A cadeia de suprimentos sempre foi preponderante nas estratégias das empresas. Em momentos de crise, onde as margens para erros se tornam menores, o papel do supply chain se faz ainda mais fundamental. Diante desse cenário, a tendência do Supply Chain Network (SCN) vem ganhando força.
Por definição, Supply Chain Network exige que a cadeia de suprimentos seja mais conectada, criando uma verdadeira rede na qual são realizadas parcerias, análises e novas estratégias para o desenvolvimento do negócio. O objetivo é gerar valor, principalmente, para o último elo da cadeia: o consumidor final.
É a partir da metodologia SCN que muitas companhias elevam a qualidade da sua cadeia de suprimentos, desenvolvendo uma visão macro, englobando outras organizações, fluxos e avaliações em seus processos.
O foco é prover mais visibilidade, para maior integração, melhor planejamento e uma reposição mais assertiva para que não falte produto na prateleira, nem haja um excesso de itens no estoque, por exemplo. Situações como essas acabam causando prejuízos financeiros e reputacionais às empresas.
Uma pesquisa da McKinsey & Company, publicada na Fortune, revelou que a cada dois anos ocorre um grande acontecimento que interrompe o fornecimento de materiais e compromete a produção da manufatura por uma ou duas semanas, o que é um tempo considerável.
Além disso, o estudo diz que, ao longo de uma década, as empresas devem esperar que essas interrupções eliminem, no mínimo, meio ano de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Isso implica na necessidade de mudança de comportamento. Os possíveis impactos do que antes era tratado como inesperado, mas que hoje precisa ser considerado como provável.
O mercado tem chamado isso de migração do sistema “just in time” para o “just in case”. Partindo dessa premissa, pensar em suprimentos como uma rede, na qual a demanda real é quem manda na cadeia, redefinirá a lógica do reabastecimento de todas as indústrias.
A tecnologia, novamente, se mostra essencial ao processo de implementação dessa nova cultura.
Apenas por meio dela é possível monitorar, comparar e mensurar, em tempo real, a eficácia da interoperabilidade dos processos e empresas — considerando o desempenho de cada agente em sua respectiva etapa com subsídios informativos estratégicos para tomadas de decisão mais precisas.
Atualmente, atender as demandas do cliente, respeitando prazos, mantendo a disponibilidade de produtos e superando as expectativas, exige um esforço de gestão muito maior por parte da indústria e do varejo.
Para isso, mais uma vez torna-se imprescindível o uso da tecnologia na coleta, organização e aproveitamento das informações. Com soluções de big data e inteligência artificial, as companhias conseguem desenvolver, e muitas vezes aprimorar, um planejamento estratégico para alcançar os resultados almejados.
Esse tipo de movimento permite, por exemplo, criar linhas de produtos, ativar promoções, explorar novas praças e definir um cronograma otimizado de reposição dos pontos de vendas (PDV).
Cerca de 90% dos participantes da pesquisa elaborada pela McKinsey & Company relataram que planejam tomar medidas para transformar suas cadeias de suprimentos mais resilientes. E metade deles disse estar disposta a priorizar a flexibilidade em vez da lucratividade de curto prazo.
Alguns investimentos são necessários para aumentar as chances de se manter vivo em um mercado cada vez mais competitivo. Miguel Abuhab, fundador e presidente do conselho da Neogrid, diz que “inovar é fazer hoje aquilo que ontem era impensável, de maneira que amanhã seja indispensável”.
É exatamente o que prevemos para a Supply Chain Network. Algo até então pouco praticado, mas com o potencial de impactar na qualidade de entrega, custos operacionais e, o mais importante, na experiência positiva do cliente que, no final das contas, é o que vai definir o sucesso, ou não, daquele negócio.