenha transcorrido sem que houvesse uma favelização das grandes cidades chinesas, ele não ocorreu sem gerar desigualdades.
A China é o segundo país com mais bilionários no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com 724 na mais recente lista da Forbes, divulgada no início de outubro.
Mesmo em meio à pandemia, o número de bilionários chineses passou de 456 para 698, segundo a Forbes. Trata-se de um aumento de 53%.
Aperto regulatório
É neste contexto que o governo chinês tem atuado para restringir o poder e a influência da parcela mais rica de sua sociedade.
Entre as medidas, Pequim tem promovido apertos regulatório e monetário sobre diversos setores da economia para evitar a formação de monopólios ou oligopólios privados.
Além de incorporadoras como a Evergrande e empresas de tecnologia como a Alibaba, esses apertos abrangem setores como os de educação e serviços de saúde.
Ao mesmo tempo em que essas medidas assustam o público externo, o governo afirma ter a situação sob controle.
É preciso ainda levar em conta que a China é um país de 1,4 bilhão de habitantes. Certamente, situações que estimulem ampla insatisfação social não fazem parte de nenhum plano quinquenal elaborado por lá.
Surto filantrópico dos bilionários
Mais recentemente, um surto de filantropia parece ter acometido os ultra-ricos chineses.
Wang Xing, fundador da empresa de entrega de alimentos Meituan, doou o equivalente a US$ 2,7 bilhões em ações para fins de pesquisa científica e educação.
Colin Huang, fundador da gigante do comércio eletrônico Pinduoduo, doou US$ 1,85 bilhão a um fundo educacional.
He Xiangjian, do império de eletrodomésticos Midea, e o próprio Xu Jiayin, da Evergrande, desembolsaram respectivamente US$ 975 milhões e US$ 370 milhões para ações de mitigação da pobreza, assistência médica e programas culturais.
A lista de doações de bilionários a ações filantrópicas não para neles, mas tem por trás a articulação do governo chinês. O encorajamento às doações está inscrito inclusive no plano quinquenal vigente.
Diante da intenção de estabelecer um estado de bem-estar público na China, o governo do país asiático desenvolveu mecanismos para estimular os bilionários a devolverem parte de suas fortunas à mesma sociedade que os enriqueceu.
E, pelo nível e pela frequência das doações, o plano parece estar funcionando.
Chora mais quem pode menos: os bastidores do encontro de EUA e China que pode colocar fim às tarifas
Representantes de Washington e de Pequim devem se reunir no próximo sábado (10) na Suíça; desfecho das conversas é difícil de prever até mesmo para Trump
Vem coisa boa aí: Nvidia dispara com chance de revogação de restrições aos chips por Trump
Governo norte-americano estuda não aplicar a chamada regra de “difusão de IA” quando ela entrar em vigor, no próximo dia 15, animando o mercado de chips de inteligência artificial
Governo pode usar recursos do Tesouro para bancar fraude do INSS? Veja o que já se sabe até agora
A estimativa é que cerca de 4,1 milhões de beneficiários do INSS tenham sido atingidos por descontos indevidos, com prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024
Como ver a Aurora Boreal? Especialistas detalham a viagem ideal para conferir o fenômeno
Para avistar as luzes coloridas no céu, é preciso estar no lugar certo, na hora certa — e contar com a sorte também
Magalu (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) devem ter resultados “decentes”, enquanto Mercado Livre (MELI34) brilhará (de novo)
O balanço das varejistas nacionais no 1T25 pode trazer um fio de esperança para Magazine Luiza e Casas Bahia, que têm sofrido nos últimos trimestres
Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do BC, explica por que o Copom não vai antecipar seus próximos passos na reunião de hoje
O executivo, que hoje é chairman da JiveMauá, acredita em um aumento de meio ponto percentual nesta reunião do Copom, sem nenhuma sinalização no comunicado
Um novo CEO para a Berkshire Hathaway: conselho elege Greg Abel ao cargo em 2026, mas Warren Buffett seguirá como presidente
O “Oráculo de Omaha” deixou claro que a palavra final sobre as operações da empresa e a aplicação de capital caberia a Abel quando a transição ocorresse
Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços
Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques
Agenda econômica: temporada de balanços esquenta em semana de Super Quarta; veja os principais eventos
Calendário dos próximos dias traz as primeiras decisões de política monetária no Brasil, nos Estados Unidos e no Reino Unido após as tarifas recíprocas de Donald Trump
Pódio triplo: Itaú (ITUB4) volta como ação mais recomendada para maio ao lado de duas outras empresas; veja as queridinhas dos analistas
Dessa vez, a ação favorita veio acompanhada: além do Itaú, duas empresas também conquistaram o primeiro lugar no ranking dos papéis mais recomendados para maio.
Trump diz que TikTok tem ‘um lugar especial em seu coração’ e sinaliza (mais uma) prorrogação no prazo para venda das operações nos EUA
Essa não é a primeira vez que o presidente norte-americano dá uma colher de chá para a ByteDance, dona do TikTok. Trump já adiou o prazo duas vezes
Trump descarta demissão de Powell, mas pressiona por corte de juros — e manda recado aos consumidores dos EUA
Em entrevista, Trump afirmou que os EUA ficariam “bem” no caso de uma recessão de curto prazo e que Powell não reduziu juros ainda porque “não é fã” do republicano
Starbase: Elon Musk vence votação e cria a primeira cidade corporativa do mundo em região de lançamentos da SpaceX
A proposta foi aprovada por uma margem ampla entre o pequeno grupo de eleitores que são, em sua maioria, funcionários de Elon Musk
Criptoativos de renda fixa: tokens de crédito privado oferecem retorno de até CDI+4% ao ano; é seguro investir?
Empresas aproveitam o apetite do investidor por renda fixa e aumentam a oferta de criptoativos de dívida, registrados na blockchain; entenda os benefícios e os riscos desses novos investimentos
Warren Buffett (finalmente) fala: qual a visão do ‘Oráculo de Omaha’ sobre os EUA hoje e a guerra comercial travada por Donald Trump
A reunião anual dos acionistas da Berkshire Hathaway, que acontece neste fim de semana, atraiu os olhares atentos de milhares de investidores querendo descobrir o que o “Oráculo de Omaha”, como Buffett é conhecido, pensa sobre as tarifas de Donald Trump e a economia dos EUA
Warren Buffett não foi às compras: Berkshire Hathaway tem caixa recorde de US$ 347,7 bilhões no primeiro trimestre; lucro cai 14%
Caixa recorde indica que Buffett não aproveitou a queda do mercado de ações no primeiro trimestre para aplicar o dinheiro em novas oportunidades
Haddad viaja à Califórnia para buscar investimentos para data centers no Brasil
Nos EUA, Haddad se encontrará com executivos de Google, Nvidia e Amazon; ministro também irá ao México aprofundar relações bilaterais
China será a grande vencedora do desarranjo econômico global provocado por Donald Trump, diz Panamby Capital
Relatório da gestora destaca desorganização gerada pelas tarifas de Trump, crescimento da influência chinesa e boas perspectivas para Brasil e ativos emergentes.
Apple estima impacto de US$ 900 milhões no trimestre até junho com tarifas impostas por Trump
Mesmo com resultados positivos no último trimestre, gigante da tecnologia alerta para impacto bilionário até junho com as tarifas de Trump
Quais bilionários mais ganharam e mais perderam em abril? Dono da Zara foi destaque de ganhos e gigantes da tecnologia viram suas fortunas diminuir
Volatilidade das ações no mês fez vencedores e perdedores até mesmo entre os bilionários; confira o saldo de abril, segundo a Forbes